Procuradores da força-tarefa da Lava Jato elogiaram a decisão de Moro, mas dizem que discordam de alguns pontos.
Por G1 PR, Curitiba
O Ministério Público Federal (MPF) disse na noite desta quarta-feira
(12), que vai recorrer da sentença que condenou o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão.
Os procuradores que
integram a força-tarefa da Lava Jato dizem que discordam de alguns
pontos da decisão do juiz Sérgio Moro.
No entanto, eles elogiaram a
sentença.
Em nota enviada à imprensa, os procuradores dizem que devem pedir o
aumento das penas aplicadas aos réus.
Eles também reiteraram a
condenação, que impede o ex-presidente de ocupar cargos públicos pelo
dobro do tempo da condenação.
"As robustas provas levaram à condenação do ex-presidente a cumprir 9
anos e 6 meses de prisão e a pagar, a título de indenização, 16 milhões
de reais corrigidos desde dezembro de 2009.
(...) Como efeito da
condenação criminal, nos termos da lei, da mesma forma que em casos
similares, a Justiça decretou sua interdição para exercer qualquer cargo
ou função pública pelo dobro do tempo da condenação, isto é, por 19
anos", diz trecho da nota.
Os procuradores da força-tarefa também criticaram a atuação dos
advogados de Lula.
Na nota, eles dizem que a instituição atuou de forma
"apartidária e técnica" e que buscou "investigar e responsabilizar todas
as pessoas envolvidas em atos de corrupção, além de devolver aos cofres
públicos os valores desviados nesse gigantesco esquema criminoso".
"Mais uma fez, fica manifesto que os constantes ataques da defesa do
ex-presidente contra o julgador, os procuradores e os delegados,
conforme constatou a respeitável decisão, são uma estratégia de
diversionismo, isto é, uma tentativa de mudar o foco da discussão do
mérito para um suposto antagonismo que é artificialmente criado
unilateralmente pela defesa.
Nenhuma das autoridades que atua no caso o
faz com base em qualquer tipo de questão pessoal", diz o texto.
Outro lado
A defesa de Lula rebateu os termos da condenação e disse que Moro teve atuação política na sentença.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que lidera o grupo de advogados, afirmou que o ex-presidente Lula é inocente.
"O presidente Lula é inocente.
Por mais de três anos, Lula tem sido
objeto de uma investigação politicamente motivada.
Nenhuma evidência
crível de culpa foi produzida, enquanto provas esmagadoras de sua
inocência são descaradamente ignoradas", diz a nota assinada pelos
advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins.
Veja a íntegra da nota do MPF
Justiça Federal condena o ex-presidente Lula com base em atuação técnica e calcada em robustas provas.
Força-tarefa da Lava Jato do MPF/PR vai recorrer, inclusive para aumentar as penas.
A força-tarefa da operação Lava Jato do Ministério Público Federal no
Paraná (MPF/PR) vem a público reconhecer que a sentença que condenou o
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ostenta robusta fundamentação
fática e jurídica, tendo analisado todo o enorme conjunto de provas
apresentadas na denúncia e nas peças das defesas e produzidas na
instrução da ação penal.
O processo tramitou às claras, com
transparência, e permitiu amplas possibilidades para a defesa produzir
provas e apresentar argumentos, os quais foram analisados detalhadamente
pela Justiça.
Com base nas provas, as quais incluem centenas de documentos,
testemunhas, dados bancários, dados fiscais, fotos, mensagens de celular
e e-mail, registros de ligações telefônicas e de reuniões, contratos
apreendidos na residência de Lula e várias outras evidências, a Justiça
entendeu que o ex-presidente Lula é culpado pelos crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro de que foi acusado pelo Ministério Público Federal.
A sentença não só reconheceu que o ex-presidente recebeu o valor
correspondente ao tripex e as reformas feitas nele a título de pagamento
de propinas pela OAS, que totalizaram mais de 2 milhões de reais, mas
também que o ex-presidente Lula é responsável pelo esquema de corrupção
na Petrobras.
O caso focou especificamente nos crimes relacionados à
empreiteira OAS.
As robustas provas levaram à condenação do ex-presidente a cumprir 9
anos e 6 meses de prisão e a pagar, a título de indenização, 16 milhões
de reais corrigidos desde dezembro de 2009.
Também foram condenados os
ex-executivos da OAS Agenor Franklin e Léo Pinheiro.
Como efeito da
condenação criminal, nos termos da lei, da mesma forma que em casos
similares, a Justiça decretou sua interdição para exercer qualquer cargo
ou função pública pelo dobro do tempo da condenação, isto é, por 19
anos.
Mais uma fez, fica manifesto que os constantes ataques da defesa do
ex-presidente contra o julgador, os procuradores e os delegados,
conforme constatou a respeitável decisão, são uma estratégia de
diversionismo, isto é, uma tentativa de mudar o foco da discussão do
mérito para um suposto antagonismo que é artificialmente criado
unilateralmente pela defesa.
Nenhuma das autoridades que atua no caso o
faz com base em qualquer tipo de questão pessoal.
A atuação da instituição é apartidária, técnica e busca investigar e
responsabilizar todas as pessoas envolvidas em atos de corrupção, além
de devolver aos cofres públicos os valores desviados nesse gigantesco
esquema criminoso.
A ação penal contra o ex-presidente Lula é uma dentre
várias que foram propostas na Lava Jato contra centenas de pessoas
acusadas por corrupção.
As investigações revelaram a prática de crimes
por integrantes da cúpula do poder econômico e do poder político,
envolvendo diversos partidos, sendo necessário que todos os responsáveis
sejam chamados a responder perante a Justiça.
O Ministério Público Federal tem cumprido seu papel constitucional no
combate à corrupção, ainda que envolva os mais importantes líderes
políticos do país.
É importante que outras instituições, como o
Congresso Nacional, também exerçam seu papel contra a corrupção, para
que a Justiça possa funcionar plenamente e em relação a todos aqueles
contra quem pesam provas da prática de corrupção.
Tudo reforça o caráter apartidário, técnico e minucioso do trabalho
desenvolvido pelo Ministério Público Federal.
Como ressaltou o eminente
Juiz Federal na sentença condenatória, “não há qualquer dúvida de que
deve-se tirar a política das páginas policiais, mas isso se resolve
tirando o crime da política e não a liberdade da imprensa” - e
complementamos, isso se resolve sem retirar a independência do
Ministério Público e a possibilidade de o Poder Judiciário examinar
graves acusações independentemente de quem seja o investigado.
Por fim, a
força-tarefa informa que vai recorrer da sentença, manifestando a sua
discordância em relação a alguns pontos da decisão, inclusive para
aumentar as penas.
Protesto
Um pequeno grupo de manifestantes foi em frente ao prédio da Justiça
Federal em Curitiba, no bairro Ahú, para comemorar a condenação do
ex-presidente Lula.
Com roupas em verde e amarelo, eles ovacionaram o
juiz Sérgio Moro.
Não houve tumultos registrados.
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