Por Matheus Leitão
O Instituto Vladimir Herzog e o Conselho Federal da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) fizeram uma denúncia em caráter confidencial nesta
sexta-feira (29) à Organização das Nações Unidas (ONU) do que definiram
como “tentativa de modificar a narrativa sobre o golpe de 1964”, que deu início à ditadura militar (1964-1985).
Segundo o blog apurou, o documento afirma que houve instruções diretas
do Gabinete da Presidência ao mais alto comando militar para transmitir
uma mensagem positiva sobre o período, “desconsiderando as atrocidades
cometidas pelo respectivo regime”.
Na segunda-feira (25), o porta-voz da Presidência da República, Otávio
Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro havia determinado
ao Ministério da Defesa a realização das "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe.
A OAB e o Instituto pedem que o relator do caso na ONU, Fábian
Salvioli, faça uma declaração pública por ocasião do dia 31 de março de
2019, a fim de lembrar ao Brasil a importância de manter a memória das
atrocidades ocorridas durante a ditadura e prevenir a recorrência ou
tentativas de revisionismo.
As duas entidades ainda pedem que seja solicitado à missão do Brasil
nas Nações Unidas, em Genebra, explicações sobre os fatos alegados, além
da publicação do caso na lista permanente do Conselho de Direitos
Humanos da ONU, caso o Estado brasileiro não coopere com a solicitação
do relator ou caso o relator o considere oportuno.
O documento cita Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo, e as
declarações de ambos de que não houve golpe no Brasil, além de anexar
convites de comandos militares regionais do país para as “celebrações”
do dia 31 de março.
Bolsonaro autorizou a cúpula das Forças Armadas a produzir uma ordem do dia a ser lida nas unidades militares.
O documento, intitulado "O 31 de Março de 1964" não utiliza a expressão "golpe militar" e diz que a ação dos militares na ocasião impediu uma "escalada em direção ao totalitarismo".
Segundo o presidente, o objetivo não foi "comemorar" a data, mas "rememorar" o episódio e identificar pontos corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro".
Nesta sexta, o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, participou de uma solenidade em Brasília na qual foi lida a ordem do dia.
O documento, intitulado "O 31 de Março de 1964" não utiliza a expressão "golpe militar" e diz que a ação dos militares na ocasião impediu uma "escalada em direção ao totalitarismo".
Segundo o presidente, o objetivo não foi "comemorar" a data, mas "rememorar" o episódio e identificar pontos corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro".
Nesta sexta, o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, participou de uma solenidade em Brasília na qual foi lida a ordem do dia.
O regime militar deixou mais de 400 desaparecidos políticos.
Um relatório do "Projeto Brasil: Nunca Mais" registra também os relatos de tortura no período: 1.843 pessoas fizeram 6.016 denúncias de violações de direitos humanos, das quais 4.918 contra homens e 1.098 contra mulheres.
Um relatório do "Projeto Brasil: Nunca Mais" registra também os relatos de tortura no período: 1.843 pessoas fizeram 6.016 denúncias de violações de direitos humanos, das quais 4.918 contra homens e 1.098 contra mulheres.
— Foto: Editoria de Arte / G1
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