Por Thomas Watson
(c. 1620 – 1686).
Há coisas que se parecem com a santificação, mas não são.
1 – A primeira falsificação de santificação é a virtude moral.
Ser justo, ser temperante, ser de um comportamento justo,
não ter um brasão manchado com um escândalo vergonhoso é bom, mas não o
suficiente; isso não é santificação.
Um campo de flores difere de um jardim de flores.
Os pagãos alcançaram a moralidade; como Catão, Sócrates e Aristides.
A civilidade é apenas a natureza refinada; não há nada de Cristo ali, e o coração pode ser sujo e impuro.
Debaixo destas folhas de civilidade o verme da incredulidade pode estar escondido.
Uma pessoa moral tem uma antipatia secreta contra a graça; ela odeia o vício, e ela odeia a graça tanto quanto o vício.
A serpente tem uma bela cor, mas também uma picada.
Uma pessoa adornada e educada com a virtude moral tem uma antipatia secreta contra a santidade.
Os estoicos, que eram as cabeças do paganismo moralizado, eram os piores inimigos que Paulo tinha (At 17.18).
2 – A segunda falsificação de santificação é a devoção supersticiosa.
Esta abunda no papado; adorações, imagens, altares,
vestimentas e água benta, que eu olho como um delírio religioso, e está longe
de ser santificação.
Isso não acrescenta nenhuma bondade intrínseca a um homem, e não o faz um homem melhor.
Se as purificações legais e lavagens, que eram designadas pelo próprio Deus, não fizeram aqueles que fizeram uso delas mais santos; e os sacerdotes, que usavam as vestes sagradas, e tinham o óleo santo derramado sobre eles, não foram mais santos, sem a unção do Espírito; então com toda certeza essas inovações supersticiosas na religião, que Deus nunca indicou, não pode contribuir com qualquer santidade aos homens.
A santidade supersticiosa não custa grande trabalho; não há nada do coração nela.
Se rezar alguns rosários, ou inclinar-se diante de uma imagem, ou borrifar-se com água benta fosse santificação e tudo quanto lhes é exigido para ser salvo, então o inferno estaria vazio, ninguém iria lá.
3 – A terceira falsificação da santificação é a hipocrisia; que acontece quando os homens fazem uma simulação de algo que eles não têm.
Assim um cometa pode brilhar como uma estrela, um lustre pode brilhar por causa
do ofício, o qual deslumbra os olhos dos espectadores.
“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia” (2Tm 3.5).
Estes são as lâmpadas sem óleo; sepulcros caiados, como os templos egípcios, que tiveram belas fachadas externas, mas em seu interior continham aranhas e macacos.
O apóstolo fala da verdadeira santidade (Ef 4.24), denotando que há santidade que é espúria e fingida.
“Tu tens nome de que vives, e estás morto” (Ap 3.1), como quadros e estátuas que estão destituídos do princípio de vida.
“Nuvens sem água” (Jd 12).
Eles fingem ser cheios do Espírito, mas são nuvens vazias.
Esta exibição de santificação é um autoengano.
Aquele que toma cobre em lugar de ouro, peca contra si mesmo; ele é a maior falsificação da santidade enquanto vive, mas engana a si mesmo quando ele morre.
Fingir santidade quando ela não existe é uma coisa vã.
Em que ajudaram as lâmpadas às virgens néscias quando elas precisaram de óleo?
O que é a lâmpada da profissão sem o óleo da graça salvadora?
Que conforto produzirá ao final uma mera pretensão de santidade?
Aquilo que é pintado de dourado torna-se valioso?
Uma pintura de vinho poderá refrescar o sedento?
Ou uma santidade pintada será cordial na hora da morte?
A santificação fingida não é algo em que devamos descansar.
Muitos navios que tiveram nomes como “Esperança”, “O Amparo”, “O Triunfo”, naufragaram em rochas; assim, muitos que tiveram o nome “santos”, naufragaram no inferno.
4 – A quarta falsificação da santificação está na graça restritiva, quando os homens se abstêm do vício, embora não o odeiem.
Este pode ser o lema do pecador: com prazer eu o faria, mas
eu não me atrevo.
O cão tem em mente o osso, mas tem medo do açoite da vara; assim os homens têm a mente para a luxúria, mas a consciência permanece como o anjo, com uma espada flamejante e amedrontadora: eles têm a mente voltada para a vingança, mas temem o inferno e isto é um freio para controlá-los.
Não há mudança de coração; o pecado é controlado, mas não curado.
Um leão pode estar em jaulas, mas ainda é um leão.
5 – A quinta falsificação da santificação é a graça comum, que é uma leve e passageira obra do Espírito, mas não equivale a conversão.
Existe alguma luz no juízo, mas não é humildade; algumas picadas na consciência, mas eles não estão despertos.
Isto se parece com a santificação, mas não é.
Os homens podem ter convicções formadas neles, mas libertam-se delas novamente, como o veado, o qual, ao ser alvejado, sacode a seta.
Após serem convictos, os homens vão para a casa da alegria, tomam a harpa para afastar o espírito de tristeza, e por isso todas morrem e tornam-se em nada.
Descrição:
Thomas John Watson foi um empresário estadunidense. Foi presidente da Computing-Tabulating-Recording Company, empresa que deu origem à IBM, uma das poucas empresas da área de Tecnologia da Informação com uma história contínua que remonta ao século XIX. Wikipédia
Nascimento: 17 de fevereiro de 1874, Campbell, Nova Iorque, EUA
Falecimento: 19 de junho de 1956, Nova Iorque, Nova Iorque, EUA
Cônjuge: Jeanette Kittredge (desde 1913)
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