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sexta-feira, abril 19, 2019

Dia do Índio é data 'folclórica e preconceituosa', diz escritor indígena Daniel Munduruku




Doutor em educação pela USP e indígena, Daniel Munduruku diz que a data comemorativa ajuda a cimentar preconceitos sobre os povos tradicionais, e poderia ser substituída pelo dia da Diversidade Indígena.

Daniel Munduruku, pós-doutor em linguística, sugere criação do Dia da Diversidade Indígena — Foto: Divulgação

Daniel Munduruku, pós-doutor em linguística, sugere criação do Dia da Diversidade Indígena — Foto: Divulgação.


Por BBC


 
"Ao longo da nossa conversa, como o senhor prefere ser chamado: 


Daniel ou Munduruku?", questionou a BBC News Brasil ao entrevistado. "Pode chamar de Daniel ou de Munduruku. 


Como preferir. 


Só não chama de índio", disse, dando risada, o escritor. 



Doutor em educação pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos, Daniel Munduruku defende que a palavra "índio" remonta a preconceitos - por exemplo, a ideia de que o indígena é selvagem e um ser do passado - além de "esconder toda a diversidade dos povos indígenas". 

Por isso, "quando a gente comemora o Dia do Índio, estamos comemorando uma ficção", fala Munduruku, a respeito do 19 de abril. 


Reflexo disso são celebrações da data feitas por escolas, com uma "figura com duas pinturas no rosto e uma pena na cabeça, que mora em uma oca em forma de triângulo". 


"É uma ideia folclórica e preconceituosa." 

"A palavra 'indígena' diz muito mais a nosso respeito do que a palavra 'índio'. 


Indígena quer dizer originário, aquele que está ali antes dos outros", defende Munduruku, que pertence ao povo indígena de mesmo nome, hoje situado em regiões do Pará, Amazonas e Mato Grosso.
As palavras 'índio' e 'indígena' não querem dizer a mesma coisa. E o termo 'índio' está hoje ligado à 'preguiça, selvageria e atraso', diz Daniel — Foto: Prefeitura de Bertioga/Divulgação
As palavras 'índio' e 'indígena' não querem dizer a mesma coisa. E o termo 'índio' está hoje ligado à 'preguiça, selvageria e atraso', diz Daniel — Foto: Prefeitura de Bertioga/Divulgação.

"Talvez o 19 de abril devesse ser chamado de Dia da Diversidade Indígena. 


As pessoas acham que é só uma questão de ser politicamente correto. 


Mas, para quem lida com palavra, sabe a força que a palavra tem", continua o escritor, autor de mais de 50 livros para crianças, jovens e educadores.

Leia abaixo a entrevista de Daniel Munduruku para a BBC News Brasil sobre o 19 de abril:


BBC News Brasil - Qual o problema da palavra "índio"?

 
Daniel Munduruku - Do meu ponto de vista, a palavra índio perdeu o seu sentido. 


É uma palavra que só desqualifica, remonta a preconceitos. 


É uma palavra genérica. 


Esse generalismo esconde toda a diversidade, riqueza, humanidade dos povos indígenas. 

Quando a gente usa a palavra índio, estamos nos reportando a duas ideias. 

Uma é a ideia romântica, folclórica. 


É isso que se comemora no dia 19 de abril. 


Aquela figura do desenho animado, com duas pinturas no rosto e uma pena na cabeça, que mora em uma oca em forma de triângulo. 


Há a percepção de que essa é uma figura que precisamos preservar, um ser do passado. 


Mas os indígenas não são seres do passado, são do presente. 

A segunda ideia é ideologizada. 


A palavra índio está quase sempre ligada a preguiça, selvageria, atraso tecnológico, a uma visão de que o índio tem muita terra e não sabe o que fazer com ela. 


A ideia de que o índio acabou virando um empecilho para o desenvolvimento brasileiro. 

BBC News Brasil - Então, deveríamos abandonar a palavra "índio" e usar "indígena"?


Munduruku - Uma palavra muda tudo? 


Sim, uma palavra muda muito. 


Nos meus vídeos e palestras, eu tenho sempre feito uma separação fundamental entre "índio" e "indígena". 


As pessoas ainda pensam que índio e indígena é a mesma coisa. 


Não é. 


O próprio dicionário diz isso. 

A palavra indígena diz muito mais a nosso respeito do que a palavra índio. 


A palavra índio gera uma imagem distorcida. 


Já indígena quer dizer originário, aquele que está ali antes dos outros. 

Ah, então eu nasci em São Paulo, eu sou indígena? 


Não, você é nativo. 


Para ser originário precisa ter um pertencimento a um povo ancestral.


O antônimo (contrário) de indígena é alienígena, aquele que vem de fora. 


Então, eu uso indígena para reforçar o fato de que somos originários. 

Além disso, eu não sou um indígena qualquer. 


Eu tenho um lugar de pertencimento: Munduruku. 


É importante reforçar a identidade dos povos. 

BBC News Brasil - No Brasil, ainda é muito raro tratarmos os povos pelo nome. Por quê?

 
Munduruku - É muito mais fácil usar uma palavra genérica do que efetivamente dar aos povos indígenas o peso da sua identidade. 


Identificar os diferentes povos indígenas significa garantir a eles direitos e políticas específicas, não políticas genéricas. 

BBC News Brasil - Você já disse que o Dia do Índio, comemorado hoje, 19 de abril, é "uma farsa".

 
Munduruku - Quando a gente comemora o Dia do Índio, estamos comemorando uma ficção, uma ideia folclórica e preconceituosa. 

Por isso, quase sempre as comemorações desta data feitas nas escolas reproduzem o estereótipo. 


Mas, se nós continuamos tratando isso como ficção, vamos continuar deseducando nossas crianças.
'Comemorações feitas em escolas reproduzem um estereótipo', diz o acadêmico e escritor — Foto: Joilson César / Ag Haack 'Comemorações feitas em escolas reproduzem um estereótipo', diz o acadêmico e escritor — Foto: Joilson César / Ag Haack.

Talvez a data devesse ser chamada de Dia da Diversidade Indígena. 


As pessoas acham que é só uma questão de ser politicamente correto. 


Mas, para quem lida com palavra, sabe a força que a palavra tem. 


Tanto que apelido tem uma força destruidora - e "índio" é, de certa forma, um apelido. 

Um Dia da Diversidade Indígena teria um impacto semelhante ao Dia da Consciência Negra, que gerou uma mudança absolutamente significativa.

BBC News Brasil - Então, como deveria ser lembrado o dia 19 de abril?

 
Munduruku - A sugestão que eu sempre faço para escolas é que a gente possa deixar de usar o 19 de abril como uma data comemorativa.


É uma data para a gente refletir. 


Deve gerar nas pessoas um desejo de conhecer, de entrar em contato com essa diversidade dos povos indígenas. 

BBC News Brasil - Ainda há muito estereótipo no 19 de abril, ou já houve uma mudança?

 
Munduruku - Houve um avanço muito grande na sociedade. 


Mas, sem dúvida nenhuma, hoje ainda se reproduz muito desse imaginário do "índio". 


E isso acontece por causa da escola. 


A escola é a última instituição a se atualizar. 

O que acabou ajudando na atualização dos professores foi a lei 11.645, de 2008, que obrigou que a temática indígena saísse do 19 de abril e se tornasse parte de algumas disciplinas escolares. 


Isso criou condições para os professores se atualizarem, porque obrigou os governos a comprarem livros, oferecerem cursos… 

BBC News Brasil - Como foi o seu processo de se reconhecer como indígena e Munduruku?



Munduruku - Eu nasci em 1964, ano do golpe. 


Em 1967, os militares criaram a Funai, que tinha entre suas prioridades nos tornar civilizados. 


Isso significava apagar nossa história, nossa identidade. 


É nesse momento que eu fui para escola. 


Eu sofri muito bullying, muita violência moral. 


E isso criou em mim uma espécie de ojeriza pela minha identidade Munduruku. 

BBC News Brasil - Como era o bullying na escola?

 
Munduruku - O bullying é uma forma de criar na gente uma repulsa por aquilo que somos. 


Na escola, me chamavam de índio de uma forma pejorativa. 


Dizendo que índio é bicho, é selvagem. 


Não queriam fazer atividade comigo porque índio não é inteligente. 

Parte do ano escolar eu vivia na cidade - essa era uma das estratégias da Funai naquela época, tirar a gente do convívio com a comunidade, para não falar a língua indígena, não conviver com rituais. 

Já nas férias escolares, a gente voltava para a aldeia. 


Mas, algumas vezes, a gente nem queria mais ir para aldeia, com uma certa rejeição à nossa própria cultura. 


Quem abriu em mim outra perspectiva foi meu avô. 


Ele me fez aceitar minha identidade Munduruku e gostar de ser quem eu era. 

BBC News Brasil - O mês de abril, por conta do Dia do Índio, costumava ser um momento em que o governo federal anunciava medidas ligadas aos povos indígenas - por exemplo, a demarcação de terras. 


Qual sua perspectiva para este ano?


Munduruku - O presidente Jair Bolsonaro já declarou que não entende absolutamente nada de povo indígena. 


A Força Nacional acaba de ser convocada para ir para Brasília e coibir qualquer tipo de manifestação do movimento indígena nos próximos dias - que é quando vai ocorrer o Acampamento Terra Livre (assembleia de povos indígenas do Brasil, convocada para 24 a 26 de abril, na capital federal). 

Em uma de suas transmissões ao vivo (no Facebook), o presidente disse que quer saber de onde vem o dinheiro para reunir 10 mil indígenas no Acampamento Terra Livre, disse que essa farra vai acabar. 


Mas o próprio movimento indígena já respondeu que o governo não dá nenhum tostão para mobilização indígena.
Exposição em São Paulo mostra em fotos dia a dia dos índios ianomâmi — Foto: Reprodução/JN
Exposição em São Paulo mostra em fotos dia a dia dos índios ianomâmi — Foto: Reprodução/JN.

Eu não quero ser profeta do caos. 


Mas minha perspectiva é que as coisas vão piorar para os povos indígenas nesse governo. 


Que o governo não vai fazer absolutamente nada favorável aos indígenas. 


Mas vai dizer que vai fazer, por exemplo, que vai abrir terra indígena para exploração mineral e que isso é positivo porque os indígenas querem ser iguais aos outros brasileiros. 


E uma parte da população vai acreditar nesse discurso vazio. 

BBC News Brasil - Por quê?

 
Munduruku - Somos brasileiros como todos os outros e temos direito como todos os outros. 


Mas, no Brasil, quando se fala em direito, as pessoas quase sempre pensam em privilégios. 


Esse governo tem repetido que o índio precisa ser igual a todos os brasileiros. 


Quando diz isso, está falando em acabar com os direitos que os indígenas possuem e que foram conquistados legitimamente na Constituição brasileira. 

BBC News Brasil - Recentemente, em um debate no Congresso, a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) questionou por que os índios "continuam miseráveis", se "têm em torno de 13% do território nacional, dinheiro destinado, política pública destinada". 


O que o senhor achou disso?

 
Munduruku - Uma coisa são as pessoas que realmente vivem na faixa da miséria. 


Outra coisa é chamar de miserável o indígena, que tem uma cultura milenar. 

Quando a gente pensa que uma pessoa é miserável porque ela não é como a gente, porque ela não frequenta shopping center, a gente está sendo não apenas preconceituoso, mas racista. 


Essa senadora está julgando as culturas indígenas a partir dos parâmetros de riqueza que ela tem. 


Portanto, nem mereceria ser senadora. 

BBC News Brasil - 


Qual o papel da literatura na mudança da visão do indígena pela sociedade?
Munduruku 


- A literatura é um instrumento superinteressante de construção de lugares de fala. 


Tem esse componente muito positivo de alimentar nas pessoas outros olhares, outras facetas da existência. 

A literatura que eu faço é comprometida, minha forma de ser militante no movimento indígena. Eu tento usar a literatura para poder falar das nossas culturas. 


A literatura é fundamental para a gente ir desconstruindo esses estereótipos sobre os povos indígenas e ir construindo uma percepção diferente.

Se MP não oferecer denúncia, STF tem que arquivar inquérito sobre ofensas, diz Ayres Britto




Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal afirma que promover ação penal é competência privativa do Ministério Público. Inquérito foi aberto 'de ofício' pelo presidente do STF, Dias Toffoli.

 

Por G1 — Brasília
Ex-presidente do STF Ayres Britto diz que foi configurada censura
Ex-presidente do STF Ayres Britto diz que foi configurada censura.

O ministro aposentado Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta sexta-feira (19) em entrevista à GloboNews que, se a Procuradoria-Geral da República não oferecer denúncia, o inquérito instaurado para apurar ofensas e ameaças a integrantes do STF tem de ser arquivado.

De acordo com Ayres Britto, promover ação penal é competência privativa do Ministério Público e "não se pode obrigar o Ministério Público a denunciar". 

A polêmica acerca do inquérito foi motivada pelo fato de o procedimento ter sido aberto "de ofício" pelo presidente do STF, Dias Toffoli


Com base no inquérito, o relator escolhido por Toffoli, ministro Alexandre de Moraes, determinou buscas e apreensões nas residências dos apontados como autores das ofensas e ameaças e censurou os sites "O Antagonista" e da revista "Crusoé" – nesta quinta, ele revogou a censura

"Não se pode obrigar o Ministério Público a formular, formalizar uma denúncia perante o Judiciário.


Portanto, a última palavra – embora o Ministério Público não decida; a decisão é do Judiciário – mas essa não propositura da ação cabe ao Ministério Público.


E não há o que fazer: é arquivar o processo", declarou Ayres Britto.


Para o ex-presidente do STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, "não pode ser obrigada a promover a ação penal se assim concluir o inquérito, entre aspas, no Supremo Tribunal Federal. 


Aí o que vai fazer o Supremo? 


Se acatar a manifestação final do Ministério Público". 

Dodge chegou a enviar um documento para o Supremo defendendo o arquivamento do inquérito


Mas Alexandre de Moraes rejeitou o arquivamento sob o argumento de que a PGR não é parte do inquérito – porque a investigação foi aberta diretamente pelo Supremo. 

"Se o Ministério Público insistir nesse pedido significa que o Ministério Público não promoverá a ação penal pública. 


Ele não exercitará a competência que lhe foi outorgada pelo artigo 129, inciso 1 da Constituição, que é a titularidade privativa da promoção da ação penal pública", afirmou Ayres Britto. 

Na avaliação de Ayres Britto, o ministro Dias Toffoli acabará submetendo o assunto ao plenário do Supremo. 


"O conjunto da obra do Supremo é precioso. 


Então, o Supremo saberá decidir da melhor maneira possível, à luz do direito positivo, a partir da Constituição", declarou. 


"O Supremo, o guardião-mor da Constituição, dará a última e abalizada palavra sobre esse rumoroso caso", complementou. 

Em relação ao episódio envolvendo os dois sites que tiveram de retirar do ar uma reportagem por ordem do ministro Alexandre de Moraes, Ayres Britto entende que se configurou censura. 

"A censura no Brasil está definitivamente banida. 


Não há possibilidade de censurar nenhum órgão de comunicação social. 


A Constituição, a partir do artigo 220, diz que nenhuma lei, parágrafo 1º, conterá dispositivo que possa causar embaraço à plena liberdade de informação jornalística", disse. 

Para Ayres Britto, a liberdade de informação jornalística "é a maior de todas as liberdades porque caracterizada pela plenitude. 


E a Constituição não usaria à toa, levianamente, o adjetivo 'pleno' para qualificar matéria tão fundamental". 

Outras manifestações.

 

O ex-corregedor-geral de Justiça e ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp criticou o fato de o presidente do STF ter determinado a abertura de um inquérito que tem contorno de direito penal. 

Na avaliação de Dipp, tão logo instaurou a investigação e designou o relator do caso, Toffoli deveria ter encaminhado o inquérito ao Ministério Público ou à polícia. 


Para ele, a abertura do inquérito foi uma "aberração". 

O ex-corregedor disse que medidas tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes, como a expedição de mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos de distribuir informações falsas e ofensas contra magistrados da Suprema Corte uma "evidente incidência de abuso de autoridade". 

Ele também criticou a decisão de Alexandre de Moraes de censurar reportagem da revista "Crusoé" e do site "O Antagonista". 


Na visão do ministro aposentado do STJ, o episódio deu brecha para "o maior ataque" ao Supremo no período democrático. 

"Eu nunca vi coisa igual. 


O Supremo se autoflagelou com uma medida autoritária. 


A instituição está maculada, e ponto final", enfatizou. 

Para o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, o inquérito deve ser arquivado. 

"Entendemos que o inquérito precisa caminhar com absoluta sintonia com a Constituição e as leis. 


Entendemos o pano de fundo que o inquérito brotou: as manifestações indevidas contra o Supremo. 


Mas nos manifestamos pela necessidade de aperfeiçoamento dessa resposta do Supremo . 


Queremos todos alcançar o mesmo resultado, que é não permitir ataques injustos ao STF. Mas o modo precisar respeitar a legalidade. 


Sou a favor do arquivamento, endosso inteiramente a manifestação da procuradora-geral", afirmou Maia. 

Questionado se houve desrespeito por parte do ministro Moraes ao negar o arquivamento defendido por Dodge, Maia afirmou que respeito e prudência são matérias "escassas" hoje em dia. 

“Olha o que posso dizer é que uma matéria escassa hoje em dia é prudência. 


Outra mais escassa ainda é respeito. 


E a procuradora-geral tem imenso estoque de prudência e respeito ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou. 

Um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que conversou com o G1 na condição de não ter o nome revelado, afirmou que o inquérito não reúne as condições para seguir adiante. 

"Penso que não há como ir adiante porque o MP, através da Procuradora Geral, já se manifestou pela imprestabilidade das provas . 


Sem provas mínimas lícitas, não há investigação que vá adiante", afirmou. 

Para o professor de direito constitucional Eduardo Mendonça, "por mais grave que seja um crime contra o Supremo Tribunal Federal e contra seus ministros, a investigação e a acusação, em princípio, deveriam permanecer com a autoridade policial, com o MP, que certamente se empenharão em levar uma investigação como essa adiante, com o máximo de eficiência e zelo, compatível com a gravidade dos crimes de que se cogita". 

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, disse que a repercussão em torno da abertura do inquérito e da censura imposta aos sites, mostrou que a sociedade "não aceita o inaceitável". 

“Neste momento pelo qual o Brasil está passando, eu acho importante ter uma atitude positiva e construtiva. 


Por isso, não gostaria de atirar pedras. 


De bom, desse episódio, o que se extrai é a existência de uma sociedade mais consciente e mobilizada, que se manifesta livremente, não aceita o inaceitável e obriga as instituições a se repensarem e se tornarem mais responsivas. 


O momento parece muito difícil, mas ele representa o nosso amadurecimento democrático”, disse o ministro. 

Para ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, o tema deve ser discutido no plenário do STF. 


Ele afirmou ainda que tem uma visão "mais limitativa" da possibilidade de um ministro conduzir um inquérito. 

"A minha interpretação do Regimento Interno do STF é mais limitativa do alcance do inquérito a ser conduzido por um magistrado, ainda mais quando inexistente o contraditório e não se está claro o papel do julgador. 


Mas também acho um bom tema para o pleno do STF analisar, pois os inquéritos secretos e abusivos foram e estão sendo utilizados no Brasil", disse Britto.
Censura a dois sites provocou críticas de vários setores da sociedade
Censura a dois sites provocou críticas de vários setores da sociedade.

'Toda censura é mordaça e toda mordaça é incompatível com a democracia', diz Cármen Lúcia



A ministra Carmen Lúcia criticou nesta quinta-feira a decisão do Supremo de censurar reportagem que desagradou o presidente da Corte, Dias Toffoli Foto: Jorge William / Agência O Globo
A ministra Carmen Lúcia criticou nesta quinta-feira a decisão do Supremo de censurar reportagem que desagradou o presidente da Corte, Dias Toffoli Foto: Jorge William / Agência O Globo.


Ministra, que antecedeu Toffoli no comando do STF, criticou decisão do Supremo que censurou reportagem publicada na revista eletrônica "Crusoé"; veto a conteúdo jornalístico foi revogado nesta quinta pelo ministro Alexandre de Moraes

BRASÍLIA – Depois de o ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, divulgar nesta quinta-feira uma longa nota condenando a censura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes à revista eletrônica “Crusoé” e ao site “O Antagonista”, a ministra Cármen Lúcia, ex-presidente da Corte, também criticou as restrições impostas às duas empresas de comunicação.

Ao GLOBO, a ministra – que costuma dizer que “o cala boca já morreu" quando questionada sobre a liberdade de noticiar da imprensa – se associou às palavras de Celso de Mello e disse que “toda censura é incompatível com a democracia”, até mesmo a decretada pelo seu colega de Corte, o ministro Alexandre de Moraes. 


– Concordo com o que ele (Celso de Mello) falou. 


Aliás, como sempre falei, toda censura é mordaça e toda mordaça é incompatível com a democracia. 


Foi muito bom o decano ter falado sobre isso. 


Ele tem um compromisso enorme com estes princípios (liberdade de expressão e de imprensa) – disse Cármen. 


Em comunicado divulgado nesta quinta, Celso de Mello afirmou que a censura imposta pelo Supremo aos sites é "prática ilegítima e intolerável". 


Para o decano, no Estado Democrático de Direito "não há lugar possível para o exercício do poder estatal de veto (...) à transmissão de informações e ao livre desempenho da atividade jornalística". 


Relator do inquérito aberto pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, para investigar ataques aos integrantes do tribunal, o ministro Alexandre de Moraes determinou aos sites a retirada do ar da reportagem que reproduzia a explicação dada pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht em um inquérito da Lava-Jato sobre um e-mail em que Dias Toffoli era tratado pelo codinome “O amigo do amigo do meu pai”.


A ministra disse que sempre considerou a liberdade de expressão um valor fundamental. 
 
 
Agora, que a questão voltou ao debate público, não poderia ser diferente. 
 
 
Por isso, ela considera importante a declaração do decano. 
 
 
Um outro ministro, ouvido pelo GLOBO, também endossou a nota de Celso Mello, mas preferiu não participar das discussões publicamente. 
 
 
Pelo menos não neste momento.

– Tenho absoluta certeza de que, se há algo que preservei (durante a gestão dela à frente do STF), foi a
liberdade de expressão – disse a ex-presidente do tribunal.

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Médica é afastada no 1º dia de trabalho, após atender jovem com perfuração no pulmão em UPA e mandá-lo para casa em MT


Paciente foi levado novamente à unidade de saúde e outro médico diagnosticou a perfuração. Jovem continua internado e, segundo a família, estado de saúde é grave.

 

 

Por Bruno Bortolozo, TV Centro América
Aluno de 18 anos foi esfaqueado nas costas — Foto: PM-MT/ Divulgação
Aluno de 18 anos foi esfaqueado nas costas — Foto: PM-MT/ Divulgação.

Uma médica foi afastada das funções que exerce em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, após atender um jovem de 18 anos que estaria com uma perfuração no pulmão e liberá-lo


O G1 não conseguiu contato com a médica, nem com a defesa dela. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o fato ocorreu no primeiro dia de trabalho dela, naquela unidade. 

O jovem procurou a unidade depois de ter recebido uma facada nas costas, na terça-feira (16). 


O golpe teria sido desferido por um adolescente de 15 anos. 


A agressão ocorreu próximo à escola onde os dois estudam, no Bairro Rota do Sol. 

De acordo com o secretário de Saúde, Luís Fábio Marchioro, a médica atendeu o adolescente, fez um curativo e o mandou para casa. 


Mais tarde, ainda sentindo dores, o jovem voltou à UPA e foi atendido por outro profissional. 

No segundo atendimento, o médico teria diagnosticado uma possível perfuração no pulmão e hemorragia. 


Assim, o paciente foi encaminhado para o Hospital Regional de Sorriso. 

Segundo a família, o estado de saúde do menino é grave. 

O secretário também lamentou o fato e confirmou o afastamento da profissional por tempo indeterminado. 



COMENTÁRIO:


80% desses profissionais de medicina no Brasil só estudam para passarem de ano, pouco aprendem da profissão que escolheram, porque o maior interesse deles é ostentarem o título de "Doutor" sem ter concluído a pós graduação em DOUTORADO. 

É nisso que dá: 

profissionais medíocres e incompetentes.

  

Valter Desiderio Barreto.

Barretos, São Paulo, 19 de abril de 2019.

Professor é demitido após crítica a Bolsonaro durante aula em escola de São José; veja vídeo




No vídeo, que viralizou nas redes sociais e foi filmado por um estudante sem o consentimento do educador, ele fala sobre a eleição, faz críticas à escolha dos eleitores e ao presidente.

 

 

Por G1 Vale do Paraíba e Região
Professor é demitido de colégio em São José após aula com crítica a Bolsonaro
Professor é demitido de colégio em São José após aula com crítica a Bolsonaro.

Um professor de geografia foi demitido na quarta-feira (17) depois que um vídeo de uma aula, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e à escolha dos eleitores, viralizou na web. 


Ele era docente de uma escola particular, uma das mais tradicionais de São José dos Campos (SP). 

A imagem foi gravada na última terça (16) por um estudante sem o consentimento do professor. 


Na aula, o educador inicia o discurso tratando da eleição e faz criticas contra o presidente e as políticas de governo. 


A aula seria em uma classe de ensino médio. 

"já parou pra pensar que esse imbecil que ganhou porque foi a maioria que votou? 


Então foi democrático, certo? 


[...] Mas sabe o que é pior? 


É quando a maioria que ganhar quer que a outra parte se f*. 


Se a maioria ganha e quer ajudar o resto, é uma coisa, mas quando a maioria ganha e quer que o preto se ferre, o pobre se ferre, o gay se ferre e a mulher se ferre, aí é pior que uma ditadura", disse o professor aos alunos. 

Em dois momentos do vídeo, que tem pouco mais de um minuto e meio, alunos tentam timidamente rebater o professor, mas ele não dá oportunidade. 

O professor também citou o discurso da primeira-dama Michelle Bolsonaro na posse do presidente. 


"Lembra que a mulher dele foi lá, linda fazer discurso pra surdo? 


O que ele fez no dia seguinte? 


Ele excluiu a pasta que cuida dos direitos de todos os surdos", disse.

Ele criticou quem achou 'bonito' o ato da esposa de Bolsonaro. 


"Sua mãe não pirou? 


O seu pai: ‘Olha a mulher do presidente fala até em libras’. 


Mas no dia seguinte ele foi lá e cortou”, concluiu. 

O professor é procurado pelo G1, mas não foi localizado até a publicação desta reportagem.
Vídeo foi gravado em sala de aula de escola particular em São José — Foto: Divulgação/Poliedro
Vídeo foi gravado em sala de aula de escola particular em São José — Foto: Divulgação/Poliedro.

O que diz a escola.

 

Por meio de nota, o Poliedro, cuja unidade fica em região nobre de São José, informou que as diretrizes do colégio são amplamente esclarecidas no processo de contratação de professores e também durante as reuniões pedagógicas. 


"A instituição zela pelo ambiente de aprendizagem e estabelece regras para professores e alunos", diz trecho. 

Segundo a assessoria de imprensa, as orientações incluem usar uma linguagem adequada ao ambiente acadêmico e também são feitas indicações explícitas sobre o não posicionamento político-partidário ou ideológico que possa provocar qualquer compreensão equivocada sobre aquilo que é conteúdo programático da disciplina e aquilo que é opinião do professor.. 

A nota diz ainda que independentemente do posicionamento pessoal do professor, a escola busca se manter dentro dos princípios e valores da instituição. 

"Reiteramos que a escola é um espaço para a pluralidade de ideias e para o diálogo, que favoreça o desenvolvimento intelectual e ajude o aluno a formar suas próprias convicções com respeito a visões divergentes", disse em trecho de nota. 

A direção disse ainda que não é permitido, sem autorização do professor, que os alunos usem aparelhos eletrônicos para gravar ou filmar as aulas e tampouco aprova qualquer atitude que possa coibir a atividade docente em suas diferentes dimensões. 


No entanto, não informou se o aluno foi penalizado. 



COMENTÁRIO:

O problema dos PeTistas Xiitas é que confundem críticas com agressões verbais com a desculpa de "direito de expressão".

Foi o caso desse professor totalmente despreparado para ministrar aulas para alunos adolescentes.


Valter Desiderio Barreto.

Barretos, São Paulo, 19 de abril de 2019.

If I could only fly - Merle Haggard ( Se eu pudesse voar).

Merle Haggard - Footlights (Ribalta).

Merle Haggard ~ Wake Up (Acorde !)

quinta-feira, abril 18, 2019

Censura é 'ilegítima', 'autocrática' e 'incompatível' com liberdades fundamentais, diz Celso de Mello




Ministro do STF divulgou mensagem nesta quinta (18) defendendo liberdade de expressão e de imprensa. No texto, afirmou que mesmo se praticada pelo Judiciário censura é 'intolerável'.

 

Por Rosanne D'Agostino, G1 — Brasília
 O ministro Celso de Mello, magistrado mais antigo do Supremo Tribunal Federal (STF) — Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
O ministro Celso de Mello, magistrado mais antigo do Supremo Tribunal Federal (STF) — Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF.


Em meio à polêmica envolvendo o inquérito aberto para investigar ofensas e informações falsas contra magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello divulgou nesta quinta-feira (18) uma mensagem na qual defende a liberdade de expressão e de imprensa (leia ao final da reportagem a íntegra da nota). 

 


Sem mencionar nomes, o magistrado mais antigo do Supremo afirma no texto que qualquer tipo de censura – "mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário" – é "ilegítima", "autocrática" e "incompatível com as liberdades fundamentais consagradas pela Constituição". 

Ao longo da mensagem, Celso de Mello não menciona a decisão do colega de tribunal, ministro Alexandre de Moraes, que determinou na última segunda-feira (15) que o site "O Antagonista" e a revista "Crusoé" retirassem do ar reportagens e notas que mencionassem documento em que o empresário Marcelo Odebrecht referiu-se ao presidente da Corte, Dias Toffoli, como "amigo do amigo do meu pai". 

Na mensagem, o decano da Suprema Corte destaca, entretanto, que o Estado não pode restringir o "direito do jornalista de informar, de pesquisar, de investigar, de criticar e de relatar fatos e eventos de interesse público, ainda que do relato jornalístico possa resultar a exposição de altas figuras da República". 

"A prática da censura, inclusive da censura judicial, além de intolerável, constitui verdadeira perversão da ética do Direito e traduz, na concreção do seu alcance, inquestionável subversão da própria ideia democrática que anima e ilumina as instituições da República!" (Celso de Mello)


O magistrado ponderou ainda que a "censura judicial", "além de intolerável, constitui verdadeira perversão da ética do Direito". 


Segundo ele, eventuais abusos da liberdade de expressão poderão constituir objeto de responsabilização, mas "a posteriori", no âmbito de processos judiciais com direito à defesa. 

Íntegra.

 

Leia a íntegra da nota divulgada por Celso de Mello:

A censura, qualquer tipo de censura, mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário, mostra-se prática ilegítima, autocrática e essencialmente incompatível com o regime das liberdades fundamentais consagrado pela Constituição da República!

 
O Estado não tem poder algum para interditar a livre circulação de ideias ou o livre exercício da liberdade constitucional de manifestação do pensamento ou de restringir e de inviabilizar o direito fundamental do jornalista de informar, de pesquisar, de investigar, de criticar e de relatar fatos e eventos de interesse público, ainda que do relato jornalístico possa resultar a exposição de altas figuras da República!

 
A prática da censura, inclusive da censura judicial, além de intolerável, constitui verdadeira perversão da ética do Direito e traduz, na concreção do seu alcance, inquestionável subversão da própria ideia democrática que anima e ilumina as instituições da República!

 
No Estado de Direito, construído sob a égide dos princípios que informam e estruturam a democracia constitucional, não há lugar possível para o exercício do poder estatal de veto, de interdição ou de censura ao pensamento, à circulação de ideias, à transmissão de informações e ao livre desempenho da atividade jornalística!!

 
Eventuais abusos da liberdade de expressão poderão constituir objeto de responsabilização ‘a posteriori’, sempre, porém, no âmbito de processos judiciais regularmente instaurados nos quais fique assegurada ao jornalista ou ao órgão de imprensa a prerrogativa de exercer, de modo pleno, sem restrições, o direito de defesa, observados os princípios do contraditório e da garantia do devido processo legal!.

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