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segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Paisagista espancada em apartamento na Barra diz ter certeza que agressor a dopou



Além disso, Elaine Caparroz disse ao Fantástico que Vinícius Serra apresentou comportamento estranho desde que chegou a seu apartamento: além de ter usado nome falso na portaria, falou que um amigo queria matar uma pessoa para se vingar.

 

Por Fantástico
Mulher espancada por quatro horas diz ter certeza que agressor queria matá-la
Mulher espancada por quatro horas diz ter certeza que agressor queria matá-la.

Elaine Caparroz diz ter certeza que foi dopada por Vinícius Serra. 


A afirmação da paisagista de 55 anos foi feita na noite deste domingo (23), em entrevista ao Fantástico. 


Ela foi espancada de forma brutal pelo estudante de Direito de 27 anos na madrugada do último domingo (17). 

Segundo a vítima, depois de se encontrarem no apartamento dela, na Barra da Tijuca, ambos começaram a beber vinho. 


Em pouco tempo, segundo a própria Elaine, ela começou a se sentir alterada e a perder os sentidos. 


Ela acordou já de madrugada, com o jovem a espancando. 

Ao ser questionada se Vinícius poderia ter colocado alguma coisa em sua bebida, ela responde sem dúvidas. 

"Eu não acho. 

Eu tenho certeza, certeza absoluta".
A paisagista Elaine Perez Caparroz em entrevista ao Fantástico — Foto: Reprodução
A paisagista Elaine Perez Caparroz em entrevista ao Fantástico — Foto: Reprodução.

A possibilidade de ter sido dopada se soma ao estranhamento que sentiu ela diante das atitudes de Vinícius desde antes de entrar no apartamento, quando se identificou com um nome falso. 

"O porteiro ligou e falou que Felipe havia chegado. 


Respondi que não esperava por nenhum Felipe. 


Depois ele disse que era Vinícius Felipe. 


Não sabia que ele tinha um nome composto. 


Pedi para o porteiro perguntar se era o Vini Serra. 


Aí ele confirmou que sim". 

No início, Vinícius parecia normal. 


No entanto, logo em seguida assumiu um comportamento que começou a deixar Elaine preocupada. 

Terror e vingança.

 

Após ser questionado se gostaria de assistir um filme, ele respondeu que queria ver um terror. 


A paisagista ficou espantada com a escolha e respondeu que não gostava do gênero. 

A situação ficou mais estranha logo em seguida. 

"Em algum momento ele falou pra mim: 'Ah, eu gostaria da sua opinião'. 


Eu falei: 'Sobre o quê?'. 


Ele falou assim: 'Eu tenho um amigo que quer muito se vingar de alguém e ele pensa em matar essa pessoa. 


Nossa, meu amigo tá muito bravo! 


Ele quer realmente matar. 


O que você acha disso?'. 


Eu falei: 'Nossa, que conversa, né? 


Que conversa mais louca"". 

Às 23h40, Elaine recebeu uma ligação do filho, o lutador de Jiu-jitsu Rayron Gracie. 

"Conversei com meu filho por uma chamada de vídeo. 


Aí, assim que desliguei, ele perguntou: 'Ah, poxa, você é mãe do Rayron. 


Você fala sempre com ele?' 


Eu falei: "Lógico, é meu filho, falamos todos os dias, né?'. 


Aí ele disse: 'Poxa, que legal'". 

Logo em seguida, Elaine começou a se sentir alterada, como se estivesse perdendo os sentidos. 

"Eu só lembro de nós assistindo o filme juntos, ele com a cabeça no meu colo deitado no sofá. 


Daí, eu já lembro de mim em pé na cama, com ele no meu quarto. 


Foi aí que eu já sei que algo aconteceu porque eu não lembro de nós dois juntos na sala levantando do sofá, combinando de ir para o quarto… 


Você entendeu? 


A última coisa que eu lembro foi eu deitando no ombro dele e depois disso, não sei dizer quanto tempo depois, eu já estava no chão com ele em cima de mim desferindo vários socos horríveis no meu rosto, me agredindo muito, muito. 


Eu não entendi nada". 

Elaine diz que, além dos socos e mordidas, Vinícius também tentou estrangulá-la, ação que, segundo suas recordações, foi impedida porque ela conseguiu conter a ação do agressor ao puxar os cabelos dele. 

"Essa foi uma defesa que acho que evitou minha morte".

A paisagista acredita na possibilidade de ter sido alvo de uma tentativa de vingança – e não descarta totalmente que o ocorrido pode ter algum tipo de ligação com o universo marcial do qual o filho faz parte, embora prefira esperar pela investigação feita pela polícia.


"Não sei por que, mas eu achei muito estranho. 


Qual motivo de uma pessoa fazer isso gratuitamente? 


Eu não faço mal para ninguém. 


Deve ter algum motivo. 


Eu achei essas perguntas dele estranhas, por que ele ia perguntar isso? 


E por que ele fez isso comigo? 


Não sei. 


Talvez alguma rixa, não é? 


Mas não posso afirmar que seja com isso. 


Tem que ser investigado porque eu acho que é uma agressividade gratuita, ele quase me matou, eu quase morri". 

Encontro.

 

Elaine e Vinícius se conheceram por meio do Instagram, após Rayron ter publicado uma foto com a mãe. 


Ela e Vinícius trocaram mensagens por um período que variou entre seis meses e meio e oito meses. 

Por duas vezes, ela e Vinícius quase se encontraram. 


No entanto, acabaram desmarcando. 


Em uma delas, em setembro, o agressor, que também é lutador de Jiu-jitsu, enviou uma mensagem de áudio pedindo desculpas. 

Em 2016, Vinícius já havia sido denunciado pelo próprio pai por agredir o irmão. 

No entanto, segundo Elaine, em nenhum momento durante o tempo no qual trocaram mensagens pela internet ele demonstrou ter um perfil violento. 

"Parecia ser uma pessoa absolutamente normal". 

Seis meses.

 

Segundo os médicos, será necessário esperar o rosto desinchar para avaliar se Elaine precisará se submeter a alguma cirurgia estética. 


A recuperação poderá levar até seis meses. 

"Não me sinto humilhada, me sinto forte. 


Acho que isso aconteceu na minha vida para trazer alguma mensagem. 


Eu não quero perder a oportunidade de gritar para todo mundo fazer tudo o que pode para proteger o próximo de qualquer forma que seja. 


Eu pedi socorro e acho que demorou muito para eu ter esse socorro. 


Acredito que quando as pessoas escutam alguém pedindo socorro, elas têm que tomar alguma providência imediatamente, porque eu não precisaria ter passado pelo o que passei".

Papa compara a pedofilia ao sacrifício de seres humanos


O pontífice disse ainda que o abusador "é um instrumento de satanás", antes de recordar que a Igreja está diante de uma manifestação do mal 'descarada, destrutiva e agressiva'.

 

 

Por France Presse
Papa Francisco participa de encontro para discutir os casos de pedofilia e abuso sexual na Igreja Católica — Foto: Vatican Media/­Handout via Reuters
Papa Francisco participa de encontro para discutir os casos de pedofilia e abuso sexual na Igreja Católica — Foto: Vatican Media/­Handout via Reuters.

O papa Francisco comparou neste domingo a "praga" dos abusos sexuais de menores de idade com as práticas religiosas do passado de oferecer seres humanos em sacrifício, em seu discurso de encerramento na reunião sobre a pedofilia celebrada no Vaticano. 

"Me traz à mente a cruel prática religiosa, difundida no passado em algumas culturas, de oferecer seres humanos - frequentemente crianças - como sacrifício nos rituais pagãos", disse o papa, depois de reiterar que a Igreja se compromete a combater este fenômeno com "a máxima seriedade".
Papa compara pedofilia a sacrifícios de crianças em culturas pagãs no passado
Papa compara pedofilia a sacrifícios de crianças em culturas pagãs no passado.

"Gostaria de reafirmar com clareza: se na Igreja for descoberto um só caso de abuso - que em si mesmo já representa uma monstruosidade -, este caso será enfrentado com a máxima seriedade", completou em um longo discurso para os líderes das 114 conferências episcopais de todo o mundo, secretários de congregações, bispos e cardeais reunidos na Sala Regia do Vaticano.


O pontífice disse que o abusador "é um instrumento de Satanás", antes de recordar que a Igreja está diante de uma manifestação do mal "descarada, destrutiva e agressiva". 

Em seu discurso, Francisco citou as estatísticas a nível mundial e garantiu que a Igreja se compromete a aplicar as estratégias das organizações internacionais, incluindo a ONU e a Organização Mundial da Saúde, para erradicar a pedofilia.


"Não se pode, portanto, compreender o fenômeno dos abusos sexuais contra menores sem levar em consideração o poder, p quanto estes abusos são sempre a consequência do abuso de poder, aproveitando uma posição de inferioridade do indefeso abusado", afirmou. 

"O abuso de poder está presente em outras formas de abuso dos quais são vítimas quase 85 milhões de crianças, esquecidas por todos: os meninos soldados, os menores prostituídos, as crianças desnutridas, as crianças sequestradas e frequentemente vítimas do monstruoso comércio de órgãos humanos, ou também transformados em escravos, as crianças vítimas da guerra, os menores refugiados, as crianças abortadas e assim sucessivamente", disse o pontífice. 

"Diante de tanta crueldade, diante de todo este sacrifício idolátrico de crianças ao deus do poder, do dinheiro, do orgulho, da soberba, não bastam meras explicações empíricas, estas não são capazes de nos fazer compreender a amplitude e a profundidade do drama", admitiu. 


COMENTÁRIO:


O único antídoto contra esse mal que se perpetua na sociedade mundial, há séculos, é a conversão dos agentes desse mal ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, o resto, é só paliativo. 


Valter Desiderio Barreto.


Barretos, São Paulo, 25 de fevereiro de 2019.

domingo, fevereiro 24, 2019

Professor agredido a socos por aluno de 14 anos relata medo: 'Não quero mais dar aula'




Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ficou com o rosto ensanguentado após episódio de violência na sala de aula, em Lins (SP). Professor e um cuidador também foram feridos por aluno em outra escola da cidade.

 

Por Sérgio Pais, G1 Bauru e Marília
 O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ensanguentado no banheiro da escola após a agressão: "Decepção" — Foto: Arquivo pessoal
O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ensanguentado no banheiro da escola após a agressão: "Decepção" — Foto: Arquivo pessoal.

O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, anunciou que pretende abandonar a profissão. 


A decisão, tomada após 20 anos de magistério, foi tomada após a agressão que sofreu por parte de um aluno de 14 anos, dentro da sala de aula de uma escola estadual de Lins (SP). 

O ataque foi um dos dois casos de agressão a professores registrados na cidade na sexta-feira (22) envolvendo alunos menores de idade. 


Em outra escola, um professor de 41 anos e um cuidador, de 23, foram agredidos e ameaçados por um aluno de 12 anos. 

Paulo Procópio, que dá aulas de história e geografia há três anos na escola estadual Otacílio Sant’anna, no Parque Alto de Fátima, explicou que já tem tempo para se aposentar, mas admitia seguir trabalhando após obter o benefício. 

“Estou horrorizado.


A gente sempre ouvia falar em casos de violência dentro de salas de aula, mas confesso que nunca imaginei passar por isso.


Já estava decepcionado com a falta de respeito dos alunos, mas essa agressão foi demais”, disse ao G1.
Agressão contra o professor de história e geografia aconteceu na escola estadual Otacílio Sant'anna, em Lins — Foto: Reprodução/Google Street View Agressão contra o professor de história e geografia aconteceu na escola estadual Otacílio Sant'anna, em Lins — Foto: Reprodução/Google Street View.

Paulo Procópio ainda se recupera dos ferimentos no rosto que sofreu após ser agredido pelo aluno. 


Ele precisou levar seis pontos cirúrgicos no rosto e mais dois no supercílio para fechar os cortes provocados pelos socos desferidos pelo aluno e também pelo caderno que foi atirado durante o ataque.


“Tem muitos professores que, até pela questão financeira, continuam trabalhando após se aposentar.


Mas agora vou me aposentar e procurar outra coisa pra fazer.


Não quero mais dar aulas”, diz o professor, que ficará afastado em licença médica até a próxima quarta-feira (27).

Outra agressão na sala de aula.

 

O outro caso de agressão em Lins foi registrado na escola estadual Fernando Costa, no Centro de Lins. 


De acordo com o boletim de ocorrência, um professor de 41 anos e um cuidador, de 23, foram agredidos e ameaçados por um aluno de 12 anos. 

O aluno estaria exaltado na sala de aula porque não tinha caneta. 


Então, o professor teria dado uma caneta para o menor, que jogou o objeto no chão. 


Ainda segundo o registro policial, o educador pediu para que o estudante saísse da sala de aula, momento em que começou a confusão. 

De acordo com o boletim, o aluno partiu para cima do professor com tapas e socos, provocando lesões nos braços. 


Um cuidador da escola tentou apartar a confusão e também foi atingido. 


Ainda segundo o boletim de ocorrência, o aluno ameaçou o professor de morte. 

O menor foi para a diretoria da escola até a chegada de um parente. 


Já o professor e o cuidador registraram um boletim na central de polícia judiciária por lesão corporal e ameaça. 

A Polícia Civil informou que irá encaminhar os dois casos de agressão contra professores na segunda-feira (25) para a Vara da Infância e Juventude. 

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que "realiza trabalho junto a crianças em situação de vulnerabilidade social para coibir situações de violência nas escolas".

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Paisagista espancada em apartamento na Barra tem alta médica

Suspeito de cometer agressão está em hospital penitenciário para avaliação psiquiátrica. Polícia aguarda a melhora da vítima para pegar seu depoimento. Elaine teve descolamento de retina e passou por cirurgia.

 

Por Cristina Boeckel, G1 Rio

Paisagista vítima de agressão deixa hospital no Rio
Paisagista vítima de agressão deixa hospital no Rio.
 
A paisagista Elaine Perez Caparroz, internada desde sábado (16), depois de ser espancada dentro do próprio apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, recebeu alta médica na manhã desta sexta-feira (22). 
 

A vítima estava internada desde o dia 16 no Hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, após ser violentamente espancada durante um encontro. 

A paisagista deixou o hospital por volta das 10h30, acompanhada do filho Rayron Gracie, e apenas acenou de longe. 
  
Segundo o médico Ricardo Cavalcanti, responsável pela avaliação plástica do rosto de Elaine, a reconstrução da face deverá durar aproximadamente seis meses. 


Elaine sofreu diversas fraturas no rosto e perdeu um dente durante as agressões.
 
"A parte clínica está estabilizada, a parte emocional talvez tenha um caminho pela frente. 

Ela tem bastantes edemas. 

Foi agredida principalmente no rosto e no tórax. 

A recuperação deve durar de três a seis meses. 

A próxima etapa é melhorar dos hematomas.
 

Posteriormente, ver as consequências das agressões.

Nenhum osso está fora do lugar", disse Helio Primo, coordenador da clínica médica. 
"Ela tem olhos inchados e, no momento, não consegue abrir direito o olho esquerdo, pois teve um descolamento da retina", destacou Primo.
Mulher agredida no Rio tem alta; recuperação deve levar 6 meses
Mulher agredida no Rio tem alta; recuperação deve levar 6 meses
Elaine foi violentamente agredida durante cerca de quatro horas. 

O suspeito é o bacharel em direito Vinícius Batista Serra, de 27 anos. 

O casal manteve um relacionamento por redes sociais por cerca de oito meses, mas na noite de sexta-feira (15) tiveram o primeiro encontro. 

Vinícius foi preso em flagrante e alegou ter tido um surto psicótico. 

Segundo Elaine, ela acordou com as agressões. 

Vinícius teve a prisão preventiva decretada por tentativa de feminicídio. 
Na quarta-feira (20), ele foi levado para o Hospital Psiquiátrico Robertos Medeiros, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, para uma avaliação psiquiátrica. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), ele está em um período de observação, acompanhado por uma equipe médica.
Foto de Vinícius Batista Serra nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto de Vinícius Batista Serra nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes Sociais.
 
A polícia já sabe que, há três anos, Vinícius Serra também foi acusado de agredir o próprio pai e o irmão, dentro de casa

Os pais de Vinicius tinham depoimento marcado para terça-feira (19) na delegacia, mas não apareceram.
 

A paisagista deve ser ouvida a qualquer momento pela polícia, já que a delegada Adriana Belém, da 16ª DP (Barra da Tijuca), aguardava apenas a melhora de Elaine para pegar o depoimento dela.
Carro de Elaine Caparroz deixa o Hospital Casa de Portugal — Foto: Cristina Boeckel/G1 Carro de Elaine Caparroz deixa o Hospital Casa de Portugal — Foto: Cristina Boeckel/G1.

Homem denunciado pela enteada por estupro e tortura na Bahia é transferido para presídio e exonerado de prefeitura


Homem já foi indiciado por estupro e tortura e, segundo a Polícia Civil, nega as acusações. Jovem de 21 anos relatou ter feito vários abortos por causa dos abusos.

 

 

Por Alan Tiago Alves, G1 BA
Thiago Oliveira Alves foi acusado pela enteada de estupro e tortura contra ela e a mãe — Foto: Reprodução/Redes sociais
Thiago Oliveira Alves foi acusado pela enteada de estupro e tortura contra ela e a mãe — Foto: Reprodução/Redes sociais.


O homem que foi acusado pela enteada Eva Luana da Silva, de 21 anos, de estupro e tortura, no município de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, foi encaminhado para o sistema prisional e exonerado do cargo de assessor técnico da prefeitura da cidade. 

Thiago Oliveira Alves, natural de São Paulo, estava preso na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Camaçari desde o dia 13 de fevereiro e, na quinta-feira (21) foi encaminhado para para o Centro de Observação Penal de Salvador, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap). 

O G1 busca contato com a defesa do suspeito, entretanto ainda não obteve sucesso. 


Ele já foi indiciado por estupro e tortura e, segundo a Polícia Civil, nega as acusações.


Também na quinta-feira, Thiago teve a exoneração publicada no Diário Oficial do Município de Camaçari. 


Conforme a publicação, ele era lotado na Secretaria de Serviços Públicos (Sesp). 


A prefeitura divulgou nota de repúdio a Thiago na quarta (20). 

Ele já tinha deixado o cargo desde 1º de fevereiro, dois dias depois da enteada ter denunciado o caso à Polícia Civil, mas a oficialização da exoneração no Diário pela prefeitura só saiu ontem. 

Caso.

Eva Luana da Silva, de 21 anos, denunciou o padrasto por abusos e torturas na Bahia — Foto: Juliana Cavalcante/TV Bahia
Eva Luana da Silva, de 21 anos, denunciou o padrasto por abusos e torturas na Bahia — Foto: Juliana Cavalcante/TV Bahia.

"Foram nove anos sendo abusada praticamente todos os dias. 


Era algo cotidiano, coisa rotineira. 


Perdi as contas de quantas vezes fui vítima. 


Tinha vez que chegava a ser estuprada duas vezes no dia". 


O relato é da estudante de Direito Eva Luana da Silva, que usou as redes sociais para relatar que ela e a mãe foram constantemente violentadas e torturadas durante anos pelo padrasto. 

A jovem conta que ainda se sente com medo mesmo após prisão de padrasto Thiago Oliveira Alves, na semana passada, após ela ter procurado a Polícia Civil para denunciar o caso. 


É que as lembranças dos momentos de terror que viveu por mais de oito anos ainda as deixa inquieta. 

"Não tenho como dizer o que foi mais terrível, porque tudo foi muito ruim.


No entanto, os abusos e os estupros foram mais fortes.


As torturas que sofri mexeram muito comigo, com o meu psicológico.


Em determinadas ocasiões, passava um dia inteiro sendo torturada", destacou.

Como resultado dos estupros cometidos pelo padrasto desde que ela tinha 12 anos, a jovem disse que fez vários abortos. 


"Foram quatro ou cinco vezes", lembra.


Eva levou o caso a público na quarta (20), após relatar em cinco posts no Instagram toda a violência pela qual foi submetida dentro da própria casa, e que teve início quando ela tinha 12 anos. 


Ela conta que a mãe era constantemente vítima do companheiro e que, depois, passou a ser alvo dele também. 

Artistas como Kéfera e Alice Wegmann compartilharam as postagens da estudante. 

A delegada Florisbela Rodrigues, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Camaçari, que apura o crime, confirmou que a jovem prestou depoimento no dia 30 de janeiro. 


A mãe dela também falou com a polícia e confirmou as denúncias da filha. 

No dia 31 de janeiro, após Eva ter feito a denúncia, a Justiça concedeu uma medida protetiva para que Thiago não se aproximasse dela e nem da mãe e da irmã. 


O homem, então, foi obrigado a sair de casa e alugar uma casa para morar. 

Ela conta, no entanto, que, antes de ser preso, ele descumpriu a medida que o obrigava a ficar distante das vítimas por no mínimo, 300 metros. 


A jovem conta que ele foi até a casa dela e destruiu provas, antes do cumprimento de um mandado de busca e apreensão. 

"Ele foi na minha casa. 


Quando a gente foi com a polícia lá, para pegar as provas, meu guarda-roupa estava todo revirado. 


Ele conseguiu desfazer todas as provas.


Conseguiu quebrar a bateria do celular dele inteira. 


Quebrou o celular dele no meio. 


Quebrou meu guarda-roupa procurando papéis dele, documentos. 


As malas dele, bolsas dele", disse a jovem. 

Eva diz que a mãe também ainda está muito abalada. "


Ela está comigo sob proteção da Justiça e, assim como eu e todo mundo, quer que ele pague pelo que fez. 


Queremos justiça. 


Nunca vou esquecer as cenas que eu vi e as dores que eu senti", destacou. 

Eva, que já tinha prestado uma queixa contra o padrasto quando tinha 13 anos e que foi obrigada a retirar por conta de ameaças do suspeito, diz que ainda confia na Justiça. 


"Acredito totalmente e creio que ele pagará por tudo. 


Também tenho orgulho das pessoas que estão comigo, me ajudando", diz. 

A advogada de Eva, Maria Cristina Carneiro, que já foi sua professora, diz que a defesa está fazendo recolhimento da provas e ouvindo testemunhas para reforçar as denúncias de Eva. 


"Ele ficou acompanhando o inquérito e teve notícia de que haveria uma busca e apreensão na casa onde morava com a família. 


Foi lá antes e destruiu provas, quebrou celular, chip. 


Inclusive, ele trocou o segredo da fechadura", destacou. 

Abusos e torturas.

 

Após a tentativa frustrada de levar o padrasto para a cadeia, quando tinha 13 anos, a jovem disse que os abusos, torturas e agressões aumentaram. 


O pai biológico não conviveu com ela e a mãe — Eva diz que só o conheceu quando tinha 14 anos. 

"O Estado falhou a tal ponto, que o meu caso não chegou nem ao Ministério Público. 


Fui obrigada a retirar a queixa por ameaças do meu padrasto. 


Ele utilizou o poder financeiro pra comprar a liberdade e comprar a minha alma. 


Porque ali eu perdi a minha alma. 


E o que eu fui denunciar, 1 ano de sofrimento, se multiplicou em mais 8 anos", relatou. 

"As agressões eram verbais, físicas e psicológicas. 


Entre elas comer muito, em tempo estipulado. 


Isso aconteceu com uma pizza família, pra comer inteira em 10 minutos. Óbvio que não conseguimos. 


Também tomar 2 litros de refrigerante nesses 10 minutos. 


Eu levei socos no rosto, e ele não me deixava me proteger com a mão". 

"Chutes até cair no chão e, de quatro, ele enfiou as pizzas na minha boca, me chamando de animal.


Eu vomitei e comi meu próprio vômito.


Meu gato comeu um pedaço e lambeu outro, ele me obrigou a comer o que ele havia lambido", destacou.

A jovem ainda relatou que era obrigada a fazer trabalhos de faculdade para o padrasto e que era torturada caso se negasse. 


Ela também disse que tinha o celular vistoriado todos os dias e que era proibida de sair com amigos e de namorar. 

A jovem ainda relata nos posts que decidiu novamente denunciar o padrasto e pedir ajuda, agora, porque "ou ele mataria ou eu me mataria". 

"Tentei me suicidar várias vezes com cortes e remédios.


Eu contei a verdade pois não aguentava mais".

"Ele me agredia nos estupros, mas depois de um tempo, só utilizou das ameaças contra a minha família. 


Eu era usada como um lixo. 


Já abortei diversas vezes. 


Nunca pude ir ao médico pra fazer curetagem. 


Todas as vezes sangrava e passava mal a noite inteira. 


Já vi os bebês inteiros no vaso sanitário. 


Eu era chamada de burra, anta, doente, demente todos os dias, e era obrigada a repetir isso pra mim mesma", relata a jovem. 

"Ele é um monstro.


Perdi minha infância e adolescência.


Me sentia um lixo por não ter forças pra pedir ajuda e por sentir tanto medo", afirmou.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que ofereceu denúncia contra o suspeito no dia 11 de fevereiro, por todos os crimes narrados pela vítima. 


O MP afirmou que recebeu o inquérito da Delegacia de Atendimento à Mulher de Camaçari, no dia 7 de fevereiro, e ouviu a vítima no dia seguinte. 

O Ministério Público informou também que solicitou medida de busca e apreensão de provas contra o suspeito, que foi cumprida no mesmo dia da prisão dele. 


A promotora de Justiça Anna Karina Senna, substituta na 10ª Promotoria de Justiça de Camaçari, e outras cinco promotoras de Justiça foram designadas para atuar na análise do inquérito. 


O processo penal está em segredo de justiça por força de lei, informou o MP-BA.

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