A prisão preventiva do casal Anthony e Rosinha Garotinho,
ex-governadores do Rio de Janeiro, foi pedida por risco de alguma
interferência de ambos nas investigações.
De acordo com o Ministério Público do RJ, a medida se fez necessária porque eles têm "poder dissuasório" em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense.
Ambos foram prefeitos da cidade.
De acordo com o Ministério Público do RJ, a medida se fez necessária porque eles têm "poder dissuasório" em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense.
Ambos foram prefeitos da cidade.
O casal foi preso nesta terça-feira (3), em uma investigação sobre
suposto pagamento de propina e superfaturamento na construção de casas
populares em Campos.
Em nota, a defesa de Anthony e Rosinha Garotinho nega as acusações, diz
que a prisão é ilegal e infundada e afirma que vai recorrer da decisão (leia a íntegra mais abaixo).
A promotora Simone Sibilio, coordenadora do Grupo de Atuação
Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), disse que "é
notório o poder dissuasório que os dois réus possuem no município de
Campos [dos Goytacazes]".
"A instrução criminal, ou seja, o regular andamento do processo exige a
prisão de todos os denunciados para que a colheita das provas em juízo
possa se dar na devida ingerência dos acusados nessa instrução
criminal”, afirmou ela.
Ex-governadores Garotinho e Rosinha são presos no Rio.
Simone Sibilio informou ainda que a prisão obedece ao que ela chamou de “conveniência da instrução criminal”.
Segundo ela, Garotinho e Rosinha “podem fazer ameaça” a testemunhas.
Segundo ela, Garotinho e Rosinha “podem fazer ameaça” a testemunhas.
“É quando réus ou ameaçam ou tentam fazer indevida ingerência na
colheita das provas durante o processo.
É notório que eles podem fazer ou ameaça, ainda que psicológica, ou algum manejo em relação às testemunhas que foram arroladas”, explicou Simone.
Unidos pelo matrimônio, unidos na religião evangélica, unidos na política partidária,e unidos no roubo aos cofres públicos, |
É notório que eles podem fazer ou ameaça, ainda que psicológica, ou algum manejo em relação às testemunhas que foram arroladas”, explicou Simone.
Setor da Odebrecht exclusivo para pagamento de propina.
A promotora de Justiça Ludmila Bissonho Rodrigues explicou, durante
coletiva de imprensa, como era a participação do casal Garotinho no
esquema criminoso.
Segundo ela, havia um setor destinado a fazer pagamentos indevidos.
Garotinho aparecia nas planilhas da Odebrecht como Bolinha, Bolinho e Pescador.
Segundo ela, havia um setor destinado a fazer pagamentos indevidos.
Garotinho aparecia nas planilhas da Odebrecht como Bolinha, Bolinho e Pescador.
Segundo a denúncia, em maio de 2008, antes da primeira gestão de
Rosinha à frente da prefeitura de Campos, Anthony Garotinho se reuniu
com executivos da Odebrecht.
O objetivo era “solicitar o pagamento de elevada quantia em espécie, sob o pretexto de doações para campanha de Rosinha à Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes”.
O objetivo era “solicitar o pagamento de elevada quantia em espécie, sob o pretexto de doações para campanha de Rosinha à Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes”.
Em troca, Garotinho, de acordo com o documento, teria garantido que a
Odebrecht seria contratada para construir 10 mil casas populares em
Campos.
E a promessa foi cumprida: no dia 1 de outubro de 2009, já com Rosinha
como prefeita, o contrato foi celebrado para a construção de 5,1 mil
casas.
O valor inicial estipulado era de R$ 357,9 milhões.
Outros R$ 147 milhões em aditivos seriam pagos, totalizando R$ 504 milhões para o primeiro condomínio do programa “Morar Feliz”.
O valor inicial estipulado era de R$ 357,9 milhões.
Outros R$ 147 milhões em aditivos seriam pagos, totalizando R$ 504 milhões para o primeiro condomínio do programa “Morar Feliz”.
No condomínio Morar Feliz 2, foram R$476,5 milhões, somados a outros R$
34 milhões em aditivos, deixando o valor em R$ 510 milhões.
O valor das licitações dos dois condomínios ultrapassa, portanto, R$ 1 bilhão.
O valor das licitações dos dois condomínios ultrapassa, portanto, R$ 1 bilhão.
“No que ficou apurado, a solicitação das vantagens [para a Odebrecht]
se dava em benefício de ambos [Anthony e Rosinha].
Os outros três denunciados figuravam como intermediários desse recebimento, dessas quantias indevidas”, disse Ludmila.
Os outros três denunciados figuravam como intermediários desse recebimento, dessas quantias indevidas”, disse Ludmila.
A promotora explicou que Álvaro Gaillez Novis, operador financeiro, era
responsável por entregar o valor da propina, através da transportadora
Transmar.
“Sobre a operacionalização dos pagamentos, as investigações apontaram
que no âmbito da Odebrecht havia funcionamento de um setor
especificamente destinado a operacionalizar esses pagamentos indevidos.
Era denominado ‘setor de operações estruturados’.
Através desse setor, diversos pagamentos eram autorizados e confeccionados planilhas”.
Era denominado ‘setor de operações estruturados’.
Através desse setor, diversos pagamentos eram autorizados e confeccionados planilhas”.
Sérgio Barcelos era intermediador de propina, diz MP.
Apesar de oito pessoas terem sido denunciadas, apenas cinco tiveram
mandado de prisão preventiva expedido.
As prisões de Sérgio Barcelos, subsecretário de Witzel, Angelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha ocorreram por causa dessa intermediação no recebimento de propina para Anthony e Rosinha Garotinho:
As prisões de Sérgio Barcelos, subsecretário de Witzel, Angelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha ocorreram por causa dessa intermediação no recebimento de propina para Anthony e Rosinha Garotinho:
“Barcelos funcionou como intermediário em 2008, Angelo foi identificado
como intermediário em 2012 e Gabriela como intermediária em 2014”,
disse Ludmila.
Leia a nota da defesa de Anthony e Rosinha Garotinho:
"A defesa dos ex-governadores Rosinha e Garotinho afirma que a prisão
determinada pela 2ª Vara Criminal de Campos é absolutamente ilegal,
infundada e se refere a supostos fatos pretéritos.
Enfatiza que, no caso concreto, a prefeitura de Campos pagou apenas
pelas casas efetivamente prontas e entregues pela construtora Odebrecht.
Se não
bastasse, a Odebrecht considerou ter sofrido prejuízo no contrato
firmado com a prefeitura de Campos e ingressou com ação contra o
município para receber mais de R$ 33 milhões.
A ação ainda não foi julgada e em janeiro deste ano a Justiça determinou uma perícia que sequer foi realizada.
A ação ainda não foi julgada e em janeiro deste ano a Justiça determinou uma perícia que sequer foi realizada.
É estranho, portanto, que o Ministério Público fale em superfaturamento
quando a própria empresa alega judicialmente ter sofrido prejuízo.
A defesa de Rosinha e Garotinho lamenta a politização do Judiciario de
Campos e do Ministério público Estadual, que teve vários de seus
integrantes denunciados pelo ex-governador Antony Garotinho à
Procuradoria Geral da República.
A defesa vai recorrer da decisão. "
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