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sexta-feira, setembro 06, 2019
Bolsonaro assina MP que cria carteirinha estudantil digital, emitida pelo governo
O presidente da República, Jair Bolsonaro,
assinou nesta sexta-feira (6) uma medida provisória que cria uma
carteirinha estudantil digital.
Chamado “ID Estudantil”, o documento
valerá para alunos dos ensinos fundamental, médio ou superior.
Emissão será gratuita por meio de lojas de aplicativo no celular
Caixa Econômica vai oferecer o documento físico de graça
Emissão está prevista para começar em 90 dias para o ensino superior e até seis meses para alunos da educação básica
MP não prevê veto à emissão de carteirinhas por Une, Ubes e outras entidades
Estudante que emitir o "ID Estudantil" vai ter que fornecer dados para banco do MEC
Sem citar entidades, Bolsonaro diz que MP é "bomba" e evita que "certas pessoas" promovam o socialismo nas universidades
Em maio, polêmica sobre as carteirinhas levou a demissão do presidente do Inep
Documento permite que estudantes paguem meia entrada em shows, teatro, cinema e outros eventos culturais
Governo federal vai emitir carteira de estudante de graça.
A carteirinha poderá ser baixada gratuitamente em um formato de
aplicativo nas lojas Google Play e Apple Store.
Os dados serão usados na
tela do celular, sem necessidade de impressão.
Quando for necessário,
um documento físico poderá será emitido em parceria com a Caixa
Econômica Federal.
Assim como a carteirinha tradicional, o documento permite que
estudantes paguem meia entrada em shows, teatro, cinema e outros eventos
culturais.
A emissão, no entanto, só começa 90 dias após a assinatura
da MP e publicação no Diário Oficial.
Segundo o secretário-executivo do MEC, Antônio Paulo Vogel, o prazo de
90 dias descrito na MP deve valer apenas para o ensino superior.
Para
outras etapas (ensino fundamental, médio, técnico e profissional), o
início da emissão pode levar até seis meses, em razão da demanda.
O projeto é conhecido desde a equipe de transição do governo Bolsonaro,
que propôs a centralização dos documentos como forma de desidratar o
orçamento do movimento estudantil.
Sem citar o nome de entidades, o presidente fez críticas aos
representantes dos estudantes e disse que o atual modelo de emissão das
carteirinhas colabora com a defesa do socialismo.
"Essa
lei de hoje, apesar de ser uma bomba, é muito bem vinda, vem do
coração.
E vai evitar que certas pessoas, em nossas universidades,
promovam o socialismo.
Socialismo esse que não deu certo em lugar nenhum
do mundo, e devemos nos afastar deles" - Jair Bolsonaro, presidente.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, citou diretamente as entidades estudantis.
"Instituições como a UNE e outras, impregnadas por uma esquerda...
O
que nós estamos fazendo hoje é libertar cada jovem, cada estudante.
Não
pagar dinheiro nem para UNE nem para Ubes, para quem quer que seja.
Basta acessar a internet e fazer o cadastro", afirmou o ministro.
Atualmente, uma lei de 2013 prevê que a carteirinha seja emitida por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
Ambas cobram R$ 35 pela carteira, além do frete.
Esse serviço é uma das principais fontes de recursos das entidades. A
UNE fica com 20% do valor (R$ 7), e a Ubes, com 25% (R$ 10,50).
A TV Globo aguarda retorno das duas organizações sobre o número de carteirinhas emitidas nos últimos anos.
Além de UNE e Ubes, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), as
entidades estudantis municipais e os diretórios estudantis e acadêmicos
das faculdades também podem emitir o documento.
'Não estuda nem trabalha'
Bolsonaro afirmou que há "muitos estudantes pobres" para os quais o
custo atual de R$ 30 para emissão das carteirinhas "faz diferença".
Na
sequência, fez contas para mostrar o valor que seria arrecadado pelas
entidades estudantis.
"Eu
não sei quantos têm carteira no Brasil, vou chutar aqui uns 20 milhões.
Se botaram aí R$ 20, vai dar quanto? R$ 400 milhões.
Talvez seja um
pouco menos, que seja R$ 100 milhões.
São R$ 100 milhões que deixam de
sair do bolso de quem trabalha, para ir para o bolso de quem não estuda,
nem trabalha" - Jair Bolsonaro.
O presidente ainda associou a medida à conquista da "liberdade estudantil".
"Estou feliz também por poupar o trabalho de uma minoria que representa
os estudantes.
Eles nem vão trabalhar mais, afinal de contas, agora o
seu tempo laboral será zero.
Não teremos mais uma minoria para impor
certas coisas em troca de uma carteirinha", afirmou Bolsonaro.
O secretário de Ensino Superior, Arnaldo Barbosa de Lima, diz que não
vão faltar recursos.
“Foi um erro histórico se manter distante dos
nossos estudantes, dos nossos clientes.
Não faltarão recursos para os
nossos estudantes, não contingenciamos recursos da assistência
estudantil”, disse Lima, sem citar os bloqueios de recursos para
universidades e livros didáticos.
No material divulgado à imprensa, o Ministério da Educação afirma que o
estudante que fizer a carteirinha digital terá que concordar em ceder
seus dados pessoais “para a composição do cadastro unificado e para
utilização no ciclo das políticas públicas estudantis”.
Segundo o MEC, esses dados vão compor uma base unificada, junto com
informações como o histórico escolar e a frequência do aluno em sala.
O
ministério pretende usar essas informações, tanto de modo agrupado
quando de um aluno específico, para "formular políticas" e acompanhar o
desempenho dos estudantes.
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