HAROLDO CASTRO, FELIPE FROSSARD, GUIDO BRUZADIN E JOÃO MAKRAY (TEXTO E FOTOS)
“Uma terra improdutiva, de relevo acidentado, cujo solo é composto
basicamente de quartzo e arenito.”
Foi baseando-se nestas observações
que os fazendeiros do final do século XIX, devotos à Igreja Católica,
entregaram a posse destas terras aos cuidados da Cúria.
Os padres pouco
fizeram além de construir uma pequena capela no topo do Pico do Peão, a
1.720 metros de altitude.
Somente em 4 de julho de 1973, há 40 anos, o
governo do Estado de Minas Gerais demarcou as terras como parque
estadual.
Aproveitamos um feriadão para conhecer o parque de 1.488 hectares quase em sua totalidade. O nome do parque significa “serra que estala” – do tupi ibiti (serra) e poca (estala).
O Parque Estadual Ibitipoca possui três trilhas, cada um com extensões, altitudes e cenários diferentes.
O Circuito das Águas é o menor, com apenas 5 km.
Em forma de um círculo, não exige esforço e apresenta cachoeiras convidativas com boas chances de observar pássaros.
O ponto alto é a Ponte de Pedra, formação surpreendente onde o rio do Salto, por uma ação de séculos, cavou uma passagem por baixo da rocha.
A Cachoeira dos Macacos também pode ser alcançada por esta trilha, com uma piscina natural que convida a um banho que massageia as costas depois de algumas horas de caminhada.
A cachoeira é o ponto final do circuito; após passar pela parte de baixo, acompanhando o rio de perto, o visitante agora volta pela parte de cima, tendo outro ponto de vista, agora mais alto do que o rio.
Mas é o lago das Miragens que mais nos encanta.
Certamente a coloração vermelha da água, resultado da decomposição das folhas, é o que mais chama atenção de nossas câmeras fotográficas.
O Pico do Peão é o objetivo para aqueles que fazem o segundo circuito.
São pouco mais de 5 km para alcançar o topo do morro – aliás, mais um cume abaulado do que um pico pontiagudo – em um percurso total de 11 km.
A boa surpresa é a Gruta dos Viajantes, que possui uma escada que dá acesso a seu interior.
O calor e o sol forte do cerrado dão lugar ao frescor e umidade da gruta.
Usamos uma lanterna já que, após cerca de um minuto de passos dentro da gruta, a escuridão é absoluta.
Diferente de outras grutas do parque, nesta sentimos um vento vindo do fundo da gruta, o que pressupõe a existência de uma saída do lado oposto, possibilidade que instiga a curiosidade de continuar a enfrentar a escuridão.
Antes do final dos 300 metros de caverna, já ouvimos canários e araras.
Alguns passos adicionais e avistamos novamente a luz do dia que aparece na segunda boca da caverna.
O nome certo deveria ser Túnel dos Viajantes, e não apenas gruta.
O terceiro circuito exige um pouco mais de condicionamento físico: o trajeto ida e volta tem 16 km.
Por esta trilha, chegamos à Gruta dos Três Arcos, à Janela do Céu e ao ponto mais alto do parque, a Lombada, que fica a 1.784 m.
Acompanhando o pequeno riacho, atravessamos um pequeno cânion que, somado à outros detalhes singulares, fazem deste parque um espaço especial, bem mais do que apenas um local de trilhas e cachoeiras.
Outro atrativo que chama nossa atenção é a Cascatinha, um pequeno fio d’água que escorre suavemente como uma ducha, às margens de uma prainha de quartzo branco que contrasta com a água vermelho escura, tingida pelo tanino das folhas.
Notamos uma presença marcante do IEF (Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais), órgão que controla a entrada ao marque, limitando a entrada de visitantes (300 pessoas durante a semana e 800 nos fins de semana) para garantir a preservação do parque.
Para aqueles que querem acampar dentro do parque, existe uma área demarcada.
Quem passa a noite recebe três presentes adicionais: as cores do pôr-do-sol, o amanhecer grandioso e a observação das estrelas, encantos permitidos somente aos que acampam.
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