PF cumpriu 5 mandados de prisão, um deles de um agente que se apresentava como arrecadador de recursos para políticos do partido. 51ª etapa foi deflagrada nesta terça-feira (8).
Por José Vianna, Alana Fonseca e Thais Kaniak, RPC Curitiba e G1 PR

 Nova fase da Operação Lava Jato tem cinco presos.
  
A 51ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta terça-feira
 (8), investiga propina de R$ 200 milhões ao MDB, PT e ex-funcionários 
da Petrobras por meio de fraude em contrato e contas no exterior. 
A Polícia Federal (PF) cumpriu cinco dos seis mandados de prisão.
A Polícia Federal (PF) cumpriu cinco dos seis mandados de prisão.
"Se verificou, no âmbito desse contrato, ajustes e efetivos pagamentos 
de vantagens ilícitas para dimensões partidárias, para partidos, no 
caso, foram dois os partidos, segundo as investigações, foram 
beneficiados, à época o PMDB, e o Partido dos Trabalhadores”, disse o 
procurador da República, Roberson Henrique Pozzobon.
De acordo com Pozzobon, os intermediários e agentes políticos 
vinculados ao PMDB viabilizaram o recebimento dessas vantagens ilícitas:
 João Augusto Henriques e Ângelo Tadeu Lauria. 
João Augusto já foi alvo de prisão em operações anteriores, e Laurias é alvo de prisão nesta terça-feira.
Nesta fase, a Justiça expediu 23 mandados judiciais – quatro de prisão 
preventiva, dois de prisão temporária e 17 de busca e apreensão. 
Apenas um mandado de prisão preventiva não foi cumprido porque o alvo está fora do país, em Portugal, segundo a força-tarefa.
Apenas um mandado de prisão preventiva não foi cumprido porque o alvo está fora do país, em Portugal, segundo a força-tarefa.
Os mandados de prisão são contra três ex-funcionários da Petrobras e 
três operadores financeiros, um deles um agente que se apresentava como 
intermediário de valores destinados a políticos vinculados ao então 
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), atual MDB. 
O G1 apurou que os alvos de prisão são: 
- Mario Ildeu de Miranda (ex-executivo da Petrobras, de 1975 a 2003, e operador): prisão preventiva;
 - Ulisses Sobral Calile (ex-executivo da Petrobras, com atuação na área Internacional): prisão preventiva;
 - Aluísio Teles Ferreira Filho (engenheiro, ex-gerente-geral da área Internacional de Petrobras): prisão preventiva;
 - Rodrigo Zambrotti Pinaud (ex-executivo da Petrobras contratado para auxiliar no processo de licitação para contratação de serviços de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS)): prisão preventiva
 - Sérgio Boccaleti (operador): prisão temporária;
 - Ângelo Tadeu Lauria (operador): prisão temporária.
 
Até o momento, cinco pessoas foram presas. 
O único mandado não cumprido foi contra Mario Ildeu de Miranda. 
Os presos vão ser levados à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. 
No despacho que em autoriza as prisões, o juiz federal Sérgio Moro – 
responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância – lembra 
que Aluísio Teles Ferreira Filho, Ulisses Sobral Calile e Rodrigo 
Zambrotti Pinaud já foram condenados, em primeira e segunda instância, pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro, por fraude à licitação 
A propina.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), a propina foi paga entre 
2010 e 2012. 
Foram pagos, à época, US$ 56,5 milhões.
Atualmente, o valor equivale a R$ 200 milhões.
Foram pagos, à época, US$ 56,5 milhões.
Atualmente, o valor equivale a R$ 200 milhões.
O MPF afirmou há provas de repasses de aproximadamente US$ 25 milhões a
 ex-funcionários da Petrobras e de cerca de US$ 31 milhões para agentes 
que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao MDB. 
As vantagens indevidas estão relacionadas a um contrato fraudulento de mais de US$ 825 milhões, firmado em 2010 pela Petrobras com a construtora Norberto Odebrecht, segundo o MPF.
Além da utilização de offshores, de operadores financeiros e de 
doleiros, toda a lavagem de dinheiro foi feita, de acordo com o MPF, por
 meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o setor de 
propina da Odebrecht. 
O MDB informou que desconhece detalhes da operação mas reitera a necessidade de investigação célere em relação aos acusados. 
O G1 entrou em contato com o PT, mas o partido não comentou até a última atualização desta reportagem.
O G1 entrou em contato com o PT, mas o partido não comentou até a última atualização desta reportagem.
Por meio de nota, a Odebrecht disse que colabora com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. 
"Assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados 
Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala. 
Implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes.
E adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência", diz a nota.
Implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes.
E adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência", diz a nota.
Bloqueio de bens e crítica à Lei da Repatriação de Recursos
"Considerando os indícios do envolvimento dos investigados em vários 
episódios de intermediação de propina e de lavagem de dinheiro e o 
impressionante montante da propina, resolvo decretar o bloqueio das 
contas dos investigados até o montante de noventa milhões de reais", 
decretou Moro. 
Questionado sobre quando os valores rastreados voltariam aos cofres 
públicos, Pozzobon fez uma crítica à Lei da Repatriação de Recursos. 
"O governo, quando fez a lei de repatriação, argumentando que estava 
com déficit nos cofres públicos, ao invés de pedir que aquele que 
detinham valores no exterior comprovassem a ilicitude do bem, ele 
simplesmente disse que bastava a declaração deles de que o dinheiro era 
lícito", disse.
"Então, o que nós vemos hoje (...) são vários agentes públicos, 
políticos envolvidos na operação, que regularizaram - coloco, aqui, 
entre aspas, porque de regular não há nada - seus recursos no exterior 
simplesmente dizendo que eles eram fruto de dinheiro lícito", 
acrescentou. 
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Durante a coletiva, Pozzobon criticou a Lei da Repatriação de Recursos (Foto: Alana Fonseca/G1 PR).  
Déjà Vu
Batizada de Déjà Vu, esta nova etapa ocorre em três estados: Rio de 
Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. 
Ela recebeu este nome porque, conforme a força-tarefa, as estratégias usadas pelos investigados são as mesmas utilizadas em etapas anteriores.
Ela recebeu este nome porque, conforme a força-tarefa, as estratégias usadas pelos investigados são as mesmas utilizadas em etapas anteriores.
O objetivo, conforme a PF, é reunir elementos que provem a prática de 
corrupção, associação criminosa, fraudes em contratações públicas, 
crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro. 
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Presos vão ser levados à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (Foto: Adriana Justi/RPC)  
O contrato e Temer
O contrato era para a prestação de serviços de reabilitação, construção
 e montagem, diagnóstico e remediação ambiental, elaboração de estudo, 
diagnóstico e levantamentos nas áreas de segurança, meio ambiente e 
saúde para a estatal em nove países, além do Brasil.
Segundo o MPF, as provas apontam que o contrato foi direcionado para a 
Odebrecht dentro da Petrobras. 
As investigações mostram, ainda, dois núcleos de recebimento: funcionários da estatal e agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao MDB.
As investigações mostram, ainda, dois núcleos de recebimento: funcionários da estatal e agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao MDB.
O contrato, ainda segundo o MPF, foi usado para “comprar o MDB”, segundo o delator Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht.
No ano passado, Faria disse ao Ministério Público que Michel Temer, 
então deputado e candidato à vice-presidência da República, comandou uma reunião em que o MDB “abençoou” as negociações
 de propina, até então conduzidas pelo operador João Augusto Henriques. 
Além de Temer, teriam participado do encontro os ex-deputados do partido Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha.
Além de Temer, teriam participado do encontro os ex-deputados do partido Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha.
Na época em que foi divulgada a delação, Temer chamou a narrativa de 
“mentira absoluta”. 
Henrique Eduardo Alves também repudiou as afirmações.
Henrique Eduardo Alves também repudiou as afirmações.
As investigações.
De acordo com a PF, as investigações apontam a obtenção de contratos 
por parte do Grupo Odebrecht junto à Petrobras. 
Os valores eram superfaturados por meio de pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da Petrobras.
Os valores eram superfaturados por meio de pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da Petrobras.
Ou seja, a estratégia, conforme a PF, repete o que já foi revelado anteriormente pela Lava Jato. 
As investigações também indicam que parte dos recursos pagos 
indevidamente pela Odebrecht para a obtenção do contrato investigado 
nesta etapa da operação foram destinados a agentes públicos e partidos 
políticos.
Várias provas, segundo MPF, foram obtidas por meio de acordos de 
colaboração premiada e de leniência firmados com o grupo Odebrecht e 
seus executivos; de pedidos de cooperação jurídica internacional 
mantidos com a Suíça; e de investigações internas da Petrobras. 
Pagamento de propina.
De acordo com a PF, as investigações apontam a obtenção de contratos 
por parte do Grupo Odebrecht junto à Petrobras. 
Os valores eram superfaturados por meio de pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da Petrobras.
Os valores eram superfaturados por meio de pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da Petrobras.
Houve o pagamento de uma porcentagem dos contratos obtidos pela empresa
 para agentes públicos e políticos por meio de offshores e a 
movimentação de dinheiro no país por meio de operadores financeiros. 
O outro lado.
A defesa de João Vaccari Neto afirmou que não procedem as acusações e 
que, enquanto tesoureiro do PT, Vaccari apenas solicitou e recebeu 
doações legais, com prestação de contas às autoridades competentes. 
A defesa de Boccaletti informou que só irá se manifestar depois de 
analisar todas as informações. 
O advogado de Miranda não quis se 
manifestar. 
Em nota, o PT disse que "mais uma vez a Lava Jato lança acusações 
irresponsáveis e sem provas contra o Partido dos Trabalhadores" e que 
isso foi feito a partir de mentiras negociadas com criminosos em troca 
de benefícios fiscais e penais. 
O G1 não conseguiu contato com a defesa de João Augusto Henriques.
Calile, Pinaud, Lauria, e Teles Filho ainda não têm advogados cadastrados na investigação.
Os mandados judiciais
Os mandados judiciais são cumpridos em três estados; veja abaixo em quais cidades. 
Rio de Janeiro (RJ) 
- 3 mandados de busca e apreensão;
 - 1 mandado de prisão preventiva;
 - 1 mandado de prisão temporária.
 
Parati (RJ) 
- 2 mandados de busca e apreensão;
 - 1 mandado de prisão preventiva.
 
Niterói (RJ) 
- 2 mandados de busca e apreensão;
 - 1 mandado de prisão preventiva.
 
Miguel Pereira (RJ) 
- 1 mandado de busca e apreensão;
 - 1 mandado de prisão preventiva.
 
Jacuecanga (RJ) 
- 1 mandado de busca e apreensão.
 
Petrópolis (RJ) 
- 1 mandado de busca e apreensão.
 
Duque de Caxias (RJ) 
- 4 mandados de busca e apreensão.
 
Areal (RJ) 
- 1 mandado de busca e apreensão.
 
Vitória (ES) 
- 1 mandado de busca e apreensão.
 
Guaratinguetá (SP) 
- 1 mandado de busca e apreensão;
 - 1 mandado de prisão temporária.
 
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Um dos mandados de prisão foi cumprido em Guaratinguetá (SP) (Foto: Wanderson Borges/TV Vanguarda.
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