Se no julgamento do recurso, Supremo decidisse que ex-presidente está inelegível, defesa não teria, em caso de derrota, outra instância para recorrer. Mas, se TSE julgar, pode haver recurso ao STF.
Por Rosanne D'Agostino, G1, Brasília
A defesa de Luiz Inácio Lula da Silva desistiu nesta segunda-feira (5) de um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) com o qual tentava suspender a pena de prisão do ex-presidente até que a condenação seja analisada pelas instâncias superiores.
Em junho, o ministro Edson Fachin, relator do caso, negou conceder uma
liminar (decisão provisória) para suspender a prisão e pediu que a
defesa esclarecesse por qual razão primeiro mencionou a questão da
inelegibilidade de Lula no pedido e depois reivindicou a retirada do
tema do recurso.
A defesa protocolou o pedido de desistência nesta segunda afirmando
que, diante da confusão entre o pedido inicial de suspensão da pena e a
discussão em torno dos direitos políticos, "imprevistamente colocada",
desiste totalmente do recurso.
Segundo os advogados, a defesa fará agora um "aprofundamento" sobre
"fatos novos" que eventualmente podem vir a ser colocados em um futuro
pedido.
Os advogados também reiteraram ao relator que pediram apenas a
suspensão da execução provisória da pena de Lula, não discutindo seus
direitos políticos no pedido inicial.
Segundo a defesa, as referências à inelegibilidade foram "laterais" e
incluídas em razão de o pedido ter sido baseado na lei sobre esse tema.
Com a desistência, na prática, o STF não deve analisar mais a
inelegibilidade.
Se o plenário decidisse que Lula está inelegível, o
ex-presidente não teria outra instância para recorrer.
Mas se a discussão sobre o tema ficar com o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), a defesa de Lula poderá, em tese, recorrer ao STF.
Na semana passada, Fachin afirmou que é importante dar “celeridade”
e julgar o caso até o próximo dia 15 – data final para apresentação de
registros de candidatura à Justiça Eleitoral.
Agora, Fachin deverá
homologar o pedido de desistência.
Geralmente, esse tipo de pedido é
aceito.
Lula foi preso em 7 de abril, depois de ter sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). Lula se diz inocente.
A prisão do ex-presidente foi baseada em entendimento do STF de que a
pena pode começar a ser cumprida a partir da condenação na segunda
instância, caso do TRF-4.
A defesa de Lula, no entanto, argumenta que ele tem direito de ficar livre enquanto houver possibilidade de recursos.
Futuros argumentos
Ainda nesse pedido, a defesa de Lula cita “fatos novos” que poderão ser
apresentados “oportunamente”, caso uma nova decisão temporária em favor
de Lula seja pleiteada junto à Corte.
O primeiro deles, dizem os advogados, diz respeito à “ocorrência de
relevantes acontecimentos durante o recesso desta Suprema Corte
envolvendo magistrados que participaram dos julgamentos de primeiro e de
segundo grau”.
Segundo a defesa, essa atuação poderia estar “despida de
imparcialidade”.
Durante o recesso de julho, uma guerra de liminares movimentou as
férias dos magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e da
Justiça Federal de Curitiba.
Após uma liminar concedida pelo desembargador Rogério Favreto – agora alvo de procedimento preliminar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) –, o presidente do TRF-4, Thompson Flores, cassou a decisão de Favreto, entendendo que o colega agiu fora da competência do plantão.
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