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quinta-feira, julho 24, 2014

Sabesp paga R$ 3 milhões por serviços ligados a 'chuva' no Alto Tietê


Concessionária não divulgou prazo para implantação do método.
Trabalho de indução de chuva já é feito no Sistema Cantareira.

Jenifer CarpaniDo G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Represa do Paraitinga, localizada em Salesópolis, também surpreende por pontos em que está seca (Foto: Edson Martins/Jornal O Diário)Represa do Paraitinga, localizada em Salesópolis, surpreende por pontos em que está seca
(Foto: Edson Martins/Jornal O Diário)




A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgou no Diário Oficial desta terça-feira (22) a contratação de uma empresa para a indução de chuvas sobre o Sistema Alto Tietê. Segundo a Sabesp, o sistema estava nesta quarta-feira (23) com 22% de sua capacidade.
Segundo o Diário Oficial, o contrato é de cerca de R$ 3,68 milhões e tem como objetivo a prestação de serviços de "monitoramento climático, indução de chuvas, registro e medição de chuvas localizadas induzidas sobre a Bacia Hidrográfica do Sistema Alto Tietê".
De acordo com a Sabesp, esse não é o primeiro contrato firmado com esta empresa. Um trabalho anterior, realizado no Sistema Cantareira, provocou segundo a concessionária uma chuva de aproximadamente 11,5 bilhões de litros desde o início do contrato. 
Em nota enviada ao G1 nesta quarta-feira (23), a Sabesp afirmou que o resultado justificaria uma nova implantação do método também no Alto Tietê. "Esse resultado já justifica a contratação do serviço para a bacia do Sistema Cantareira e também a opção por ampliar o trabalho para a região do Sistema Alto Tietê".
Já de acordo com o site da empresa contratada, a tecnologia já contabiliza sete contratos com a Sabesp e cerca de '600 chuvas realizadas'. O site afirma ainda que o processo já é aplicado sobre os mananciais do Sistema Cantareira e também do Alto Tietê.
De acordo com a Sabesp, o processo de 'semeadura de nuvens' depende de condições climáticas das formações das nuvens. "Há um monitoramento constante e diário e acompanhamento por radares para identificar potenciais nuvens com capacidade de provocar chuvas exatamente na área das represas", diz a concessionária.
A semeadura de nuvens, segundo a Sabesp, é uma iniciativa que surgiu nos anos 1930 nos Estados Unidos e difundida no mundo, com resultados comprovados. Já de acordo com a empresa contratada pela Sabesp, o método utiliza água potável e gotícolas de tamanho controlado, lançadas no interior de nuvens. A semeadura gera precipitação após cerca de 20 a 40 minutos depois da semeação.
Volume morto
A Sabesp anunciou nesta segunda-feira (21) que pretende começar a utilizar a reserva técnica do Sistema Alto Tietê, o segundo maior da Grande São Paulo, a partir do mês de agosto. 
Ao todo, 25 bilhões de litros de água do volume morto deverão ser bombeados. 
O sistema Alto Tietê é formado por cinco represas e está com 22,4% da capacidade: 116 bilhões de litros.
"Nós estamos prevendo a utilização de uma reserva técnica no Biritiba Mirim a partir do mês de agosto, a partir de obras que vão tirar água da represa Biritiba para jogar na captação do túnel de transferência do Biritiba para o Jundiaí", explicou o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato.
Segundo a Sabesp, das cinco represas do Alto Tietê, as duas que têm reserva técnica já recuaram muito. 
Na Biritiba as pessoas conseguem andar pelo local que antes era alagado. "Estou aqui há 5 anos e desse estado que está é a primeira vez", diz o comerciante Nick Morimoto.
Na represa Jundiaí, construções antes submersas estão ressurgindo. 
A Sabesp informa que a reserva técnida da represa também poderá ser utlizada nos próximos meses. "A outra reserva técnica maior, que é a do Jundiai, nós utilizaremos somente se necessário a partir de novembro deste ano", explica Massato.
Represa da Ponte Novam, em Salesópolis, exibe pedras de seu leito (Foto: Edson Martins/Jornal O Diário)Represa da Ponte Nova, em Salesópolis, exibe
pedras de seu leito
(Foto: Edson Martins/Jornal O Diário)
No caso do Cantareira, o volume morto começou a ser bombeado em maio, quando o nível chegou a 8%. "O maior desafio é convencer as autoridades de que não podem trabalhar só na crise, essa situação da seca é uma situação que vai passar quando vierem as chuvas e aí todo mundo vai esquecer desse problema até ele aparecer de novo", diz Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água.
Inquérito
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) – núcleo do Ministério Público voltado à proteção ambiental - instaurou inquérito civil para verificar se é regular a gestão do Sistema Alto Tietê. 
A portaria de instauração do inquérito é assinada pelo promotor Ricardo Manuel Castro.
Castro pediu informações sobre o funcionamento do Sistema para a Sabesp, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Agência Nacional de Águas (ANA).
O MP acredita ser necessária a investigação pela “falta de planos de contingência nos municípios da região metropolitana para o enfrentamento da crise de abastecimento de água” e “existência de indícios de ingerência não técnica nas tomadas de decisões para a gestão da crise de abastecimento de água”.
O inquérito foi instaurado em 26 de junho. O MP explica que os órgãos têm prazo de 15 dias para enviar as informações contando a partir da data em que receberam o pedido. 
Esta é a primeira etapa do inquérito e caso os órgãos não enviem ou encaminhem informações insuficientes, o promotor pode reiterar o pedido. O inquéiito tem 180 dias para ser concluído.

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