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domingo, fevereiro 24, 2019

Professor agredido a socos por aluno de 14 anos relata medo: 'Não quero mais dar aula'




Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ficou com o rosto ensanguentado após episódio de violência na sala de aula, em Lins (SP). Professor e um cuidador também foram feridos por aluno em outra escola da cidade.

 

Por Sérgio Pais, G1 Bauru e Marília
 O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ensanguentado no banheiro da escola após a agressão: "Decepção" — Foto: Arquivo pessoal
O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, ensanguentado no banheiro da escola após a agressão: "Decepção" — Foto: Arquivo pessoal.

O professor Paulo Rafael Procópio, de 62 anos, anunciou que pretende abandonar a profissão. 


A decisão, tomada após 20 anos de magistério, foi tomada após a agressão que sofreu por parte de um aluno de 14 anos, dentro da sala de aula de uma escola estadual de Lins (SP). 

O ataque foi um dos dois casos de agressão a professores registrados na cidade na sexta-feira (22) envolvendo alunos menores de idade. 


Em outra escola, um professor de 41 anos e um cuidador, de 23, foram agredidos e ameaçados por um aluno de 12 anos. 

Paulo Procópio, que dá aulas de história e geografia há três anos na escola estadual Otacílio Sant’anna, no Parque Alto de Fátima, explicou que já tem tempo para se aposentar, mas admitia seguir trabalhando após obter o benefício. 

“Estou horrorizado.


A gente sempre ouvia falar em casos de violência dentro de salas de aula, mas confesso que nunca imaginei passar por isso.


Já estava decepcionado com a falta de respeito dos alunos, mas essa agressão foi demais”, disse ao G1.
Agressão contra o professor de história e geografia aconteceu na escola estadual Otacílio Sant'anna, em Lins — Foto: Reprodução/Google Street View Agressão contra o professor de história e geografia aconteceu na escola estadual Otacílio Sant'anna, em Lins — Foto: Reprodução/Google Street View.

Paulo Procópio ainda se recupera dos ferimentos no rosto que sofreu após ser agredido pelo aluno. 


Ele precisou levar seis pontos cirúrgicos no rosto e mais dois no supercílio para fechar os cortes provocados pelos socos desferidos pelo aluno e também pelo caderno que foi atirado durante o ataque.


“Tem muitos professores que, até pela questão financeira, continuam trabalhando após se aposentar.


Mas agora vou me aposentar e procurar outra coisa pra fazer.


Não quero mais dar aulas”, diz o professor, que ficará afastado em licença médica até a próxima quarta-feira (27).

Outra agressão na sala de aula.

 

O outro caso de agressão em Lins foi registrado na escola estadual Fernando Costa, no Centro de Lins. 


De acordo com o boletim de ocorrência, um professor de 41 anos e um cuidador, de 23, foram agredidos e ameaçados por um aluno de 12 anos. 

O aluno estaria exaltado na sala de aula porque não tinha caneta. 


Então, o professor teria dado uma caneta para o menor, que jogou o objeto no chão. 


Ainda segundo o registro policial, o educador pediu para que o estudante saísse da sala de aula, momento em que começou a confusão. 

De acordo com o boletim, o aluno partiu para cima do professor com tapas e socos, provocando lesões nos braços. 


Um cuidador da escola tentou apartar a confusão e também foi atingido. 


Ainda segundo o boletim de ocorrência, o aluno ameaçou o professor de morte. 

O menor foi para a diretoria da escola até a chegada de um parente. 


Já o professor e o cuidador registraram um boletim na central de polícia judiciária por lesão corporal e ameaça. 

A Polícia Civil informou que irá encaminhar os dois casos de agressão contra professores na segunda-feira (25) para a Vara da Infância e Juventude. 

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que "realiza trabalho junto a crianças em situação de vulnerabilidade social para coibir situações de violência nas escolas".

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