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segunda-feira, outubro 07, 2019

'Está cheio de doutor sem emprego, mas é difícil encanador passar fome', diz Weintraub ao defender ensino técnico


g1.globo.com

Ministro voltou a criticar universidades federais, que passam por bloqueio de verbas.


Ministro da Educação em evento em São Paulo — Foto: Marina Pinhoni/G1
Ministro da Educação em evento em São Paulo — Foto: Marina Pinhoni/G1.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a criticar as universidades federais e defendeu o ensino técnico em evento nesta segunda-feira (7) em São Paulo. 

“A escola pode ensinar um ofício. 


Aí vem o preconceito desses "intelectualóides" que acham que escola técnica não é boa porque ensina ofício. 


Tem que ser doutor. 


Está cheio de doutor sem emprego, mas é difícil ter um bom encanador passando fome ou na fila do Bolsa Família. 


É difícil um eletricista, um técnico bom, que não consegue se virar”, disse Weintraub.

O Brasil registrou 12,6 milhões de desempregados no trimestre encerrado em agosto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

De acordo com Weintraub, o governo federal vai lançar nesta terça-feira (8) um novo programa nacional para incentivar o ensino técnico no Brasil. 


“Nossa meta até o final do governo é aumentar em 80% o número de alunos no ensino técnico”. 

O ministro deu as declarações durante a entrega de 180 ônibus escolares a 144 municípios do estado de São Paulo no programa do Ministério da Educação (MEC) chamado “Caminhos da Escola”. 


O investimento de R$ 40,7 milhões foi liberado por meio de emendas parlamentares de deputados federais. 

Weintraub voltou a afirmar que a prioridade do governo Jair Bolsonaro (PSL) é a educação infantil e criticou as universidades federais, que já passaram por dois grandes contingenciamentos de verbas desde abril, que somam R$ 6,1 bilhão.

Na semana passada, o MEC anunciou a liberação de R$ 1,99 bilhão da pasta que será destinado, principalmente, para universidades e institutos federais. 


Ao todo, R$ 3,8 bilhões ainda seguem bloqueados. 

“Tenho sofrido críticas porque falo que a Educação tem que ser prioritária para creches e pré-escola e não para universidade federal. 


Mas cada universidade federal dessas grandes custa mais de R$ 3 bilhões por ano. 


Com uma delas a gente põe todas as crianças na creche na pré-escola”, diz.

De acordo com levantamento feito pelo G1, apenas uma universidade no Brasil teve orçamento na ordem de R$ 3 bilhões em 2019, que é a Universidade Federal do Rio de Janeiro. 


A universidade com o 10º maior orçamento tinha previsão de receber R$ 1,5 bilhão. 

O ministro disse ainda que assumiu o MEC após “décadas de destruição, bagunça e balbúrdia” e que sua gestão está redefinindo gastos do “recurso escasso”. 

“É uma turma [das universidades federais] que recebia bilhões como se não houvesse amanhã e pede mais R$ 50 milhões, R$ 60 milhões, enquanto está faltando ônibus para crianças”. 

Weintraub afirmou que manterá, no entanto, o orçamento das universidades federais para o ano que vem, mas não detalhou se haverá mais contingenciamento de verbas. 

“A gente não quer aumentar [o recurso]. 


A gente quer manter. 


Inclusive está no orçamento que foi enviado para o Congresso que a gente mantém o orçamento delas”.

Para obter mais recursos, segundo o ministro, as universidades devem recorrer ao Future-se, programa do MEC que pretende aumentar a participação privada no orçamento das federais. 


A proposta ainda está sob consulta pública, mas já levantou críticas de que pode ferir a autonomia de gestão. 

“No Future-se, quem quiser mais recurso pode buscar na iniciativa privada. 


A consulta pública é feita justamente para escutar a sociedade, fechar uma nova proposta e encaminhar para o Congresso. 


O Congresso soberano vai decidir o que fazer”, diz.

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