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Até então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), João Luiz Filgueiras de Azevedo afirmou, em
entrevista ao G1, que soube da sua exoneração na manhã desta sexta-feira (17), quando foi publicada a portaria no Diário Oficial da União.
"Eu sabia que iria acontecer, mas não sabia quando.
Soube hoje pelo Diário Oficial.
Não foi surpresa", afirmou.
Azevedo estava à frente do conselho de fomento à ciência desde
fevereiro de 2019.
De acordo com a Associação de Servidores do CNPq, a exoneração está ligada ao posicionamento de Azevedo que pedia mais verbas e autonomia para a entidade.
Em nota, a associação afirmou que recebeu a notícia com "surpresa e preocupação" e alertou para a redução de orçamento da entidade (leia mais abaixo).
De acordo com a Associação de Servidores do CNPq, a exoneração está ligada ao posicionamento de Azevedo que pedia mais verbas e autonomia para a entidade.
Em nota, a associação afirmou que recebeu a notícia com "surpresa e preocupação" e alertou para a redução de orçamento da entidade (leia mais abaixo).
Questionado pelo G1 se
sua saída estava ligada à postura que assumiu, Azevedo afirmou "eu era
presidente do CNPq, minha função era defender o CNPq."
Ele disse que agora voltará às atividades de pesquisa, afirmou que o
importante é garantir que o CNPq siga com suas atividades e referendou a
escolha de Evaldo Ferreira Vilela, presidente da Fundação de Amparo a
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que foi nomeado para
assumir o cargo.
"O importante é o CNPq, o Vilela é experiente, a gente torce para ter uma boa gestão", afirmou.
O G1
entrou em contato com o CNPq perguntando o motivo da troca, mas não
recebeu a informação até a publicação desta reportagem.
O conselho é vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTIC), mas a exoneração é assinada pelo general Braga Netto, da Casa Civil.
O conselho é vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTIC), mas a exoneração é assinada pelo general Braga Netto, da Casa Civil.
Azevedo é engenheiro aeronáutico pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), e tem doutorado em Aeronautics and Astronautics
Engineering pela Universidade de Stanford.
Vilela é agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), e tem
doutorado em ecologia química pela Universidade de Southampton, no Reino
Unido.
Ele também possui estágios como pós-doutor nas Universidades de Tsukuba (Japão), Nurnberg-Erlangen e California-Berkeley.
Ele também possui estágios como pós-doutor nas Universidades de Tsukuba (Japão), Nurnberg-Erlangen e California-Berkeley.
Em nota, a associação de servidores do CNPq afirmou que recebeu a
notícia da exoneração com "surpresa e preocupação".
A entidade citou que, recentemente, Azevedo se posicionou contra a falta de repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), e que a decisão foi revertida após repercussão negativa.
A entidade citou que, recentemente, Azevedo se posicionou contra a falta de repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), e que a decisão foi revertida após repercussão negativa.
Leia a íntegra:
"Foi
com surpresa e preocupação que a Associação dos Servidores do CNPq –
ASCON recebeu a notícia da exoneração do Prof. João Luiz Filgueiras de
Azevedo da Presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq na data de hoje, precisamente quando o
CNPq comemora seu aniversário de 69 anos.
A
gestão do Prof. Azevedo à frente do CNPq tem sido pautada pelo respeito
à história do Conselho, no tocante à sua função de principal agência de
fomento à ciência e à P&D no Brasil, e subsequente defesa do papel
central que o CNPq tem no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia
(SNCT) brasileiro.
Considerando
que o CNPq nos últimos anos vem sofrendo um esvaziamento regular e
sustentado de sua importância e atuação no fomento à ciência e à
tecnologia (C&T) – notadamente desde 2017, quando o CNPq passou a
ocupar uma posição bastante diminuída no organograma do MCTIC – o
posicionamento do Prof. João Azevedo tem sido um contraponto importante e
uma conduta bastante louvável por dois motivos principais: pelo
distanciamento acertado do entendimento de gestões anteriores do
Conselho, que o enxergavam apenas como mero executor das tarefas que lhe
repassava o Ministério – em frontal oposição à própria missão
institucional do CNPq, que inclui atuar na formulação das políticas de
fomento à ciência, tecnologia e inovação – e pela necessidade ainda mais
premente de se fortalecer a C&T no momento histórico ora vivido
pelo Brasil, em que a formulação de políticas públicas com base em
evidências tem sido cada vez mais preterida pela atual gestão
governamental.
Sabe-se
que recentemente o MCTIC decidiu não repassar a parcela cabível ao CNPq
dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT), decisão que encontrou resistência por parte do
Prof. Azevedo, no que foi apoiado pela comunidade acadêmica brasileira.
Em vista da repercussão negativa acarretada, a decisão foi revertida.
Em vista da repercussão negativa acarretada, a decisão foi revertida.
Observa-se
que o Prof. Azevedo vinha cumprindo seu papel de Presidente do CNPq
defendendo-o no que lhe cabia intervir.
Justamente por se tratar de uma conduta esperada do Presidente da agência é que a ASCON surpreende-se com sua exoneração, vez que tal fato aponta para a conclusão de que a defesa do CNPq, por seu papel central no SNCT brasileiro, não é mais desejada pelo governo.
Tentativas recentes de restringir as bolsas de Iniciação Científica (IC) e auxílios à pesquisa (APQ) da Chamada Universal tão somente a áreas tecnológicas também são indícios das investidas a que o CNPq vem resistindo e que tentam diminuir ainda mais seu papel e sua relevância.
Some-se a isso as Portarias MCTIC nº 1.122, de 19.03.2020 e nº 1.329, de 27.03.2020, que impuseram, sem qualquer debate com a comunidade e os órgãos envolvidos, prioridades do Ministro ao fomento à C&T, áreas estratégicas extremamente restritas, tributárias de uma visão estritamente mercadológica da C&T e ao arrepio da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), vigente até 2022, fica evidente a preocupação de que o SNCT está sendo esvaziado em detrimento da política de fomento à C&T brasileira, uma das mais longevas deste País, inaugurada com a fundação do CNPq em 1951.
Justamente por se tratar de uma conduta esperada do Presidente da agência é que a ASCON surpreende-se com sua exoneração, vez que tal fato aponta para a conclusão de que a defesa do CNPq, por seu papel central no SNCT brasileiro, não é mais desejada pelo governo.
Tentativas recentes de restringir as bolsas de Iniciação Científica (IC) e auxílios à pesquisa (APQ) da Chamada Universal tão somente a áreas tecnológicas também são indícios das investidas a que o CNPq vem resistindo e que tentam diminuir ainda mais seu papel e sua relevância.
Some-se a isso as Portarias MCTIC nº 1.122, de 19.03.2020 e nº 1.329, de 27.03.2020, que impuseram, sem qualquer debate com a comunidade e os órgãos envolvidos, prioridades do Ministro ao fomento à C&T, áreas estratégicas extremamente restritas, tributárias de uma visão estritamente mercadológica da C&T e ao arrepio da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), vigente até 2022, fica evidente a preocupação de que o SNCT está sendo esvaziado em detrimento da política de fomento à C&T brasileira, uma das mais longevas deste País, inaugurada com a fundação do CNPq em 1951.
Agradecemos
ao Prof. Azevedo por sua atuação firme e parceira da ASCON ao longo de
todo esse período em que esteve à frente do CNPq, zeloso de sua
relevância nacional, e, ao tempo em que damos as boas-vindas ao seu
sucessor Prof. Evaldo Vilela, instamolo a seguir com o trabalho de
defesa do CNPq e do SNCT feito por seu antecessor e a manter o diálogo
próximo da direção do Conselho com as instâncias representativas dos
seus servidores, gestores em C&T de fato e de direito.
Diretoria Executiva da ASCON.
Brasília, 17 de abril de 2020".
COMENTÁRIO:
Nomeação para cargos de confiança nos serviços públicos o nomeado só tem dois direitos diante de quem o nomeou:
OUVÍ-LO, E OBEDECÊ-LO.
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 17 de abril de 2020.
COMENTÁRIO:
Nomeação para cargos de confiança nos serviços públicos o nomeado só tem dois direitos diante de quem o nomeou:
OUVÍ-LO, E OBEDECÊ-LO.
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 17 de abril de 2020.
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