Policiais federais fazem buscas na manhã desta quinta-feira (25) em endereços ligados a suspeitos de participar de um esquema na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas e cidadãos comuns.
O crime, segundo as investigações, envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.
A GloboNews apurou que um deles é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência no governo Jair Bolsonaro.
Há buscas sendo conduzidas no gabinete de Ramagem e no apartamento funcional da Câmara hoje ocupado por ele.
O g1 e a GloboNews pediram um posicionamento de Ramagem, que ainda não havia retornado os contatos até as 8h45 desta quinta.
Polícia Federal faz busca no gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem — Foto: TV Globo/Reprodução.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Os nomes dos alvos não foram divulgados.
Segundo a PF, além das buscas, há outras medidas alternativas à prisão sendo cumpridas, incluindo a suspensão imediata de sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.
Ao todo, a PF cumpre 21 mandados de busca e apreensão.
São 18 em Brasília (DF), 1 em Juiz de Fora (MG), 1 em São João del Rei (MG) e 1 no Rio de Janeiro.
Operação faz buscas no gabinete de Alexandre Ramagem na Câmara dos Deputados no dia 25 de janeiro de 2023 — Foto: GloboNews/Reprodução.
A operação desta quinta foi chamada de "Vigilância Aproximada" e é um desdobramento da operação "Primeira Milha", iniciada em outubro de 2023 para investigar o suposto uso criminoso da ferramenta "FirstMile".
O mau uso dessa tecnologia de espionagem, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), foi revelado em março pelo jornal O Globo.
A investigação da PF apontou que o software comprado pelo governo usava dados de GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
Naquele momento, quando a denúncia do uso do sistema veio à tona, a Abin confirmou ao g1 que utilizou a tecnologia.
O programa foi comprado no fim do governo Temer, a poucos dias da posse de Jair Bolsonaro, e usado até parte do terceiro ano
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