Por Valdo Cruz
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia,
disse em jantar com jornalistas e empresários, ao qual a GloboNews foi
convidada, que seria "apequenar" o tribunal utilizar o caso do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reabrir a discussão sobre a
execução de sentença após condenação em segunda instância.
"Não sei por que um caso específico [do ex-presidente petista] geraria
uma pauta diferente.
Seria apequenar muito o Supremo.
Não conversei
sobre isso com ninguém", afirmou a presidente do tribunal durante evento
organizado pelo jornalista Fernando Rodrigues, do site Poder360.
Logo após a confirmação da sentença contra Lula,
pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na semana passada,
começou uma discussão sobre a possibilidade de o STF rediscutir a
permissão de prisão imediata depois de condenação em segunda instância
por um órgão colegiado.
O petista foi condenado por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro a 12 anos e um mês de prisão.
Dentro do STF, alguns ministros, como Gilmar Mendes e Marco Aurélio,
defendem uma revisão da decisão, tomada em 2016 pelo tribunal por 6 a 5,
que determinou a possibilidade de execução imediata após uma
confirmação de sentença em segunda instância.
Durante o jantar, Cármen Lúcia lembrou que votou duas vezes a favor do
início da execução da pena depois de condenação em segunda instância.
"Votei igual duas vezes.
Em 2009 fui voto vencido.
Em 2016, fui voto
vencedor", afirmou.
A presidente do STF sinalizou que o assunto não deve entrar, por sua
iniciativa, em pauta nem em fevereiro nem em março.
Outros ministros,
porém, podem levar o tema para o plenário do tribunal, que volta do
recesso na próxima quinta-feira, dia 1º de fevereiro.
A defesa de Lula pode recorrer da decisão contra o petista no próprio
TRF-4, com os chamados “embargos de declaração”, que não permitem
reverter a condenação.
A defesa do ex-presidente também pode recorrer a
mais duas instâncias superiores: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o
Supremo Tribunal Federal (STF).
Já a situação política de Lula só será definida no segundo semestre
deste ano, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisar o
registro de candidatura de Lula.
O PT tem até o dia 15 de agosto para protocolar o pedido, e a Corte tem
até o dia 17 de setembro para aceitar ou rejeitar a candidatura.
A Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de condenados por
tribunal colegiado (como é o caso do TRF4), prevê também a possibilidade
de alguém continuar disputando um cargo público caso ainda tenha
recursos contra a condenação pendentes de decisão.
Sobre a aplicação da Ficha Limpa, que torna Lula inelegível, a
presidente do STF avaliou ser muito difícil mudar o entendimento atual
sobre a legislação.
Em sua avaliação, o tema "está muito pacificado" e
afirmou considerar "muito difícil" mudar o entendimento em relação ao
tema.
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