Situação é mais crítica nas áreas próximas ao Córrego dos Palmitos.
Problema provocou mudanças de hábito e aumentou medo da dengue.
Uma infestação de pernilongos está tirando o sossego e o sono de moradores de Orlândia (SP).
O problema, que ocorre em todo o município, é mais frequente em áreas próximas ao Córrego dos Palmitos e tem provocado reclamações e mudanças de comportamento nas casas, principalmente à noite, quando a incidência é maior.
A Prefeitura diz que a grande quantidade de insetos é resultado da dificuldade de fazer o controle de larvas em uma das quatro lagoas de tratamento de esgoto e que está buscando alternativas para amenizar a situação.
O eletricista industrial Bruno Marinotti, de 22 anos, mora no centro, a duas quadras do córrego, que corta Orlândia.
Segundo ele, o problema se intensificou no início de junho. “Quem mais sofre é meu sobrinho, de três anos, que mora com a gente. Ele fica com o corpo todo marcado”.
Mesmo providenciando a retirada de cortinas, onde os insetos costumavam se alojar, e fechando todas as janelas da residência quando começa a anoitecer, a família tem dificuldades para dormir. “Sempre enfrentamos esse problema, mas, nesta temporada, como está mais quente que outros anos, o número de pernilongos aumentou”.
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Marinotti conta que tem evitado visitar uma praça com um espelho d’água, também na região central, onde ia com frequência. “Está ficando insuportável”.
O jovem cobra medidas do poder público. “Poderiam aplicar um veneno público, algo que diminua esse sofrimento. Nosso maior medo é quando começarem as chuvas e o mosquito da dengue vir junto com os pernilongos”.
Na casa da funcionária pública Valéria Aparecida Passaglia Monteiro, de 51 anos, que mora com a filha e uma neta de sete meses, os frascos de repelentes estão sempre à mão.
Mas não só eles. A família também usa raquetes próprias para matar insetos. “São pernilongos grandes e resistentes a venenos. Então, o jeito é apelar para outros métodos”, afirma. Mas o resultado, quase sempre, não é o esperado. “Dá dó ver minha neta.
À noite, ela dorme protegida por um véu, mas, durante o dia, quando os pernilongos também atacam, mesmo em menor número, é impressionante a quantidade de marcas pelo corpo dela”.
Valéria mora a três quadras do Córrego dos Palmitos e diz que já ouviu reclamações de quase todos os vizinhos. “Todo mundo reclama que são muitos pernilongos em casa. É possível ver 10, 15 deles juntos. Teve um dia que matei 12 só no meu quarto”. A funcionária pública também tem medo da dengue. “Pelo que a gente sabe, os mosquitos são parentes dos pernilongos. Quando começar a chover, a gente vai correr riscos”.
Problemas na lagoa
A Prefeitura de Orlândia informa, em nota, por meio de sua assessoria de imprensa, que a infestação de pernilongos é decorrente de um problema existente em uma das quatro lagoas de tratamento de esgoto existentes no município.
A nota informa que a lagoa está cheia de larvas e pupas e que o Departamento de Água e Esgoto (DAE) “está ciente do problema há tempos”.
Ainda segundo a Prefeitura, o departamento de controle de vetores fez aplicação de inseticidas na lagoa, mas precisou suspender o trabalho porque havia o risco de desestabilizar a “microbiota” – composta por microorganismos que atuam no equilíbrio do ambiente. “Estamos buscando novas alternativas na tentativa de diminuir a proliferação de insetos no local, mas qualquer medida só poderá ser tomada após aval do DAE”.
Nas áreas urbanas próximas ao Córrego dos Palmitos, a administração municipal afirma que busca encontrar uma forma de eliminar criadouros, inclusive os de Aedes aegypti, que transmite a dengue.
A pulverização com o uso do fumacê não está sendo feita, de acordo com a nota, porque seria ineficaz. “É preciso eliminar o criadouro, mas o fumacê atinge apenas uma pequena parcela dos mosquitos adultos que tiveram contato com o veneno.
Assim, seria necessária uma aplicação frequente do inseticida, o que desequilibra o meio ambiente local, oferece risco à saúde das pessoas, dos animais, além do alto custo que a ação geraria”.
A Prefeitura diz, também, que o uso indiscriminado de inseticida aumentaria a resistência dos mosquitos e, em caso de epidemia, não haveria alternativa para quebrar a transmissão da doença.
Uma capina química, com o uso de agrotóxicos, chegou a ser feita, mas teve de ser suspensa depois que o uso dos produtos foi proibido em todo o território nacional.
Orlândia havia registrado, até a última quinta-feira (10), conforme dados fornecidos pela assessoria, 30 casos de dengue, contra 250 durante todo o ano de 2013.
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