Por Martyn Lloyd-Jones
(1899–1981)
Permitam-me mostrar-lhe isso com detalhes.
O crente e o incrédulo são totalmente diferentes quanto aquilo que admiram.
O crente admira quem é “humilde de espírito”, ao passo que os filósofos gregos desprezavam a humildade; e todos quanto seguem a filosofia grega, intelectualmente ou na prática, continuam exibindo aquela mesma atitude.
O mundo diz do verdadeiro crente que ele é um fraco, um simulacro de homem, ou que ele não é viril.
Essas são expressões típicas do mundo, pois os homens mundanos acreditam na autoconfiança, na auto-expressão e no ser dono do próprio nariz; mas o crente acredita em ser “humilde de espírito”.
Abramos um jornal e vejamos ali o tipo de pessoas que este mundo admira.
Não se pode achar algo mais remoto das bem-aventuranças do que aquilo que atrai o homem natural, o homem mundano.
O que atrai a admiração do indivíduo mundano é a antítese mesma daquilo que achamos nas bem-aventuranças.
O homem natural aprecia certa dose de jactância, a despeito de ser precisamente essa a atitude condenada nas bem-aventuranças.
Além disso, como é óbvio, deve haver diferenças no tocante àquilo que o crente e o incrédulo buscam.
“Bem-aventurados os que têm fome e mesmo sede…” Do quê?
De riquezas, de dinheiro, de posição social, de fama?
De modo nenhum.
Mas “… de justiça”.
Ora a justiça consiste em nos encontrarmos em boas relações com Deus.
Consideremos um indivíduo qualquer, que não se afirme crente e não esteja interessado pelo cristianismo.
Procure-se descobrir o que ele realmente quer e busca, e verificar-se-á que suas atitudes sempre diferem das descrições dadas aqui.
Acrescente-se a isso que, como é lógico, os mundanos são indivíduos absolutamente diferentes naquilo que fazem.
Isso é apenas uma conclusão lógica.
Se eles buscam e admiram coisas diferentes, certamente também praticam coisas diferentes.
O resultado disso é que a vida de um crente deve ser essencialmente diversa da vida de quem não é crente.
O incrédulo sempre mostra-se coerente com sua própria atitude.
Ele sempre vive para este mundo.
Costuma pensar: “Este é o único mundo que existe, e quero aproveitar esse mundo ao máximo.”
Por sua vez, o crente começa dizendo que não vive para este mundo; e isso porque considera este mundo apenas uma porta de entrada para algo que é muito mais vasto, para algo que é eterno e glorioso.
Toda sua perspectiva e ambição difere da do incrédulo.
Por conseguinte, o crente sente que precisa viver de maneira diferente da dos homens do mundo.
E assim como o indivíduo mundano é coerente consigo mesmo, assim também o crente deve ser coerente com sua posição de crente.
E, se o for, será totalmente diferente daquele outro homem, e nem mesmo pode evitar sê-lo.
Pedro expressa muito bem esse pensamento , no segundo capítulo de sua primeira epístola, ao asseverar que se verdadeiramente cremos que somos um povo chamado “das trevas para sua maravilhosa luz”, então cumpre-nos crer que sucedeu assim conosco a fim de exibirmos os louvores do Senhor.
E Pedro prossegue, dizendo: “Amados, exorto-vos como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (I Pedro 2:11, 12).
Essa exortação nada significa senão um apelo ao bom senso lógico dos crentes.
Uma outra diferença essencial entre os homens é a crença deles a respeito do que lhes é permitido fazer.
O homem mundano confia demasiadamente em sua própria capacidade, como se ele estivesse preparado para fazer qualquer coisa.
O crente, por sua parte, é uma pessoa, e a única espécie de pessoa no mundo, que verdadeiramente vive na consciência de suas limitações.
Biografia:
Martyn Lloyd-Jones
Ministro
Descrição
David Martyn Lloyd-Jones foi um teólogo protestante na linha calvinista de origem galesa que foi influente na ala reformada do movimento evangélico britânico no século 20. Por quase 30 anos, ele era o ministro da Capela de Westminster, em Londres. WikipédiaNascimento: 20 de dezembro de 1899, Cardiff, Reino Unido
Falecimento: 1 de março de 1981, Ealing, Londres, Reino Unido
Formação: Hospital São Bartolomeu, St Marylebone Grammar School, Barts and The London School of Medicine and Dentistry
Filhas: Elizabeth Lloyd-Jones, Ann Lloyd-Jones
Pais: Henry Lloyd-Jones, Magdalen Evans
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