Por Andréia Sadi.
O ministro Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro durante evento no
Palácio do Planalto em agosto — Foto: REUTERS/Adriano Machado.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, conseguiu reverter a ideia do presidente Jair Bolsonaro sobre a permanência de Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal (PF), pelo menos por ora.
Moro e Bolsonaro estiveram juntos nesta semana, logo após o retorno do presidente à Brasília.
Bolsonaro ficou nove dias internado em um hospital em São Paulo, depois do quarto procedimento desde a facada sofrida no abdômen em 2018.
Os dois já haviam se encontrado em São Paulo, quando o ministro visitou o presidente.
Bolsonaro ficou nove dias internado em um hospital em São Paulo, depois do quarto procedimento desde a facada sofrida no abdômen em 2018.
Os dois já haviam se encontrado em São Paulo, quando o ministro visitou o presidente.
Valeixo, que estava de férias e reassume os trabalhos nesta
quinta-feira (19), foi ameaçado no cargo após declarações do presidente.
Em meados de agosto, Bolsonaro afirmou que poderia substituir o diretor-geral da Polícia Federal.
Na época, ele afirmou que é o responsável por indicar o ocupante ao cargo, e não o ministro Sergio Moro, a quem a PF está vinculada.
Na época, ele afirmou que é o responsável por indicar o ocupante ao cargo, e não o ministro Sergio Moro, a quem a PF está vinculada.
Dias depois, durante seminário no Ministério da Justiça, o ministro Sergio Moro saiu em defesa do delegado Maurício Valeixo.
Nos bastidores, Moro dava sinais de que, se Valeixo fosse demitido sem
sua anuência, ele poderia deixar o cargo, o que ele nega oficialmente,
como fez ao programa "Em foco", na GloboNews.
No governo, ministros da ala militar vêm repetindo, de forma reservada,
que se Moro sair do governo o desgaste para o presidente seria
incalculável, principalmente para o discurso do combate à corrupção – um
dos pilares da campanha que elegeu Bolsonaro.
Mas o pano de fundo da polêmica envolve a desconfiança de que Moro é candidato em 2022 – o que o ministro já negou.
Um ministro chegou a dizer ao blog nesta quarta-feira (18) que "não
havia necessidade em trocar Valeixo enquanto Moro estava sendo "de uma
correção e gentileza" com o presidente.
E que as "teorias de conspiração" que alimentam Bolsonaro sobre possível candidatura de Moro são produzidas pelo "grupo da raiva", conselheiros do presidente que não trabalham no governo.
E que as "teorias de conspiração" que alimentam Bolsonaro sobre possível candidatura de Moro são produzidas pelo "grupo da raiva", conselheiros do presidente que não trabalham no governo.
Valeixo é escolha de confiança de Moro, mas entrou na mira do grupo do presidente Bolsonaro nos últimos meses.
Para aliados do Moro, pesou para a "fritura" de Valeixo o despacho de
um delegado do Rio de Janeiro, responsável por uma investigação sobre
crimes previdenciários, que cita um homem identificado como Hélio Negão,
que seria homônimo do deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), conhecido
como "Helio Negão" – amigo há mais de décadas do presidente da
República.
A avaliação é a de que "grupos na PF" estavam atuando para "queimar
Valeixo e Ricardo Saad" junto ao presidente.
Bolsonaro disse que iria substituir o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, por problemas de "gestão e produtividade".
Bolsonaro disse que iria substituir o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, por problemas de "gestão e produtividade".
No mesmo dia, entretanto, a PF divulgou nota dizendo que a substituição
não tinha relação com a produtividade de Saadi, e anunciou que o posto
seria assumido por Carlos Henrique Oliveira Sousa, de Pernambuco.
No dia seguinte, entretanto, Bolsonaro reagiu ao nome de Sousa e, ao
dizer que seria Alexandre Silva Saraiva, de Manaus, e afirmou que "quem
manda sou eu".
Com a permanência de Valeixo na diretoria-geral da PF, Moro dá
sequência aos trabalhos no Ministério da Justiça e, no ano que vem, pode
ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), nas contas de seus
aliados.
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