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segunda-feira, setembro 23, 2019

Crime da 113 Sul: começa júri popular de Adriana Villela


g1.globo.com

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O júri popular da arquiteta Adriana Villela, acusada de ser mandante do assassinato do pai, da mãe e da empregada em 2009, começou às 11h04 desta segunda-feira (23), em Brasília. 

A expectativa é de que quatro testemunhas de acusação sejam ouvidas até o fim de segunda (veja a ordem do julgamento no fim da reportagem). 

Esta é a primeira vez que ela se senta no banco dos réus, 3.678 dias depois daquele que ficou conhecido como "crime da 113 Sul", em referência ao endereço onde a família morava. 

A sala do Tribunal do Júri foi reservada desta segunda (23) até sexta-feira (27), mas o veredito pode sair antes, segundo o Tribunal de Justiça do DF. 

A primeira testemunha ouvida foi a delegada Mabel Faria Corrêa, que comandou parte das investigações do caso (veja mais abaixo). 


Ela assumiu a apuração após o afastamento da delegada Martha Vargas, acusada de diversas irregularidades na condução do inquérito.
Adriana Villela chega a tribunal em Brasília ao lado do advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — Foto: TV Globo/Reprodução
Adriana Villela chega a tribunal em Brasília ao lado do advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — Foto: TV Globo/Reprodução.
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Adriana Villela, de 55 anos, é ré por triplo homicídio em um processo com mais de 20 mil páginas. 


No dia do crime, no sexto andar do bloco C da 113 Sul, quadra nobre de Brasília, foram assassinados: 

  • o pai dela, José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 38 facadas;
  • a mãe dela, Maria Carvalho Mendes Villela, 69 anos, advogada, com 12 facadas;
  • a empregada doméstica da família, Francisca Nascimento da Silva, 58 anos, com 23 facadas.


Adriana sempre negou todas as acusações


A defesa dela argumenta que o "processo é uma distorção psicológica feita pelo Ministério Público". 


O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alega que uma "linha do tempo" feita pela defesa comprova todos os passos da acusada no dia do crime. 

Já o MP sempre disse ter convicção de que Adriana esteve na cena do crime e foi a mandante dos três assassinatos. 


Para a acusação, o laudo comprova a presença de impressões digitais dela em um dos cômodos do apartamento da família.
Maria Carvalho Mendes Villela e José Guilherme Villela, mortos em 2009 em apartamento na Asa Sul — Foto: Arquivo pessoal
Maria Carvalho Mendes Villela e José Guilherme Villela, mortos em 2009 em apartamento na Asa Sul — Foto: Arquivo pessoal.

Adriana Villela chegou ao tribunal por volta das 9h, vestida de preto, acompanhada da filha, do irmão e de amigos. 


Minutos depois, postou em uma rede social a foto de uma vela com a imagem de São Expedito sobre uma das páginas do processo. 

Na mesma rede social, ela disse que o julgamento é a "oportunidade de esclarecer" quem é ela e a família. 


A arquiteta também agradeceu o apoio dos amigos. 

O julgamento segue a seguinte ordem: 
  1. Leitura das peças do processo;
  2. Depoimento das testemunhas de acusação e, em seguida, da defesa;
  3. Interrogatório da ré;
  4. Debates entre a promotoria e a defesa;
  5. Votação pelos jurados;
  6. Leitura da sentença.


A acusação convocou 17 testemunhas para o julgamento. 


A defesa, 27. 


Na semana passada, a defesa de Adriana Villela recorreu ao Superior Tribunal Federal (STF) para pedir a suspensão do júri popular, mas o pedido foi recusado pelo ministro Gilmar Mendes.
Adriana Villela chega a tribunal em Brasília; julgamento começa nesta segunda-feira (23) — Foto: TV Globo/Reprodução
Adriana Villela chega a tribunal em Brasília; julgamento começa nesta segunda-feira (23) — Foto: TV Globo/Reprodução.

A primeira testemunha ouvida, a pedido da acusação, foi a delegada aposentada Mabel Faria Corrêa, que chefiava a Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida) na época. 


"Nunca tinha me deparado com uma investigação tão ruim", disse. 

"Foi uma vidente que conduziu toda a investigação na 1ª DP", afirmou a delegada aposentada. 


Segundo Mabel, a vidente, Rosa Maria Jaques, dizia ter credencial do Núcleo de Estudos Paranormais da Universidade de Brasília (UnB). 

O Tribunal do Júri é composto pelo presidente e 25 jurados. 


Os nomes dos 17 que se apresentaram – pessoas comuns, sem formação em direito, necessariamente – foram colocados em uma urna. 


Os celulares deles foram recolhidos por volta das 10h30. 

Tanto a defesa quanto a acusação puderam descartar, cada uma, três jurados. 


A defesa recusou três; a acusação, um. 

Dos jurados que restaram, sete foram sorteados para compor o conselho de sentença, que vai declarar se a ré é culpada ou inocente: quatro mulheres e três homens. 


O resultado do julgamento será definido por maioria. 

Após o sorteio, os jurados selecionados ficarão incomunicáveis até o fim do júri, não podendo falar com outras pessoas nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho. 

No caso do júri de Adriana Villela, está previsto que a sessão se estenda por quase uma semana, mas os jurados não poderão voltar para casa. 


Eles vão dormir, comer e cuidar da higiene pessoal nas dependências do tribunal, sob acompanhamento constante.
Entenda o crime da 113 Sul
Entenda o crime da 113 Sul.

Os corpos de José Guilherme Villela, Maria Carvalho Mendes Villela e Francisca Nascimento Silva foram achados, já em estado de decomposição, em 31 de agosto de 2009, na Asa Sul. 

A perícia demonstrou que eles foram assassinados em 28 de agosto de 2009, por volta das 19h15. 

Os corpos foram descobertos por uma neta do casal, filha de Adriana, que afirmou à polícia que os avós não tinham aparecido no escritório de advocacia que mantinham em Brasília. 


A jovem abriu o apartamento com a ajuda de um chaveiro. 

Os corpos do ex-ministro do TSE e de Francisca foram encontrados na área de serviço do apartamento. 


O corpo de Maria estava em um corredor do imóvel. 


A perícia demonstrou que José Guilherme Villela foi o último a morrer.
Crime da 113 Sul: perícia realizada em 2009 no apartamento onde morreram José Guilherme Villela, Maria Carvalho Villela e Francisca Nascimento Silva — Foto: TV Globo/Reprodução
Crime da 113 Sul: perícia realizada em 2009 no apartamento onde morreram José Guilherme Villela, Maria Carvalho Villela e Francisca Nascimento Silva — Foto: TV Globo/Reprodução.

Em júri popular encerrado em 2013, os acusados de executar o homicídio foram condenados a mais de 55 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e furto qualificado. 

O julgamento durou quatro dias. Durante o processo, ambos negaram envolvimento no crime. 

Já a delegada Martha Vargas, que coordenou a investigação do caso, foi condenada a 16 anos de reclusão pelos crimes de falsidade ideológica, fraude processual, tortura e violação de sigilo funcional.
Delegada Martha Vargas, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução
Delegada Martha Vargas, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução.

A investigação do Ministério Público apontou que, ao longo de oito meses, a delegada se baseou em informações de uma vidente para dar andamento às investigações. 


Além disso, segundo o Ministério Público, ela teria ordenado "tortura física e psicológica" para que os suspeitos confessassem os crimes. 

A defesa de Martha Vargas sempre negou as acusações. 


O advogado dela, Paulo Suzano, já chamou as alegações do MP de “conversa fiada” e a decisão do TJ de “sentença medonha”.

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