Força-tarefa pediu também o sequestro de R$ 207 milhões em bens dos envolvidos e de suas empresas, por danos materiais e morais.
Por Arthur Guimarães, Marco Antônio Martins e Nathália Castro, Bom Dia Rio
Ex-ministro é alvo de operação que investiga fraudes na Eletronuclear.
A força-tarefa da Lava Jato iniciou nesta quinta-feira (25) a Operação
Fiat Lux, contra fraudes na Eletronuclear, com pagamentos no exterior.
Silas Rondeau, ministro das Minas e Energia entre 2005 e 2007 (no
segundo governo Lula), é um dos procurados.
Equipes estiveram em endereços em Ipanema, na Zona Sul do Rio, e em Brasília, mas não o encontraram até a última atualização desta reportagem.
Equipes estiveram em endereços em Ipanema, na Zona Sul do Rio, e em Brasília, mas não o encontraram até a última atualização desta reportagem.
O ex-deputado federal Anibal Ferreira Gomes (DEM-CE) também tem um
mandado de prisão contra si.
No início do mês, a 2ª Turma do STF condenou Aníbal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No início do mês, a 2ª Turma do STF condenou Aníbal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O parlamentar foi acusado de receber R$ 3 milhões em propina junto com o
engenheiro Luiz Carlos Batista Sá, que é outro alvo da operação desta
quinta-feira.
Até a última atualização desta reportagem, quatro pessoas haviam sido
presas -- entre elas, Ana Cristina Toniolo.
Ana é filha de Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear.
Ana é filha de Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear.
O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do RJ, expediu, ao
todo, 17 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão temporária nos
estados do Rio de Janeiro (capital, Niterói e Petrópolis), São Paulo e
no Distrito Federal.
A Lava Jato pediu também o sequestro dos bens dos envolvidos e de suas
empresas pelos danos materiais e morais causados no valor de R$ 207
milhões.
Ex-ministro Silas Rondeau em foto de 2007 em Brasília — Foto: Rafael Carvalho/Governo do Tocantins.
Delação de lobistas.
O esquema investigado é mais uma etapa contra responsáveis por
contratos fraudulentos e pagamento de propina na Eletronuclear, que não
foram abrangidos pelas operações Radioatividade, Irmandade, Prypiat e
Descontaminação.
A investigação teve como base a colaboração premiada dos lobistas Jorge
Luz e o filho, Bruno, ligados ao PMDB.
Os Luz foram presos em Miami em 2017, por ordem da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR.
Os Luz foram presos em Miami em 2017, por ordem da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR.
A delação de Jorge e Bruno -- homologada pelo pelo ministro Edson
Fachin, do STF -- apontou o pagamento de vantagens indevidas em pelo
menos seis contratos firmados pela Eletronuclear.
Os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de
empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores
entre os investigados.
Othon Luiz participou, em 2011, de audiência no Senado para discutir o
sistema de energia nuclear do país — Foto: Antonio Cruz/ABr.
Segundo o MPF, a exigência de propina teve início logo após Othon Pinheiro chegar à presidência da estatal.
A vantagem indevida seria uma contrapartida à celebração de novos
contratos e ao pagamento de valores em aberto de contratos que se
encontravam em vigor.
Parte do esquema operou com empresas sediadas no Canadá, França e
Dinamarca -- por isso, o MPF solicitou a cooperação internacional e vai
compartilhar o material da investigação com o Ministério Público destes
países.
Temer é réu.
Em abril de 2019, Bretas aceitou duas denúncias feitas pelo Ministério Público Federal e tornou réus o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco e outros 12 investigados.
Temer e Moreira chegaram a ser presos em março do ano passado, mas foram soltos dias depois.
Foto tirada em 2010, pouco antes do início da retomada das obras de Angra 3 — Foto: Divulgação.
O desmembramento da denúncia oferecida a partir da Operação
Radioatividade trouxe parte das investigações da Lava Jato para o Rio de
Janeiro.
Nesta etapa, segundo o MPF, foi constatado o envolvimento de, pelo
menos, duas grandes empreiteiras, a Andrade Gutierrez e a Engevix, em
prática ilícitas, em virtude da execução de contratos e aditivos
celebrados com a Eletronuclear para a construção da usina de Angra 3.
A Operação Prypiat, já deflagrada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio
de Janeiro, aprofundou as investigações, debruçando-se sobre os
contratos com a Flexsystem Engenharia, Flexsystem Sistemas e VW
Refrigeração.
Já a Operação Irmandade dedicou-se ao núcleo financeiro-operacional do
esquema.
A partir da colaboração de executivos da Andrade Gutierrez, foi demonstrada a forma de geração do caixa 2 da empresa para realização dos pagamentos de propina em espécie para funcionários da Eletronuclear.
A partir da colaboração de executivos da Andrade Gutierrez, foi demonstrada a forma de geração do caixa 2 da empresa para realização dos pagamentos de propina em espécie para funcionários da Eletronuclear.
Este esquema de lavagem de dinheiro era similar ao investigado pela
Operação Fiat Lux e sustentava-se na celebração de contratos fictícios e
expedição de notas fiscais falsas com várias empresas.
O que dizem os envolvidos.
A defesa de Othon Pinheiro disse que o mandado de prisão temporária
contra a filha dele revela “falta de humanismo em um momento de
pandemia” e que vai entrar com um pedido de habeas corpus.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não conseguiu contato
com a defesa do ex-deputado federal Aníbal Ferreira Gomes e do
ex-ministro Silas Rondeau.
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