Trecho do relatório enviado pela PF ao ministro Alexandre de Moraes – Reprodução/PF.
Ex-braço direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid discutiu com o ex-major do Exército, Ailton Barros, em dezembro de 2022, a possibilidade de dar um golpe de Estado e, logo em seguida, prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mostram mensagens obtidas pela CNN Brasil.
O diálogo foi interceptado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Venire, que mira uma organização criminosa responsável pela falsificação de dados sobre a vacinação contra a covid-19.
No relatório enviado ao STF sobre as investigações, a PF afirmou que Barros e outras pessoas ainda não identificadas estariam envolvidas “em tratativas para execução de um Golpe de Estado”.
De acordo com as mensagens, Barros descreve o método a ser utilizado para colocar o plano em ação.
O primeiro passo, diz, seria “continuar pressionando” o General Freire Gomes, então comandante do Exército, para “fazer um pronunciamento se posicionando em defesa do povo brasileiro”, mas dentro das “quatro linhas” da Constituição.
“E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa.
Que você viu, né?
Eu não preciso falar.
Está abalada em todo o Brasil”, acrescenta.
No diálogo, o ex-major ainda diz que seria necessário ter, até o dia 16 de dezembro, “todos os decretos da ordem de operações” prontos.
Um deles, sugere, teria como objetivo determinar a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
“O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força.
Braço forte, mão amiga.
Qual é o problema, entendeu?”, inicia.
“Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, conclui.
Ex-candidato a deputado estadual pelo PL do Rio de Janeiro, Ailton Barros é advogado e tem 61 anos.
Em outras mensagens obtidas pela PF, o ex-major diz saber quem mandou matar a vereadora carioca Marielle Franco, em janeiro de 2018.
“Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou.
Sei a porra toda.
Entendeu?
Está de bucha nessa parada aí”, disse, em mensagem enviada em 30 de novembro de 2021 a Mauro Cid.
Marielle foi morta a tiros enquanto voltava de um evento político no Rio de Janeiro em março de 2018.
No curso das primeiras investigações, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz foram presos acusados do crime, mas o mandante e as motivações ainda não foram esclarecidas.
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