Amigo, que conhece Jimmy há 10 anos, conta que pai e filho tinham conflitos.
Para psicóloga, suspeito pode ter sofrido desequilíbrio após morte da mãe.
Mãe e filha foram mortas; sobrinho confessou
ter planejado mortes (Foto: Reprodução/TVAM)
ter planejado mortes (Foto: Reprodução/TVAM)
Segundo o amigo de Jimmy, ele era uma pessoa simpática, agradável e que gostava de ajudar muito as pessoas. "Conheço o Jimmy há dez anos. Quando aconteceu isso foi um choque e não imaginávamos que isso pudesse acontecer. A pessoa mudar dessa forma de uma hora para outra", contou ao G1.
O amigo do suspeito do triplo homicídio relatou que a relação de Jimmy com o pai era marcada por conflitos envolvendo questões da empresa de piscicultura de Roberval, onde o filho trabalhou durante anos. "É até comum discussão de filho que trabalha com o pai, mas no caso deles o motivo das brigas era porque o Jimmy não gostava de trabalhar, no entanto, o ajudava à medida do possível", disse.
As investigações da polícia, de acordo com o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Emerson Negreiros, apontaram que existiam conflitos entre Roberval e Jimmy pelo fato do pai não aceitar a homossexualidade do filho.
O amigo do suspeito disse que não tinha conhecimento dessa motivação, pois a vítima era reservada. Porém, ele revelou que o relacionamento entre ambos ficou mais difícil durante a separação dos pais. "Mesmo morando juntos, o pai e mãe dele estavam separados, com isso os dois tinham uma vida complicada", relatou.
Já a relação entre Jimmy e a tia Maria Gracilene, coordenadora-geral de Comércio Exterior da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), era considerada boa. O suspeito confesso chegou a morar no mesmo apartamento onde a tia foi morta por mais de um ano.
Maria Gracilene ajudou no tratamento da mãe de Jimmy, chamada de 'Sandrinha', que faleceu em maio do ano passado em decorrência de câncer. "Ela [Maria Gracilene] era praticamente a segunda mãe dele. A tia foi a que mais ajudou ele e a mãe, que ficaram hospedados na casa dela durante o tratamento do câncer. Deu todo apoio e suporte para mãe", afirmou o amigo.
Em sua página pessoal em uma rede social, Jimmy postou várias mensagens sobre a mãe durante o tratamento da doença e após a morte. Em uma das publicações, o suspeito agradeceu a tia pelo apoio durante tratamento da mãe: "Tia quero deixar registrado aqui meus infinitos agradecimentos por me (sic) propocionar momentos os quais estou resgatando os tempos bons juntamente aos meus amigos quando ainda não haviam turbulências em nossas vidas, porém "ESSAS" também serão lembradas e jamais esquecidas. Meu muito obrigado por tudo que a Senhora vem feito por nós !!! Seu sempre sobrinho, sua sempre cunhada e acima de tudo seus (sic) sempres amores: Jimmy Robert & Sandrinha (amamos você)", escreveu.
Em rede social, Jimmy Robert declarava amor e gratidão pela família (Foto: Reprodução/Facebook)
Da frieza à demonstração de sentimentoO diretor do DPM afirmou que, nos depoimentos à polícia, Jimmy tentava esconder o nervosismo. Já na última conversa antes de ser transferido para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa na noite desta quarta-feira (23), Jimmy chorou e pela primeira fez demonstrou sentimento.
"Ele é um rapaz inteligente, tratou toda situação racionalmente, tentando responder de forma racional. Já ontem [quarta-feira] ele esboçou sentimento, mas não posso afirmar se é arrependimento. Ele não se dava bem com o pai. Além disso, ele demonstrou carinho pela mãe falecida", enfatizou Negreiros, acrescentando que ainda não está clara a motivação do crime da tia e da prima.
saiba mais
O titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS)
disse que a defesa poderá solicitar uma perícia de um médico psiquiatra
para dar um laudo sobre Jimmy, que ficará pronto após 30 dias. Jimmy e
os outros dois assassinos confessos, Rodrigo de Moraes Alves, de 19
anos, e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães, serão indiciados por triplo
homicídio qualificado, formação de quadrilha, maus tratos contra
animais. No caso de Rodrigo, além desses crimes responderá por porte
ilegal de armas. A Polícia Civil vai encaminhar o inquérito à Justiça no
prazo de 10 dias, a contar da data de prisão do trio.-
Vídeo mostra chegada de criminosos para matar Famíla Belota, em Manaus
-
Corpos de família morta serão enterrados nesta quinta, em Manaus
-
Jimmy confessa morte do pai, da tia e da prima em Manaus, diz polícia
-
'Fiz por dinheiro e me arrependo', diz suspeito de matar família em Manaus
-
Suspeito usou cão de vítima para facilitar morte de família, diz polícia
-
No AM, suspeito de matar familiares acompanhou investigação policial
-
Corpos de família assassinada em Manaus são velados
-
Filho de vítima comandou mortes de família Belota por herança, diz SSP-AM
-
Suspeitos de cometer triplo homicídio da família Belota são ouvidos, no AM
-
Assassinos de mãe, tio e filha podem ser conhecidos da família, diz polícia
-
Mãe e filha são encontradas mortas dentro de casa em Manaus
Desequilíbrio após perder a mãe
A psicóloga clínica especializada em álcool e drogas, Carla Dimarães, acredita que a perda da mãe, em maio de 2012, pode ter causado um desequilíbrio emocional que não foi percebido pela família. "O rompimento afetivo pode ter promovido algum tipo de transtorno que não foi acompanhado, que a família acabou não percebendo. Nesse caso, pode acontecer um desvio de personalidade onde a pessoa é aparentemente normal", disse ao G1.
Segundo ela, o fato de Jimmy ser homossexual trazia fatores que poderiam desencadear um desvio de conduta. "Ninguém sabe como ele lidava com essa questão. Ninguém sabe se ele sofria com o preconceito. Se isto de fato ocorria, isso pode, aliado a diversos fatores, ter desencadeado uma corrente de ódio, raiva e impulsividade”, explicou.
Ainda segundo a médica, é impossível saber o que realmente motivou Jimmy a tomar a atitude de matar a família analisando o caso superficialmente. "Não dá pra saber sem ouví-lo, sem saber pelo que ele passou. A história dele tem muita coisa por trás ainda", completou.
Jimmy Robert de Queiroz Brito é suspeito de ser mandante
do crime (Foto: Mônica Dias/G1 AM)