Lula foi condenado pelo TRF-4 a 12 anos e 1 mês. Tribunal decidiu que pena seja cumprida quando não houver mais possibilidade de recurso na Corte. Defesa diz que medida contraria a Constituição.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/z/O/ntTxiZRbG0B3ENRy1nqg/lula2.jpg)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Leonardo Benassatto/Reuters).
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
apresentou nesta terça-feira (30) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)
um habeas corpus no qual pediu que Lula seja impedido de ser preso.
Na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4),
responsável pelos processos da Lava Jato em segunda instância, condenou Lula a 12 anos e 1 mês em regime inicialmente fechado.
Os desembargadores decidiram, ainda, que a pena deverá ser cumprida quando não houver mais possibilidade de recurso na Corte (leia os detalhes sobre a decisão mais abaixo).
Na ação apresentada ao STJ, os advogados de Lula argumentam que a
execução da pena após condenação em segunda instância contraria a
Constituição, na parte que diz que "ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
A defesa do ex-presidente também fundamenta o pedido com base no Código
Penal, que prevê somente prisão preventiva ou após "sentença
condenatória transitada em julgado".
A alegação dos advogados de Lula é que somente após esgotados todos os
recursos, inclusive nas instâncias superiores (o STJ e o Supremo
Tribunal Federal), um condenado pode começar a cumprir a pena.
'Desdobramentos extraprocessuais'
Os advogados também chamam a atenção para a situação política envolvendo Lula:
"Não há como negar que a eventual restrição da liberdade do Paciente [Lula] terá desdobramentos extraprocessuais, provocando intensa comoção popular – contrária e favorável – e influenciando o processo democrático, diante de sua anunciada pré-candidatura à Presidência da República".
Na mesma ação, a defesa também defende a "necessidade de se afastar
situação de inelegibilidade" de Lula após a condenação no TRF-4.
A Lei
da Ficha Limpa proíbe a alguém condenado por colegiado concorrer nas
eleições, mas prevê a possibilidade de o STJ liberar a candidatura com
uma liminar.
O habeas corpus inclui um pedido de decisão liminar (provisória), em
geral concedida de maneira mais rápida por um único ministro.
Como o STJ
está em recesso, a ação vai ser examinada primeiro pelo vice-presidente
da Corte, Humberto Martins, que está de plantão para casos urgentes.
O
relator do caso será o ministro Felix Fischer.
Posteriormente, a ação será analisada em conjunto, com mais
profundidade, pelos cinco ministros da Quinta Turma: Felix Fischer
(relator da ação), Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca, Marcelo
Navarro Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik.

PT lança pré-candidatura de Lula após condenação que o tornou ficha suja.
Prisão após segunda instância
As duas teses apresentadas pela defesa de Lula já foram analisadas pelo STF, em 2016, quando a maioria dos ministros entendeu ser possível a execução da pena
após condenação em segunda instância, sob o argumento de que, após essa
etapa, não há dúvidas sobre os fatos e provas de um processo penal.
A defesa de Lula, no entanto, argumenta que tal entendimento do STF não
é vinculante, ou seja, não obriga os demais tribunais a segui-lo.
À época, as decisões do plenário do STF permitiram a execução da pena,
mas não obrigaram os tribunais de segunda instância a decretar prisão
após a condenação.

Confirmação da condenação enquadra Lula na Lei da Ficha Limpa.
Condenação de Lula.
Na semana passada, por unanimidade, os três desembargadores da 8ª Turma
do TRF-4 mantiveram a condenação de Lula por corrupção e lavagem no
caso do triplex em Guarujá (SP).
No entendimento dos desembargadores, o ex-presidente recebeu o
apartamento da OAS em retribuição a contratos assinados pela empresa com
a Petrobras.
Desde o início das investigações Lula tem negado a acusação e afirmado ser inocente.
Ao analisar o caso, a 8ª Turma do TRF-4 aumentou a pena anteriormente imposta a Lula pelo juiz Sergio Moro, de 9 anos e meio, para 12 anos de prisão.
Possibilidade de recursos
Na decisão, o colegiado também determinou a prisão de Lula, ressalvando
que só poderá se cumprida após o julgamento de um recurso ao próprio
TRF-4, chamado embargos de declaração.
Tal apelação não tem poder para inocentar o ex-presidente, serve somente para esclarecer dúvidas sobre o acórdão (sentença).
Ainda não há data para julgamento desse recurso, mas a expectativa é que a análise ocorra em cerca de 2 meses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário