Evangelho de João 8: 3 a 11.
Jesus não condena, mas oferece a escolha de um novo caminho
O Evangelho descreve uma cena dramática: uma mulher pega em adultério está para ser apedrejada até a morte.O Levítico prescreve: “O homem que cometer adultério com a mulher do próximo deverá morrer, tanto ele como a mulher com quem cometeu o delito”.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Os escribas e os fariseus, que se dizem justos, são os que conduzem a mulher até Jesus.
Mas onde está o homem envolvido no mal?
De fato, a Lei de Moisés interditava o adultério, como eles diziam.
A pergunta deles é para colocá-Lo à prova.
O silêncio de Jesus revela o pecado dos acusadores, os quais vão se retirando um a um.
No face a face entre a mulher e Jesus, em que a verdade de cada um é iluminada, a palavra de Cristo liberta, mostra a misericórdia de Deus e abre um caminho novo: “Ninguém te condenou?
Eu também não te condeno!
Vai e, de agora em diante, não peques mais”.
Ninguém é perfeito.
O pecado dos fariseus e dos homens religiosos de Israel, em geral, consistia nisso: condenar os fracos; nesse caso, uma mulher pecadora, e eximirem a si mesmos da culpa e do castigo.
Sem nos apercebermos, constituímo-nos como juízes e ditamos sentenças a torto e a direito.
Descobrimos que, no mundo, quase ninguém é perfeito, mas pensamos em nosso íntimo que nós mesmos o somos.
Basta escutar o tom das críticas, a autossuficiência das opiniões que expomos, as “denúncias proféticas” que emitimos, de vez em quando, para descobrir como esse toque farisaico se aninha em nós.
A solução para tudo isso não é o “vale tudo”.
Jesus não condenou a mulher, mas também não a deixou ir embora simplesmente.
Convidou-a a seguir, no futuro, um caminho diferente.
Jesus valorizava muito a fidelidade à aliança; Ele era um homem de palavra e compromisso.
A mulher que estava diante dele havia rompido a aliança do casamento, havia se oposto à vontade do Criador, pois “no princípio não era assim”.
Jesus sabia também que um homem – que estava fora do cenário – havia compartilhado com ela dessa ruptura da aliança e que ambos haviam se transformado em símbolos de um povo infiel ao amor de Deus.
Jesus a convida a um novo começo e também descobre outros rompimentos da aliança entre os acusadores: “Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra”.
Ele escreve no chão várias vezes.
Não sabemos com certeza plena o que Ele escrevia, mas, nesse gesto, podemos descobrir o dedo de Deus reescrevendo Seu compromisso de aliança na areia movediça e frágil das decisões humanas.
Que o nosso coração se abra para receber essas lições e também para nos colocar como protagonistas dessa cena descrita no Evangelho, a fim de que possamos aparar nossas arestas.
Eurico dos Santos Veloso
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