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terça-feira, outubro 30, 2018

Vitória de Bolsonaro quebra o sistema político


O presidente eleito, Jair Bolsonaro, durante discurso na Câmara dos Deputados — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, durante discurso na Câmara dos Deputados — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.


Em conversa recente, antes do resultado eleitoral, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou decifrar o fenômeno Jair Bolsonaro (PSL), que já indicava ser vitorioso na disputa. 

"Ele é a picareta da história", ou seja, a picareta ou martelo que iria quebrar o sistema político vigente – que, aos olhos de muitos, inclusive de FHC, estava envelhecido. 

Na economia, a promessa era de um governo liberal que iria enxugar gastos e desfazer medidas tomadas pelos sucessivos governos petistas. 


Entre as ações prometidas, está a privatização de empresas estatais criadas nos últimos anos.

De fato, um dos bordões de Bolsonaro na campanha foi o de que era o único capaz de "romper o sistema político vigente". 


Ele percebeu o cansaço dos brasileiros com o toma-lá-da-cá da política, com a corrupção, e estruturou sua campanha à Presidência da República de modo inovador: pelas redes sociais, exclusivamente. 

A partir da jornada de 2013, quando milhões de brasileiros foram às ruas protestar contra a corrupção, buscar o novo e falar também em políticas públicas (melhor educação, melhor saúde) em um movimento que começou contra o reajuste das tarifas de transportes em São Paulo e se alastrou pelo país, o capitão reformado percebeu que havia espaço para uma candidatura diferente. 


Assumidamente de direita. 


E, com a ajuda dos filhos, organizou-se para isso. 

A vitória neste domingo, com 57 milhões de votos, revelou que estava certa a estratégia dos Bolsonaro. 


E a "picareta da história" compreendida por Fernando Henrique, começou a atuar ao derrotar o PT. 

O PT, que venceu as últimas quatro eleições presidenciais no país, mas foi apeado do poder em 2016 com o impeachment de Dilma Rousseff, terá de se renovar. 


Seu principal líder, o ex-presidente Lula está preso e não se sabe por quanto tempo. 

E ninguém desconhece que um dos fatores que contribuíram para a vitória de Bolsonaro foi o anti-petismo arraigado em boa parcela da sociedade. 


O PT migrou dos grandes centros urbanos e se instalou no Nordeste e lá, com candidato próprio ou com aliados, venceu a eleição em sete estados. 


Mas também conseguiu voltar às grandes cidades com o anti-bolsonarismo das últimas semanas.


Nesta terça-feira (29), o PT vai se reunir em São Paulo para analisar o resultado eleitoral e definir as estratégias daqui em diante. 


Seu objetivo imediato é o de liderar a oposição ao governo Bolsonaro com sua bancada de 56 deputados, a maior na Câmara. 


Outra discussão: quem vai ficar com o cacife de 47 milhões de votos obtidos por Fernando Haddad? 


O próprio Haddad ou será outro personagem do PT, mais ligado à burocracia do partido? 

A propósito, Haddad irá a Curitiba para visitar Lula na prisão, na próxima semana - tal como fez no período em que estava organizando sua campanha. 

Os petistas dizem que o caminho está aberto para Haddad se ele quiser assumir a tarefa. 


Porém, há uma dificuldade de ordem prática: ele é professor concursado da USP e não se conhece casos de professor pedir licença para assumir cargo partidário.

Fernando Haddad é filiado ao PT desde 1985, mas nunca foi atuante na estrutura do partido. 


A derrota para o minúsculo PSL leva o PT a tentar se renovar. 


Além disso, terá de disputar o papel de lider da oposição com Ciro Gomes (PDT), que nem de longe tem a rejeição do PT. 

A "picareta" de Bolsonaro também quebrou o PSDB. 


O partido, que protagonizou a polarização política com o PT nas últimas seis eleições, foi despachado para casa ainda no primeiro turno. 

Agora, o PSDB estará de novo às voltas com o dilema de ficar onde está, como um partido social-democrata, como foi criado por seus fundadores; ou se faz uma guinada forte à direita, como defende o maior vitorioso tucano nesta eleição, o governador eleito de São Paulo, João Dória. 


O PSDB vai votar as matérias que defende, as reformas como a da Previdência, por exemplo, ou será uma "linha auxiliar" do governo Bolsonaro? 


Essa é uma questão que está posta.


O governador eleito do Rio Grande do Sul, o tucano Eduardo Leite, disse que estará em São Paulo na próxima quarta-feira (31) para ouvir os dois lados – tanto Dória quanto o presidente do partido, Geraldo Alckmin. 

Ele avalia que há espaço, sim, para o PSDB seguir em frente e sem precisar romper com qualquer dos lados. 


Não é o que pensam outros tucanos que não vêem possibilidade de convivência no partido se a guinada à direita se confirmar por desejo de Doria. 


Alguns já falam em um novo partido. 

Em seu discurso político, Bolsonaro atira no PT e no PSDB, indicando que pretende governar com o Centrão - que tem maleabilidade para sustentar o governo do PT, como fez; tanto quanto um de direita, com Bolsonaro. 

Bolsonaro conseguiu, com sua picareta, quebrar boa parte da estrutura política vigente. 


Promete quebrar estacas da economia, como isenções fiscais para setores específicos. 


O que não se sabe, é se ele vai conseguir colocar algo no lugar.
  — Foto: Editoria de Arte / G1
— Foto: Editoria de Arte / G1

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