Justiça Federal acolheu denúncia de corrupção passiva apresentada pelo MP, que acusa Temer de ser destinatário do dinheiro. Para advogado, acusação é 'desprovida de qualquer fundamento'.
Por Camila Bomfim, TV Globo — Brasília
O ex-presidente Michel Temer — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
O juiz da 15ª Vara da da Justiça Federal em Brasília , Rodrigo Bentemuller, acolheu denúncia do Ministério Público e com isso o ex-presidente Michel Temer se tornou réu por corrupção passiva no caso da mala de R$ 500 mil da JBS.
Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer, já é réu no mesmo processo,
por ter recebido a mala do ex-executivo da J&F Ricardo Saud.
Para o MP, os R$ 500 mil eram propina, e Temer era o destinatário do dinheiro.
O ex-presidente sempre negou.
Para o MP, os R$ 500 mil eram propina, e Temer era o destinatário do dinheiro.
O ex-presidente sempre negou.
O advogado Eduardo Carnelós, da defesa de Temer, afirmou em nota que a
acusação é "desprovida de qualquer fundamento, constituindo aventura
acusatória que haverá de ter vida curta, pois, repita-se, não tem amparo
em prova lícita nem na lógica" (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).
O juiz atendeu ao pedido do Ministério Público Federal em Brasília.
O procurador Carlos Henrique Martins Lima havia ratificado a denúncia contra Temer e solicitado que ele passasse a responder a uma ação penal.
O procurador Carlos Henrique Martins Lima havia ratificado a denúncia contra Temer e solicitado que ele passasse a responder a uma ação penal.
Na decisão, à qual a TV Globo teve acesso, o juiz afirma : “Verifico
que há substrato probatório mínimo que sustenta a inicial acusatória,
existindo, portanto, justa causa para a deflagração da ação penal”.
De acordo com o magistrado, a acusação contém uma "narrativa coerente
de eventos sequenciais que teriam resultado no recebimento por Rodrigo
Rocha Loures, pessoalmente a mando de Michel Temer, de vantagem indevida
no valor de 500 mil ofertada por Joesley Batista".
Vídeo da PF mostra Rodrigo Loures saindo de pizzaria com R$ 500 mil em mala.
Em 2017, quando ainda estava no mandato, Temer foi denunciado
pela Procuradoria Geral da República (PGR) no caso em que Rodrigo Rocha
Loures, então assessor especial da Presidência, foi flagrado pela
Polícia Federal recebendo de um integrante da J&F uma mala com R$
500 mil.
Segundo a denúncia, o dinheiro era propina da empresa para o grupo
político de Temer.
Desde que as investigações começaram, o ex-presidente e a defesa dele têm negado envolvimento com irregularidades e afirmado que o dinheiro não era para ele.
Desde que as investigações começaram, o ex-presidente e a defesa dele têm negado envolvimento com irregularidades e afirmado que o dinheiro não era para ele.
Quando a PGR denunciou Temer, a Câmara analisou o caso – conforme prevê a Constituição – e rejeitou o prosseguimento do processo para o Supremo Tribunal Federal.
Com a decisão, a denúncia ficou parada na Justiça, à espera do término
do mandato de Temer, que implicaria o fim do direito dele ao foro
privilegiado, pelo qual ele só podia responder a processo no STF.
Depois que Temer deixou a Presidência, o caso foi transferido para a Justiça Federal de Brasília.
Depois que Temer deixou a Presidência, o caso foi transferido para a Justiça Federal de Brasília.
Nota da defesa de Temer.
Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pela defesa do ex-presidente Michel Temer.
A
denúncia que imputa a prática de crime ao ex-presidente Temer pelos
fatos relacionados ao recebimento de mala contendo dinheiro pelo
ex-deputado Rodrigo Rocha Loures é a primeira acusação formulada pelo
ex-Procurador-Geral da República, depois da deflagração, em maio de
2017, da sórdida operação com a qual se pretendeu depor o então
presidente da República.
Como
tudo que nasceu daquela operação ilegal e imoral, essa imputação também
é desprovida de qualquer fundamento, constituindo aventura acusatória
que haverá de ter vida curta, pois, repita-se, não tem amparo em prova
lícita nem na lógica.
Eduardo Carnelós
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