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sexta-feira, agosto 30, 2019

Na 'Amazônia francesa', parque ocupa quase metade do território e garimpo é maior ameaça ambiental


g1.globo.com

O maior parque nacional da França não está na Europa, e sim na Amazônia. 


E faz fronteira com o Brasil. 


O Parque Amazônico da Guiana ocupa uma área de cerca de 34 mil quilômetros quadrados – mais do que o estado de Alagoas e equivalente a quase metade do território da Guiana Francesa

Longe das queimadas que geraram mal estar entre os presidentes Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro, a região tem o garimpo ilegal como o problema mais grave para a preservação da Amazônia. 


O problema, inclusive, tem levado Brasil e França a fazerem operações conjuntas para evitar a exploração clandestina da floresta (leia sobre o tema mais adiante).
Apesar do nome 'Vila Brasil', comunidade fica do lado francês do rio Oiapoque, que divide os dois países — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane
Apesar do nome 'Vila Brasil', comunidade fica do lado francês do rio Oiapoque, que divide os dois países — Foto: Guillaume.


Feuillet/Parc amazonien de Guyane
Então, como as queimadas pouco afetaram a Guiana Francesa?

 
Uma imensa área de preservação dividida por Brasil e França ajudou a evitar queimadas no nordeste da Amazônia, disse ao G1 o cientista Jérôme Chave, do Centro de Estudos da Biodiversidade da Amazônia.  


Ele mencionou as seguintes razões:

 
  • As queimadas que chamaram atenção do mundo ocorreram principalmente em áreas desmatadas anteriormente (veja aqui o que diz um cientista da Nasa).
  • Não é o caso do Parque Amazônico da Guiana, que, com o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque (Amapá), formam uma das maiores áreas preservadas de floresta do mundo.
  • A enorme e densa mata isolam esses dois parques dos maiores centros urbanos da região amazônica.
"No norte [da Amazônia], o acesso é mais difícil, então há menos perigo de fogo e desmatamento.


Essa é a vantagem de nossa geografia", explicou Chave.


Mapa do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Rodrigo Sanches/G1 








































Mapa do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Rodrigo Sanches/G1.

O Parque Amazônico da Guiana abriga centenas de milhares de espécies diferentes. 


Só de insetos, estima-se que haja 100 mil. 


Tamanha biodiversidade leva os franceses a pressionarem as autoridades locais por maior preservação das florestas sob controle da França. 

"A Amazônia é uma região que faz muita gente sonhar.


Principalmente em zonas temperadas, como a França, há toda uma cultura e imaginário que se construiu sobre a floresta", comenta Chave.
Operação contra o garimpo ilegal no rio Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, em 2016 — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Operação contra o garimpo ilegal no rio Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, em 2016 — Foto: Divulgação/Polícia Civil 
Operação contra o garimpo ilegal no rio Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, em 2016 — Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Apesar das poucas queimadas, autoridades de Brasil e França precisam lidar com o garimpo ilegal, a maior ameaça para a enorme biodiversidade da região e das populações indígenas na região entre o Amapá e a Guiana Francesa.



O presidente do Parque Amazônico da Guiana, Claude Suzanon, admitiu o problema do garimpo ilegal em entrevista ao G1.


"É nossa maior dificuldade", afirma.


Suzanon explica que a proibição do uso do mercúrio na Guiana Francesa não dissuade garimpeiros de utilizarem o material na corrida pelo ouro. 

"O mercúrio contamina peixes, polui os rios.


É uma pena, mas acabamos desaconselhando algumas populações locais a comer certas espécies de peixes", diz Suzanon.
Militares participam de funeral de dois soldados mortos durante operação contra garimpos ilegais, em 2016, em Caiena, na Guiana Francesa — Foto: Jerome Vallette / AFP
Militares participam de funeral de dois soldados mortos durante operação contra garimpos ilegais, em 2016, em Caiena, na Guiana Francesa — Foto: Jerome Vallette / AFP.

O problema atinge frontalmente o Brasil porque, segundo o instituto francês Centro Nacional da Pesquisa Científica, a maior parte dos garimpeiros ilegais é de brasileiros. 


Em junho, uma operação da Polícia Federal brasileira prendeu 20 pessoas acusadas de comércio ilegal de ouro proveniente dos garimpos dessa região. 

Na visão do presidente do Parque Amazônico da Guiana, a impunidade atrai cidadãos que cruzam o rio Oiapoque para participar de garimpos ilegais do lado francês da fronteira. 

"É complicado erradicar os garimpeiros clandestinos porque eles mal vão à prisão.


Acabam reenviados de volta ao Brasil.


As medidas não são dissuasivas", apontou Suzanon.
Rio Oiapoque, fronteira Brasil-Guiana Francesa  — Foto: Cássio Vasconcellos 
Rio Oiapoque, fronteira Brasil-Guiana Francesa — Foto: Cássio Vasconcellos.

Há tentativas de Brasil e França em cooperarem com o problema. 


Em abril, o Exército Brasileiro e legionários das Forças Armadas francesas participaram de operações conjuntas na região do Tucumaque para patrulhar o rio Oiapoque e fiscalizar embarcações. 

No mês seguinte, uma operação colocou cerca de três mil militares do Exército Brasileiro em ação em Oiapoque – já fora da região dos parques – para combater crimes como tráfico e contrabando.
Foto de arquivo de lançamento de um foguete Veja na Guiana Francesa — Foto: Handout / CNES / AFP Photo 
Foto de arquivo de lançamento de um foguete Veja na Guiana Francesa — Foto: Handout / CNES / AFP Photo.

Mesmo que o Parque Amazônico ocupe "apenas" cerca de 40% da Guiana Francesa, imagens de satélite mostram que praticamente toda a região é coberta por mata densa. 


Boa parte dos mais de 250 mil habitantes do território ultramarino francês vivem em três cidades: 
  • A capital Caiena, na beira do Atlântico
  • Saint-Laurent-du-Maroni, às margens do rio Maroni e na fronteira com o Suriname
  • Kourou, cidade litorânea que abriga o principal centro de lançamento de foguetes da União Europeia.

Como desenvolver a economia e criar oportunidades aos habitantes do território francês a quase 7 mil quilômetros de Paris? 


Claude Suzanon, diretor do Parque Amazônico da Guiana, explica que a conservação e o ecoturismo se tornaram parte do desenvolvimento local. 
"O parque, no início, era estritamente uma unidade de proteção.


Continuamos a nos preocupar em conservá-lo, mas também queremos o desenvolvimento sustentável, com a valorização da cultura e das tradições locais."
Entomologista observa insetos do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane
Entomologista observa insetos do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane
As regras para entrada no Parque Amazônico da Guiana são bastante rígidas. 


Para Suzanon, a ideia é preservar a mata e as populações autóctones que vivem na parte mais densa da reserva. 

O ecoturismo, então, ajuda a atrair investimentos. 


Thomas Saunier, presidente da Companhia de Guias da Guiana, dirige também um acampamento na mata. 


O ecologista vê nos visitantes uma oportunidade de educação sobre o meio ambiente. 

"Temos no ecoturismo uma pedagogia que ensina a preservar a Guiana Francesa", afirma.
Construção tradicional de uma das populações autóctones que vivem dentro do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane 
Construção tradicional de uma das populações autóctones que vivem dentro do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane.

Suzanon, presidente do parque, explica também que o desafio é integrar ribeirinhos, indígenas e quilombolas à economia local – inclusive com o uso de fundos da União Europeia. 

"Queremos formalizar as atividades para que essas pessoas nessas regiões tenham acesso à aposentadoria e outros direitos.


Afinal, eles têm filhos, que precisam ir à escola."
O presidente francês, Emmanuel Macron, fala sobre meio ambiente e igualdade social a empresários na véspera da abertura do G7, em Paris, na sexta-feira (23) — Foto: Michel Spingler/Pool via Reuters 
O presidente francês, Emmanuel Macron, fala sobre meio ambiente e igualdade social a empresários na véspera da abertura do G7, em Paris, na sexta-feira (23) — Foto: Michel Spingler/Pool via Reuters.

Após tuitar que discutiria a Amazônia no G7 – com uma fotografia não correspondente aos recentes incêndios –, Emmanuel Macron mencionou a Guiana Francesa em um discurso televisionado em cadeia nacional. 

"A Amazônia é nosso bem comum.


Estamos todos envolvidos, e a França está provavelmente mais do que outros que estarão nessa mesa [do G7], porque nós somos amazônicos.


A Guiana Francesa está na Amazônia", afirmou o presidente.


Apesar das declarações em defesa da Amazônia que terminaram em trocas de farpas com o presidente Jair Bolsonaro, a Guiana Francesa – justamente o território da França na floresta – representou dificuldades a Macron.
Votação também já começou em Iracoubo, na Guiana Francesa  — Foto: Jody Amiet/AFP 
Votação também já começou em Iracoubo, na Guiana Francesa — Foto: Jody Amiet/AFP.

Uma das razões é a instalação de uma mina no meio da floresta conhecida como Montanha de Ouro (Montagne d'Or, em francês), uma parceria entre empresas do Canadá e do Reino Unido para a exploração.

O site oficial do projeto, ainda em fase de estudos, promete que a mina vai respeitar todas as regulações de preservação ambiental e de exploração mineral. 


Entretanto, ambientalistas pressionam as autoridades francesas para que as obras sejam interrompidas – a produção na Montanha de Ouro está prevista para começar em 2022. 

Pressionado, sobretudo após o desastre de Brumadinho, Emmanuel Macron disse que o projeto é "incompatível com ambições ecológicas e em matéria de biodiversidade" e pediu mais estudos, informou o jornal "Le Parisien" em maio. 

Além disso, Macron cometeu uma gafe geográfica durante a campanha eleitoral de 2017: chamou a Guiana Francesa de "ilha" ao comentar a greve geral que paralisou a região naquele ano. 


Os opositores exploraram o caso, ao sugerir que o futuro presidente mal conhecia os territórios ultramarinos franceses. 
"Claro que eu jamais pensei que a Guiana Francesa fosse uma ilha", defendeu-se Macron, posteriormente.

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