Oito funcionários da Vale foram presos em operação realizada nesta sexta-feira (15), em BH. Segundo promotor, e-mails mostram que números foram 'torturados' para dissimular situação da barragem.
Por Thaís Leocádio, G1 Minas
Integrantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) comentaram a operação que prendeu oito funcionários da Vale,
em coletiva realizada no bairro Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo
Horizonte, na tarde desta sexta-feira (15).
Além das prisões, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Além das prisões, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O promotor de Justiça de Brumadinho William Garcia Pinto Coelho, que
coordena o núcleo criminal da força-tarefa para apurar os crimes
relacionados ao rompimento da barragem, afirmou que a tragédia na Mina
do Córrego do Feijão “não foi acidente”.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse nesta quinta-feira (14) que a empresa “é uma joia brasileira que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em sua barragem”.
A declaração do executivo foi dada durante uma audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha os desdobramentos do caso, em Brasília.
A declaração do executivo foi dada durante uma audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha os desdobramentos do caso, em Brasília.
“Foram encontrados diversos elementos de prova que demonstram de forma muito convincente que não foi um acidente.
Que funcionários da empresa Vale e funcionários da empresa TÜV SÜD tiveram acesso a informações que demonstravam o estado crítico da barragem B1, de forma que eles assumiram, sim, o risco do rompimento e o risco do resultado, morte de centenas de pessoas”, enfatizou o promotor Coelho.
O promotor afirmou ainda que alguns funcionários da Vale e da TÜV SÜD,
já identificados, participaram ativamente e pessoalmente de um “conluio”
para dissimular a situação crítica da barragem.
Entre as provas destacadas pelo promotor, estão e-mails coletados de
equipamentos apreendidos de funcionários da TÜV SÜD.
“Percebe-se uma intensa articulação e um grande esforço para torturar os números de forma que a situação crítica da barragem não refletisse numa declaração negativa de estabilidade barragem”, destacou William Garcia Pinto Coelho.
“Percebe-se uma intensa articulação e um grande esforço para torturar os números de forma que a situação crítica da barragem não refletisse numa declaração negativa de estabilidade barragem”, destacou William Garcia Pinto Coelho.
Segundo o MPMG, dos oito funcionários da Vale presos nesta sexta-feira
(15), quatro são gerentes (dois deles, executivos) e quatro de áreas
técnicas da Vale.
Ainda de acordo com o Ministério Público, todos estariam diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da estrutura que se rompeu no dia 25 de janeiro.
Ainda de acordo com o Ministério Público, todos estariam diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da estrutura que se rompeu no dia 25 de janeiro.
Na coletiva, o delegado Leandro Wili disse que documentos, atas,
eletrônicos, um HD e um notebook foram apreendidos na sede da Vale, no
Rio de Janeiro, na secretaria do conselho administrativo.
“A nossa missão é entender, dentro de um complexo organograma da empresa, como isso foi sendo deliberado internamente”, destacou Wili.
“A nossa missão é entender, dentro de um complexo organograma da empresa, como isso foi sendo deliberado internamente”, destacou Wili.
Os detidos são:
- Alexandre de Paula Campanha
- Artur Bastos Ribeiro
- Cristina Heloíza da Silva Malheiros
- Felipe Figueiredo Rocha
- Hélio Márcio Lopes da Cerqueira
- Joaquim Pedro de Toledo
- Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo
- Renzo Albieri Guimarães Carvalho
De acordo com o delegado Bruno Tasca, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), os homens presos foram encaminhados para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH.
Já as mulheres foram levadas para o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, na Região Leste da capital.
“Nas suas atribuições, essas pessoas poderiam muito bem intervir”, afirmou Tasca.
Até o momento, a Polícia Civil de Minas Gerais identificou 166 mortos.
Outras 144 pessoas continuam desaparecidas, em Brumadinho, devido ao rompimento da barragem.
Outras 144 pessoas continuam desaparecidas, em Brumadinho, devido ao rompimento da barragem.
Em nota, a Vale informou que "considera as prisões desnecessárias, pois
os funcionários já haviam prestado depoimento de forma espontânea e
sempre estiveram disponíveis para esclarecimentos às autoridades.
A companhia tem apresentado documentos e informações voluntariamente e, como maior interessada na apuração dos fatos, permanecerá contribuindo com as investigações."
A companhia tem apresentado documentos e informações voluntariamente e, como maior interessada na apuração dos fatos, permanecerá contribuindo com as investigações."
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