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quinta-feira, março 03, 2016

PF diz que João Santana recebeu R$ 22,5 milhões da Odebrecht no Brasil

Repasses constam em planilha apreendida durante a Operação Lava Jato.
Marqueteiro do PT e mulher estão presos em Curitiba em virtude da 23ª fase.

 

Aline Pavaneli e Bibiana Dionísio Da RPC e do G1 PR
Planilha apreendida pela Lava Jato mostra alguns dos pagamentos investigados  (Foto: Reprodução )Planilha apreendida pela Lava Jato mostra alguns dos pagamentos investigados (Foto: Reprodução )


A Polícia Federal (PF) afirma ter identificado uma nova planilha sobre repasses que somam R$ 22,5 milhões da Odebrecht para o marqueteiro João Santana e a mulher dele, Monica Moura, no Brasil. 

O montante, conforme os investigadores, foi pago após a deflagração da Operação Lava Jato.

A informação consta do pedido da Polícia Federal à Justiça Federal para que a prisão temporária de João Santana e Monica Moura seja convertida para preventiva, ou seja, sem prazo para terminar.

A prisão temporária do casal vence nesta quinta-feira (3) e cabe ao juiz Sérgio Moro decidir se eles ficam ou não cadeia. 

O casal foi preso na 23ª fase da Lava Jato e é suspeito de receber US$ 7,5 milhões desviados da Petrobras em uma conta não declarada no exterior.

A força-tarefa da Lava Jato suspeita ainda que o marqueteiro tenha recebido dinheiro oriundo do esquema de corrupção da Petrobras como forma de pagamento por serviços eleitorais prestados ao PT.

A atual fase foi denominada "Operação Acarajé". 


Segundo os investigadores, este era o termo usado pelos suspeitos para se referirem a dinheiro irregular.
 
Santana fez as campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e a campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006.

Acusação X defesa.


Conforme a Polícia Federal, esta nova planilha traz transferências de R$ 500 mil e R$ 1 milhão. 


Cada uma é associada a uma senha.

Os dados colocam em xeque as afirmações dos suspeitos de que eles receberam valores da Odebrecht, apenas no exterior, por trabalhos feitos em campanhas eleitorais da Venezuela e na Angola. 


Para a força-tarefa, a tese da defesa não se sustenta.

“Primeiro, porque surgem indícios de que o casal recebeu da Odebrecht recursos no Brasil, o que foi veementemente negado por eles. 

Segundo, porque não haveria qualquer sentido em receber da Odebrecht valores no Brasil por conta de um suposto pagamento não oficial concernente a serviços prestados à campanhas eleitorais de Angola e Venezuela”, dizem os delegados da Polícia Federal.

Após os depoimentos à Polícia Federal, o advogado do casal, Fábio Tofic, afirmou que os valores recebidos não tem relação com campanhas brasileiras.

"Eles receberam recursos lícitos pelo trabalho honesto que fizeram ao longo de anos. 


Não são lavadores de dinheiro, não são corruptos, nunca tiveram contrato com o poder público. 

São trabalhadores honestos – gostemos, gostem ou não, dos clientes deles. 

Agora os recursos são lícitos, não envolvem campanha brasileira", disse o advogado.
João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, são presos pela PF (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, foram presos pela PF (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)


Eles sabiam.
 


A Polícia Federal afirma que João Santana tentou eliminar possíveis provas. 

Segundo os delegados, o marqueteiro apagou a conta que tinha no Dropbox -  um serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos de celulares, computadores e demais equipamentos eletrônicos em nuvem.

Os delegados suspeitam que o casal sabia que a 23ª fase da Operação Lava Jato seria deflagrada. 


De acordo com a Polícia Federa, três dias antes, uma funcionária do casal indagou Monica Moura, por correio eletrônico, se deveria providenciar passagem aérea para o advogado do casal até a República Dominicana.

No dia em que a operação foi deflagrada, o casal estava no país caribenho, de acordo com a defesa, a trabalho.

“(...) As mobilizações de pessoal para a deflagração da 23ª fase da Operação, o que indica, como bem anotado pela equipe de análise, a possibilidade de que os investigados tenham tomado conhecimento da deflagração da Operação que se daria três dias depois”.

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