Segundo Instituto Neurológico de Goiânia, medida engloba ainda demais funcionárias , com o intuito de 'evitar constrangimentos'. Unidade de saúde alegou seguir recomendação da SSP e defesa do médium, que negam autoria do pedido.
Por Sílvio Túlio, G1 GO
Médicas e enfermeiras só podem atender João de Deus se acompanhadas, diz hospital.
O Instituto Neurológico de Goiânia informou que profissionais mulheres só podem prestar atendimento a João de Deus,
internado no local, se estiveram acompanhadas.
De acordo com nota emitida pela assessoria da unidade de saúde, na tarde desta segunda-feira (25), a medida, seguida à risca, atende recomendação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da defesa do médium, com intuito de "evitar qualquer tipo de constrangimento".
De acordo com nota emitida pela assessoria da unidade de saúde, na tarde desta segunda-feira (25), a medida, seguida à risca, atende recomendação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da defesa do médium, com intuito de "evitar qualquer tipo de constrangimento".
No entanto, o advogado de João de Deus, Alberto Toron, negou que tivesse feito qualquer orientação nesse sentido.
Já a SSP, em nota, também negou ter feito tal pedido, ressaltando que
cabe ao hospital, "e somente a eles", a definição de como o paciente
deve ser atendido.
João de Deus está preso desde dezembro do ano passado acusado de crimes
sexuais durante atendimentos espirituais.
Ele sempre negou as acusações.
Ele sempre negou as acusações.
Na última sexta-feira (22), o médium foi transferido do Núcleo de
Custódia, em Aparecida de Goiânia, para o hospital, atendendo determinação do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na unidade de saúde, ele segue as mesmas regras do presídio.
É monitorado 24h por dia por agentes prisionais e pode receber visitas somente uma vez por semana, sempre às quintas-feiras, entre 8h e 10h.
A exceção é para advogados, que podem vê-lo sempre que acharem necessário.
É monitorado 24h por dia por agentes prisionais e pode receber visitas somente uma vez por semana, sempre às quintas-feiras, entre 8h e 10h.
A exceção é para advogados, que podem vê-lo sempre que acharem necessário.
Somente parentes de primeiro grau já registrados no sistema prisional
pode visitá-lo, salvo outros casos decorrentes de determinação judicial.
João de Deus chega ao Instituto Neurológico de Goiânia Goiás — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1.
Risco de 'morte súbita'.
A defesa de João de Deus informou, no sábado (23), que ele estava passando por exames, mas não especificou quais.
No mesmo dia, o médico Alberto Las Casas também não passou a informação
e disse que o hospital não tem autorização para divulgar o estado de
saúde e o tratamento do paciente.
Anteriormente, o cardiologista havia alertado que o médium corre risco de sofrer uma "morte súbita" em decorrência do aneurisma.
Anteriormente, o cardiologista havia alertado que o médium corre risco de sofrer uma "morte súbita" em decorrência do aneurisma.
Em outra nota, a assessoria de imprensa do hospital informou que João
de Deus está sendo atendido por dois médicos e que "em respeito a uma
solicitação do paciente, o hospital não dará qualquer informação sobre
seu quadro clínico".
Tais informações, segue a nota, serão repassadas somente ao Poder Judiciário, semanalmente.
Tais informações, segue a nota, serão repassadas somente ao Poder Judiciário, semanalmente.
João de Deus está no quarto 407, que é isolado e tem 20 metros
quadrados.
Imagens da TV Anhanguera mostram que o espaço conta com antessala, televisão, frigobar, banheiro privativo e aparelho de ar-condicionado.
Imagens da TV Anhanguera mostram que o espaço conta com antessala, televisão, frigobar, banheiro privativo e aparelho de ar-condicionado.
João de Deus está internado no Hospital Neurológico de Goiânia — Foto: Sílvio Túlio/ G1.
Transferência.
Conforme a decisão do ministro, o tratamento deve ser de até quatro
semanas e a unidade precisa informar sobre qualquer sinal de melhora do
paciente.
O documento também determina que, para evitar possibilidade de fuga, o médium precisa ser acompanhado por escolta policial no hospital.
O documento também determina que, para evitar possibilidade de fuga, o médium precisa ser acompanhado por escolta policial no hospital.
De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP),
“durante a internação, o custodiado estará sob vigilância ininterrupta
de servidores penitenciários” e ele não deve usar tornozeleira
eletrônica.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que vai
questionar essa transferência do médium para o hospital.
De acordo com o órgão, um perito ou médico público deve avaliar a situação já que, segundo os laudos feitos por profissionais do sistema carcerário, não havia necessidade da internação.
De acordo com o órgão, um perito ou médico público deve avaliar a situação já que, segundo os laudos feitos por profissionais do sistema carcerário, não havia necessidade da internação.
João de Deus está preso desde dezembro do ano passado — Foto: Reprodução/TV Anhanguera.
Laudos médicos.
Segundo o cardiologista que elaborou o laudo, o paciente possui um
aneurisma na aorta, de 2,5 centímetros, diagnosticado em exames feitos
quando o preso deixou a penitenciária no dia 2 de janeiro, ao se sentir
mal. João de Deus também apresentou pressão alta quando foi avaliado -
18 por 10 -, além de indícios de trombose.
Laudos médicos pedidos pela defesa do médium também apontam que ele
perdeu 17 kg desde que foi detido e que “sua saúde tem piorado apesar da
boa vontade dos funcionários do Núcleo de Custódia”, onde está detido.
O documento detalha que João de Deus “passa a maior parte do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com frequência.
O documento detalha que João de Deus “passa a maior parte do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com frequência.
O psiquiatra Leo de Souza Machado, que assinou a avaliação
psiquiátrica, afirmou no documento que o preso apresenta “prejuízo em
domínio de memória e atenção e linguagem” e o diagnosticou com
transtorno depressivo grave.
Resumo do caso.
- Ações na Justiça: João de Deus já virou réu quatro vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. Ele também foi denunciado junto com a mulher, Ana Keyla Teixeira, por posse ilegal de arma de fogo. Já o filho Sandro Teixeira responde por intimidação das testemunhas, assim como o médium;
- Apuração no MP: O órgão segue colhendo e analisando novas denúncias de mulheres que se dizem vítimas do médium;
- Investigação: Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium.
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