Médico foi preso após três mulheres prestarem queixas na delegacia. Ele já foi condenado em 2015 por violação sexual mediante fraude, mas aguardava recurso em liberdade
Por Vitor Santana, G1 GO
Uma paciente do médico ginecologista Joaquim de Sousa Lima Neto, de 58
anos, conta que sofreu abuso sexual durante um procedimento de
cauterização.
Ela, que não quis se identificar, inicialmente, não teve
coragem de contar aos familiares sobre o caso.
“Foi totalmente
humilhante para mim a forma como ele me tratou”, desabafou.
A mulher disse que, após o procedimento, o médico ainda tentou se
justificar.
“Ele falou: ‘tudo que eu te fiz foi para te ajudar’”,
contou.
O ginecologista foi preso nesta terça-feira (23).
Até o momento, três
vítimas procuraram a delegacia.
Segundo a Polícia Civil, o profissional
já foi condenado por violação sexual mediante fraude de outras
pacientes, em 2015, mas a defesa recorreu e ele continuou trabalhando e
cometendo os abusos.
A paciente relatou ainda que teve receio de denunciar o caso
inicialmente.
“Eu pensava que era culpa minha.
Eu falei: ‘Mas eu
deixei’. Eu não deixei.
Eu tinha medo, eu estava com medo dele.
Eu não
contei para a minha mãe com medo”, relatou.
Ela conta ainda que não conseguia conversar e nem comer direito após o
abuso.
Porém, decidiu contar para os familiares e para o namorado, além
de denunciar o caso à polícia.
“Esse homem não pode atender mulher.
Como médico, ele devia ser
profissional.
Ele abusou totalmente e ele tem que ser punido por isso.
Só quero que ele pague realmente pelo que ele fez e que se tiverem
outras pessoas, que denunciem ele também”, completou.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego)
informou que “dará celeridade à apuração de tais fatos em razão da
gravidade do que já foi divulgado”.
A entidade aguarda a documentação
necessária sobre o caso para tomar as providências cabíveis.
Investigação
De acordo com a delegada Ana Elisa Gomes, titular da Delegacia da
Mulher, o ginecologista submetia às vítimas à prática de atos
libidinosos enquanto realizava os exames.
Em um dos casos, segundo ela, o
médico chegou a praticar sexo oral em uma paciente.
“Nós representamos pela prisão dele depois que três vítimas procuraram a
delegacia.
Elas relataram que o profissional utilizava o momento do
exame de toque para abusar das vítimas, seja por meio de masturbação,
falando coisas de cunho sexual, chegando a audácia de praticar sexo oral
em uma delas”, contou a delegada ao G1.
A delegada afirma que, apesar de já ter sido condenado pela mesma prática em 2015, o homem nunca havia sido preso.
“Em 2014 a nossa delegacia apurou a denúncia de uma paciente que foi
vítima da mesma forma de abuso.
Ele chegou a ser condenado em 2015, mas a
defesa do médico recorreu e ele nunca tinha sido preso.
Agora, com o
surgimento destes três novos casos, mesmo o processo anterior ainda
estando em curso, pedimos pela prisão”, explicou Ana Elisa.
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