Caso ocorreu em Salvador. Vítima registrou queixa nesta quarta-feira contra o gerente do banco; G1 conversou com os advogados dele.
Por G1 BA
Comerciante e advogados prestam queixa contra gerente da Caixa
O gerente da Caixa Econômica Federal envolvido em uma confusão com um cliente em Salvador foi afastado das atividades.
A informação foi divulgada no site da Caixa na manhã desta quarta-feira (27).
A informação foi divulgada no site da Caixa na manhã desta quarta-feira (27).
O empresário Crispim Terral,
de 34 anos, relatou que, em 19 de fevereiro, foi vítima de racismo e
agredido por policiais militares acionados pelo gerente.
Ele postou a denúncia nas redes sociais nesta segunda-feira (25).
O post foi acompanhado de um vídeo que mostra o momento em que Terral leva um "mata-leão" de um policial.
Ele postou a denúncia nas redes sociais nesta segunda-feira (25).
O post foi acompanhado de um vídeo que mostra o momento em que Terral leva um "mata-leão" de um policial.
Na manhã desta quarta, ele foi até a 1ª Delegacia, em Salvador, para
denunciar o gerente do banco que aparece na imagem pedindo que os
policiais o algemassem.
No vídeo, o gerente diz: "Não negocio com esse tipo de gente".
No vídeo, o gerente diz: "Não negocio com esse tipo de gente".
Comerciante vai processar a Caixa após denúncia de racismo; grupo protestou no banco.
"Estamos aqui na delegacia, na primeira delegacia, registrando
ocorrência contra o gerente geral da Caixa Econômica Federal.
Seu Crispim se encontra, exatamente neste momento, nas imediações da delegacia, prestando depoimento, e falando como tudo ocorreu.
A defesa, a posteriori, vai dar mais informações sobre a estratégia, ainda vamos nos reunir, ver o melhor caminho possível", disse a advogada Luana Faria, que defende Crispim.
Seu Crispim se encontra, exatamente neste momento, nas imediações da delegacia, prestando depoimento, e falando como tudo ocorreu.
A defesa, a posteriori, vai dar mais informações sobre a estratégia, ainda vamos nos reunir, ver o melhor caminho possível", disse a advogada Luana Faria, que defende Crispim.
“É óbvio que, diante de todo o cenário que se criou, do momento em que
ele buscava informação na agência, e diante de todo o constrangimento
que ele sofreu aqui a gente vai buscar ver identificar, quais são os
mecanismos que poderão ser utilizados para o fim de responsabilizar os
efetivos culpados pelos constrangimentos sofridos por seu Crispim”,
afirmou o advogado André Cruz, que também integra a defesa de Crispim.
Ele completou: “A gente vem dialogando no sentido de buscar o
enquadramento, ou no crime de racismo, porque a fala do próprio gerente
dá uma conotação mais extensiva.
E também vislumbrando a possibilidade de injúria racial, essa situação a gente vai verificar ao longo do andamento e das providências que serão adotadas”.
E também vislumbrando a possibilidade de injúria racial, essa situação a gente vai verificar ao longo do andamento e das providências que serão adotadas”.
Já a Caixa informou que abriu uma apuração, sob responsabilidade da corregedoria da empresa, para apurar o caso.
O banco disse que repudia práticas e atitudes de discriminação
cometidas contra qualquer pessoa e que, nesta quinta-feira (28), vai
realizar um treinamento específico com toda rede de atendimento para
reforçar a política de relacionamento com clientes.
Comerciante alvo de racismo durante atendimento a uma agência bancária fala sobre o caso.
'Não desejo isso a ninguém'
Após registrar queixa contra o gerente da Caixa na manhã desta quarta, Crispim Terral falou ao G1 sobre o caso.
Ele disse ter sido a primeira vez em que foi vítima de racismo.
Ele disse ter sido a primeira vez em que foi vítima de racismo.
"Eu não desejo isso a ninguém.
Nem ao meu pior inimigo, que eu não tenho.
É muito triste, é muito doloroso.
Eu agradeço todas as mensagens de apoio. Estamos juntos.
E vamos dizer não, mais uma vez, ao racismo", afirmou.
Terral contou também que uma de suas filhas, de 15 anos, que o
acompanhava no banco, está abalada.
“Ela está muito abalada, muito triste, muito angustiada.
Ela não aguenta ver falar nada referente ao acontecido."
“Ela está muito abalada, muito triste, muito angustiada.
Ela não aguenta ver falar nada referente ao acontecido."
Para ele, a decisão da Caixa pelo afastamento do gerente só foi tomada por conta da repercussão negativa.
“Ainda devemos lutar.
Que sirva de exemplo não só para a Caixa, não só para esse indivíduo que teve essa atitude, mas para todos que estão em casa, que abram a boca e digam não ao racismo, não ao preconceito”, disse.
Que sirva de exemplo não só para a Caixa, não só para esse indivíduo que teve essa atitude, mas para todos que estão em casa, que abram a boca e digam não ao racismo, não ao preconceito”, disse.
Terral afirmou que, após sair da delegacia, ele e os advogados iriam ao Ministério Público (MP) para fazer uma denúncia.
Ele agradeceu às mensagens de apoio que tem recebido.
"Tenho recebido muitas mensagens, muitas ligações, por segundo na verdade.
Para mim é muito significante, muito gratificante, ter esse apoio do Brasil, de todas essas pessoas que estão sensibilizadas por essa situação.
Então, fico feliz por também ser um incentivo a todos os negros, todas as negras lindas do Brasil, e digo para elas que lutem, que digam não ao racismo, digam não ao preconceito."
"Tenho recebido muitas mensagens, muitas ligações, por segundo na verdade.
Para mim é muito significante, muito gratificante, ter esse apoio do Brasil, de todas essas pessoas que estão sensibilizadas por essa situação.
Então, fico feliz por também ser um incentivo a todos os negros, todas as negras lindas do Brasil, e digo para elas que lutem, que digam não ao racismo, digam não ao preconceito."
O caso.
Gerente exigiu da PM que cliente fosse algemado em Salvador — Foto: Reprodução/Facebook.
Crispim Terral disse que, no dia da confusão, era a oitava vez em que
estava ia ao banco.
Na ocasião, estava com um das filhas.
Na ocasião, estava com um das filhas.
"Fui solicitar um suposto comprovante de pagamento de dois cheques
pagos pela Caixa Econômica, sendo que os dois foram devolvidos por estar
sem fundo.
Também fui requerer a devolução de R$ 2.056 retirados de minha conta há dois meses, indevidamente", contou.
Também fui requerer a devolução de R$ 2.056 retirados de minha conta há dois meses, indevidamente", contou.
E prosseguiu: "O gerente responsável pela minha conta, naquele momento,
me atendeu de forma indiferente, enquanto me deixou esperando na sua
mesa por quatro horas e quarenta e sete minutos e foi atender outras
pessoas em outra mesa.
Indignado com a situação, me dirigi à mesa do gerente geral, que da mesma forma, e ainda mais ríspida, me atendeu com mais indiferença.
Quando pensei que não poderia piorar, fui surpreendido pelo senhor [gerente geral] com a seguinte fala: 'Se o senhor não se retirar da minha mesa, vou chamar uma guarnição".
Indignado com a situação, me dirigi à mesa do gerente geral, que da mesma forma, e ainda mais ríspida, me atendeu com mais indiferença.
Quando pensei que não poderia piorar, fui surpreendido pelo senhor [gerente geral] com a seguinte fala: 'Se o senhor não se retirar da minha mesa, vou chamar uma guarnição".
Terral afirmou que os policiais chegaram e pediram que ele e o gerente
da agência fossem até a delegacia para prestar esclarecimentos.
A confusão teria sido causada em razão de uma "exigência" do gerente para que o cliente fosse algemado.
A confusão teria sido causada em razão de uma "exigência" do gerente para que o cliente fosse algemado.
Já a PM contou que, na agência, o gerente relatou que o homem estava
solicitando um comprovante de transação que não poderia ser fornecido
naquele momento.
Por esse motivo, foi solicitada a retirada de Terral do interior da agência em razão do encerramento do expediente bancário.
Por esse motivo, foi solicitada a retirada de Terral do interior da agência em razão do encerramento do expediente bancário.
Os policiais, então, dirigiram-se ao homem e solicitaram que ele
acompanhasse a equipe, junto com o representante da agência bancária à
delegacia, para formalização da ocorrência.
Segundo os policiais, o cliente se exaltou e disse que não sairia da agência sem ter a demanda atendida, contrariando a recomendação dos policiais.
Segundo os policiais, o cliente se exaltou e disse que não sairia da agência sem ter a demanda atendida, contrariando a recomendação dos policiais.
A polícia informou que, diante da recusa do cliente, os policiais precisaram usar força.
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