Suposto plano de fuga de Ary Costa Filho, preso na Via Dutra, será investigado. Ex-assessor de Sérgio Cabral está no presídio Ary Franco e aguarda transferência para Bangu 8.
Nove malas junto à porta de saída do apartamento do bloco 1 do
Condomínio Atlântico Sul, na Barra da Tijuca.
Foi o que encontraram os
policiais federais, às 6h desta quinta-feira (2), no local onde
esperavam prender Ary Ferreira da Costa Filho, apontado como operador do
esquema de propinas que seria chefiado pelo ex-governador Sérgio
Cabral.
Um suposto plano de fuga de Ary Costa Filho será investigado pelo
Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).
Na manhã desta
sexta (3), o ex-assessor de Sérgio Cabral estava no presídio Ary Franco,
em Água Santa, e aguardava transferência para Bangu 8.
O advogado dele
informou que já apresentou o diploma de nível superior do advogado, para
que ele possa ficar em cela especial como qualquer preso com essa
formação.
Ele foi preso por policiais federais e rodoviários federais na Rodovia Presidente Dutra, no início da tarde. Com ele, foram achados R$ 3 mil e cópia do visto americano.
Vestia uma camisa branca, um short e estava de chinelos, como mostra o vídeo do momento da prisão.
"A gente não pode afirmar que ele estava fugindo, mas ao localizá-lo
com apoio da Polícia Rodoviária Federal, na Via Dutra, foram encontrados
dinheiro e cópia de visto americano.
Alguns dados que podem nos levar a
pensar que isto [uma fuga] talvez pudesse estar sendo orquestrada",
explicou o delegado federal Antônio Carlos Beaubrand.
Momentos antes da prisão na estrada, o advogado Marco Aurélio Assef
disse a jornalistas e à PF que seu cliente estava voltando de uma viagem
e que iria se entregar.
Ligação com Cabral
Na investigação da Operação Mascate, desdobramento da Lava Jato, os policiais querem esclarecer o esquema de lavagem de dinheiro que seria coordenado por Ary Filho dentro do país, além de suas explicações sobre a proximidade com o ex-governador Sérgio Cabral.
Arizinho, como é conhecido, trabalhou com Cabral na Assembleia
Legislativa (Alerj) e depois foi para Brasília, em 2004.
Na ocasião,
Cabral era senador.
Em 2006, aparece como doador de R$ 10 mil ao então
candidato a governador Sérgio Cabral, que venceria a eleição.
Já em 2012, o então governador Cabral fez campanha para a candidata a
vereadora pelo PSB em São João de Meriti Michelle Linhares (veja na reportagem acima),
à época namorada - e hoje mulher - de Ary.
O ex-governador chegou a
gravar um vídeo e ter seu nome em folhetos e adesivos da candidata na
Baixada Fluminense.
Dos R$ 226 mil em doações que Michele recebeu para sua campanha, R$
147.200 vieram de quatro concessionárias de veículos (Space, Eurobarra,
Euroamérica e Américas), todas identificadas como parte do esquema de
lavagem de dinheiro do grupo ligado a Sérgio Cabral.
Michelle teve 1.969 votos e não se elegeu.
Ela mora em outro
apartamento, no mesmo condomínio, próximo a Arizinho, e também não foi
encontrada pelos policiais federais.
Michelle Linhares, contudo, não é
alvo das investigações: seu apartamento era apenas alvo das buscas
determinadas pelo juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do
Rio.
Ary Filho sempre foi visto circulando em carros importados ou fazendo
passeios de lancha em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense.
Os dados
foram levantados pelos investigadores e fizeram Marcelo Brêtas
determinar em sua decisão que fossem apreendidas lanchas, caso alguma
fosse encontrada nas buscas.
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