Pais e irmãos de Mateus Ribeiro também atuam na profissão. Ele foi aprovado na UnB aos 14, se matriculou com liminar e passou na OAB 'de primeira'.
Por Welington Valadão e Mateus Rodrigues, TV Globo e G1 DF
Nesta sexta-feira (27), a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito
Federal entregou a carteira profissional ao advogado mais jovem do país.
Aos 18 anos, Mateus de Lima Costa Ribeiro se formou na Universidade de
Brasília (UnB) e, há poucos meses, foi aprovado "de primeira" no Exame
da Ordem.
A trajetória acadêmica começou em 2014, quando o estudante foi aprovado
no vestibular da UnB com apenas 14 anos.
Pela lei, ele não poderia se
matricular na universidade, porque ainda cursava a 8ª série (atual 9º
ano) do ensino fundamental.
Uma decisão liminar permitiu que ele entrasse na faculdade, desde que
passasse em uma prova com o conteúdo do ensino médio.
À TV Globo, ele
contou que teve de percorrer uma "maratona": em 24 horas, devorou três
anos de matérias escolares e concluiu a etapa.
"Foram, assim, cinquenta provas de todas as matérias possíveis e imagináveis.
As 24 horas mais intensas da minha vida, eu literalmente nem dormi direito."
Já devidamente matriculado, a rotina não ficou mais leve: "Tinha dia que era disciplina de manhã, de tarde e de noite", diz.
Com 256 créditos previstos, estágio e monografia, o curso de direito é
um dos mais concorridos – e também, um dos mais puxados – da
universidade.
O próprio sistema eletrônico da UnB indica que,
normalmente, os alunos têm entre cinco e oito anos para concluir o
bacharelado.
Mais uma vez, Mateus Ribeiro decidiu que o prazo era longo demais.
Acumulando matérias, cursos de verão e atividades extraclasse, ele foi
autorizado a concluir o curso em 4 anos.
Com a entrega da carteira
profissional nesta sexta, ele já está apto a atuar como advogado.
Em casa e na escola
O interesse pelo mundo das leis não surgiu do nada: Mateus é filho de
um casal de advogados, e aderiu à influência que também já tinha
capturado os dois irmãos mais velhos.
O recorde quebrado nesta sexta, inclusive, pertencia a um dos irmãos de
Mateus Ribeiro.
Hoje doutor em direito, João Costa Ribeiro Neto
conquistou a carteira da OAB aos 20 anos.
Na conversa com a TV Globo nesta sexta, Mateus disse que os primeiros
passos rumo à advocacia foram dados ainda antes do vestibular, aos 10
anos de idade.
Na tentativa de escapar de um castigo, ele recorreu a uma
estratégia que os pais já conheciam: um pedido de habeas corpus.
"Eu estava de castigo, preso, e aí tive a ideia.
Na verdade, meu irmão sugeriu que eu impetrasse um habeas corpus que seria julgado pelo meu pai, para eu poder ir pra sala ver o jogo do Corinthians."
Na quinta série, outro empurrãozinho foi dado no colégio.
Um professor
desafiou os alunos da turma a ler 50 livros naquele ano.
A proposta
chocou o pequeno Mateus mas, depois, se revelou mais fácil do que
parecia.
"Minha mãe falou: vamos começar, um livro atrás do outro.
Aí eu li o
primeiro, o segundo, e no final do ano eu tinha lido 86 livros", conta.
Emoção na cerimônia
Presente à cerimônia de entrega das carteiras profissionais, o
desembargador do Tribunal de Justiça do DF Diaulas Costa Ribeiro elogiou
a trajetória do estudante – e, agora, colega de advogacia.
"O esforço pessoal, os talentos que ele tem são inegáveis.
[...] Mas
nada disso teria ocorrido se não houvesse a sensibilidade do Poder
Judiciário e do Ministério Público, ao conceder a ele uma autorização
para terminar o ensino médio a tempo de se matricular", declarou.
O pai de Mateus, João Costa Ribeiro Filho, diz que o coração ficou
"apertadinho", mas feliz, durante a cerimônia.
"Ele se preparou para
isso.
Acredito que será um grande advogado e dará uma grande
contribuição ao Brasil."
Mais velha que Mateus e mais nova que João Neto, Clarissa Costa Ribeiro
tem 20 anos e deve se formar em direito, também na UnB, no fim deste
ano.
A irmã do meio também já foi aprovada no Exame da Ordem e, com o
diploma em mãos, deve se tornar a mulher mais jovem na advocacia do
país.
"Foi por livre e espontânea pressão e um pouquinho de vontade", diz
ela, aos risos.
"A gente gosta do direito.
Mas, sem dúvida, a gente
tinha grandes exemplos em casa."
Mateus tem uma explicação parecida com a da irmã, e disse à TV Globo
que, desde os 5 ou 6 anos, já se lembra da vontade de ser advogado e
seguir os passos dos pais.
Nesta sexta, ao pegar a carteira vermelha da
advocacia, ele diz ter ficado emocionado.
"Acho que é a coroação de toda uma trajetória que não começa hoje.
A gente colhe, hoje, os frutos que plantou há 5, 6 anos.
É aquela história: dias de luta, dias de glória."
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