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quinta-feira, novembro 02, 2017

Quem é o príncipe mais rico da Europa e que lidera país de 30 mil pessoas


Hans-Adam 2º do Liechtenstein não apenas é um bilionário que controla um banco exclusivo para empresas e clientes milionários, como governa com poderes comparáveis aos de um ditador - e com grande apoio da população.

Por BBC
Príncipe Hans Adam 2º e Maria de Liechtenstein (Foto: Governo de Liechtenstein)
   
Príncipe Hans Adam 2º e Maria de Liechtenstein (Foto: Governo de Liechtenstein).

 
Hans-Adam 2º do Liechtenstein, de 72 anos, é o príncipe mais rico da Europa. 
Líder de uma monarquia absolutista, ele comanda Liechtenstein, país encravado entre a Suíça e a Áustria e com apenas 38 mil habitantes --população menor que o número de moradores de um bairro como Ipanema, no Rio de Janeiro, que em 2010 contabilizava 42 mil habitantes. 
 
O príncipe herdou uma fortuna que vem sendo acumulada desde a época das Cruzadas e que cresceu com a fama de Liechtenstein de paraíso fiscal. 
 
O monarca é dono de um exclusivo banco privado e tem poderes de nomear juízes, de dissolver o Parlamento e até de vetar decisões aprovadas por referendo popular.

O patrimônio do príncipe está avaliado em US$ 4,4 bilhões (R$ 14,3 bi), segundo o site da empresa de informações financeiras Bloomberg. 
 
Ele é dono de terras, castelos, dois palácios em Viena, uma valiosa coleção renascentista que inclui obras de nomes como Rembrandt e Rubens, além do banco LGT, que atende clientes exclusivos como multinacionais e bilionários. 
 
A Bloomberg afirma que Hans-Adam 2º está enriquecendo graças ao banco, que registrou aumento de 10% em seus ativos. 
O valor de mercado do LGT subiu 64%, somando mais US$ 1,7 bilhão ao patrimônio pessoal do príncipe, que agora ocupa o 444º lugar no ranking das pessoas mais ricas do mundo. 
 
Hans-Adam 2º vive em um castelo erguido em um penhasco. 
Logo depois de se formar em economia e negócios em Sankt Gallen, na Suíça, ganhou como missão do próprio pai reorganizar o império familiar para garantir mais eficiência à gestão.

O príncipe fechou vários departamentos do banco que não geravam dividendos e concentrou a carteira de clientes em pessoas e empresas extremamente ricas.

Chamado de "Sua Alteza Serena", o chefe de Estado e monarca soberano de Liechtenstein não ostenta o título de rei porque comanda um principado. 
Ele é casado com a condessa Marie Kinsky von Wchinitz und Tettau, com quem teve quatro filhos. 
O herdeiro do trono é o príncipe Alois, que desde 2004 recebeu poderes do pai para tomar decisões governamentais como forma de preparar a transição.

Monarquia absoluta por voto popular

Liechtenstein é uma monarquia constitucional, na qual a soberania do Estado é supostamente compartilhada entre o príncipe e os cidadãos. 
Em um plebiscito constitucional em 2003, 64% da população votou a favor de dar amplos poderes políticos a Hans-Adam 2º. 
 
Com o aval da população, portanto, Liechtenstein se transformou na única monarquia absolutista europeia. 
Na prática, Hans-Adam 2º ganhou poderes para nomear e remover o governo, o que gerou críticas e temores de que tanto poder nas mãos de apenas uma pessoa pudesse levar a uma espécie de ditadura. 
 
Uma década após o plebiscito, houve outra consulta propondo que os poderes do príncipe fossem limitados, mas essa possibilidade foi rechaçada nas urnas pela população. 
Assim, o monarca manteve poderes como vetar resultados de plebiscitos, dissolver o Parlamento e nomear juízes.

Tradicional família de nobres

O príncipe bilionário pertence a uma das mais antigas famílias da nobreza europeia. 
 
Um dos antepassados é Hugo Liechtenstein, cujo nome foi mencionado pela primeira vez em 1136, período em que a família era proprietária de terras hoje ocupadas por Alemanha, Áustria, Hungria e República Tcheca.

Atualmente, no entanto, as propriedades de Hans-Adam 2º estão apenas na Áustria e são avaliadas em cerca de US$ 100 milhões (R$ 320 milhões), de acordo com a Bloomberg. 
Por anos, o principado de Liechtenstein tem sido classificado como paraíso fiscal. 
O país tem, contudo, feito esforços para mudar essa imagem e se reposicionar como centro financeiro tradicional.

Trata-se de uma reação a críticas feitas a partir de 2000, quando informes internacionais criticaram a permissividade de seu controles financeiros, que permitiam que grupos de Rússia, Itália e Colômbia lavassem em seus bancos dinheiro obtido com atividades criminosas.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) começou a acompanhar as regulações financeiras de Liechtenstein desde a crise econômica de 2008. 
Em busca de recursos, países afetados começaram a repatriar ativos que estavam em paraísos fiscais.

A partir de então, a exemplo do que fez o país vizinho Suíça, Liechtenstein começou a reformar gradualmente suas leis e a firmar acordos com vários países. 
 
Com seus castelos entre vales e montanhas, Liechtenstein parece um reino de conto de fadas. 
Mas, na verdade, pode ser visto como um grande banco que abriga um príncipe bilionário e movimenta fortunas de todo o mundo.

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