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terça-feira, setembro 10, 2013

Com ações na Justiça, Champignon declarou pobreza antes de morrer

G1 localizou processos contra músico em São Paulo, Santos e São Vicente.
Ele também entrou com medida contra Chorão após saída do Charlie Brown.

Kleber Tomaz e Paulo Toledo Piza Do G1 São Paulo
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Champignon foi ao prédio onde o Chorão morava em São Paulo (Foto: Alex Falcão/ Futura Pressa/AE) 
Nome de Champignon é citado em dez ações (Foto: Alex Falcão/ Futura Press/AE)
 
 
 
O músico Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, o Champignon, que foi achado morto aos 35 anos de idade em São Paulo na madrugada desta segunda-feira (9), chegou a fazer ao menos duas declarações de pobreza à Justiça. 

A alegação do músico é que ele não tinha condições financeiras para arcar com custos de processos por dívidas que contraiu, a maioria por bens que adquiriu e não conseguiu pagar, nem dinheiro para pagar advogados para defendê-lo.

Levantamento do G1 feito com base em dados do site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mostram que o ex-baixista da banda Charlie Brown Jr. aparece em ao menos dez ações em fóruns de cidades como Santos, onde nasceu, São Vicente e na capital paulista. Em sete desses processos, o artista aparece como réu.

Segundo a lei nº 1.060, considera-se pobre judicialmente quem não consegue pagar as custas do processo e do advogado “sem prejuízo do sustento próprio ou da família”. Nessas dez ações, Champignon teve oito advogados.

Para a Polícia Civil, Champignon se matou ao usar uma pistola 380 para atirar contra a própria cabeça após discutir com a atual mulher, a cantora Cláudia Bossle Campos, de 32, que está grávida de cinco meses de uma menina. 

O corpo do artista foi encontrado no escritório do apartamento onde morava com a mulher, na Zona Sul.

Segundo o SPTV, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, afirmou que um dos motivos da discussão eram problemas financeiros. 

O 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, investiga o caso como suicídio e tenta saber quais foram as motivações para o crime.

Em 2006, um ano após sair brigado do Charlie Brown Jr. por divergências com Chorão, Champignon redigiu “declaração de pobreza” de próprio punho para solicitar à Justiça um defensor público para atuar gratuitamente. 

Ele movia duas ações contra os colegas: de R$ 650 mil contra Chorão e de R$ 100 mil contra a banda para que ela não associasse mais sua imagem ao grupo. 

O baterista Renato Pelado era co-autor da ação de R$ 100 mil contra o líder do grupo e o produtor musical Rick Bonadio.

Arte Champignon vale esse (Foto: Editoria de Arte/G1)

O juiz, porém, negou que as condições financeiras do baixista fossem tão ruins, pois este contratou três advogados para defendê-lo. Em 2011, Champignon e Chorão reconciliaram-se, o baixista voltou para o grupo e, finalmente, em junho de 2013, tal processo foi extinto.

Champignon voltou a fazer uma “declaração de pobreza” e “miserabilidade jurídica” em 2009, quando pediu à Justiça gratuitamente um advogado da Defensoria Pública para defendê-lo da ação de “reintegração e manutenção de posse de um imóvel” impetrada contra ele pelo Banco Matone S/A.

A instituição financeira cobrava do músico a devolução de um apartamento na Rua Caiowá, em Perdizes, que ele dividia com Nicole Lanzuolo Duarte -antiga mulher e mãe de sua filha, Luiza, de 7 anos. 

De acordo com o processo, o imóvel de 103 metros quadrados, com duas vagas na garagem, estava avaliado em R$ 240 mil à época. O imóvel chegou a ir a leilão no mesmo ano da ação por decisão da Justiça.

Procurado nesta terça-feira (10) pelo G1 para comentar o assunto, o advogado Welesson Jose Reuters de Freitas, que aparece nesse processo de “reintegração” como defensor do músico, afirmou que o defendeu na época em que o músico fez a declaração de pobreza, mas que não o representa mais.

“Nesse caso dele específico, sou advogado de uma ONG ligada à Defensoria Pública que presta auxílio a pessoas sem recursos. Ele respondia a esse processo por falta de pagamento. 

Fiquei sabendo que ele [Champignon] faleceu recentemente”, disse por telefone o defensor, que soube pela equipe de reportagem que o artista havia constituído novos defensores.

Diante do atestado de pobreza, o magistrado do caso exigiu de Champignon comprovante de renda e quis saber quais eram seus bens móveis e imóveis. 

O G1 leu a decisão da Justiça que retirava o benefício do defensor público após ele decidir contratar outros advogados, que não foram localizados para falar do caso até a publicação desta reportagem.  Os advogados do Banco Matone S/A também não foram encontrados.

Ao entrar com os atestados de pobreza, o músico alegou que não conseguiria arcar com eventuais custos dos processos. 

A lei garante a quem comprova a pobreza que seja defendido gratuitamente por um defensor público. Caso a pessoa perca a causa, não precisa pagar as custas nem os honorários da parte vencedora.

Outras ações

Em outra ação de “procedimento ordinário”, a Justiça condenou Champignon em 2009 a pagar R$ 96 mil para a Engeterpa Construções e Participações Ltda. Procurada, a os advogados da empresa não quiseram comentar.


Champignon também foi processado por dívidas menores. Em 2001, o Banco Continental pediu a devolução de um carro. 

“Ele financiou e não pagou”, disse o advogado Bartholomeu Dalla Mariga Filho, ex-defensor do banco. O valor do veículo era de R$ 64.852,14.

Em ação recente, de 2012, o músico é acionado por não ter pago IPVA de seu carro. Ele tentou reverter a decisão, mas não conseguiu. De acordo com o boletim de ocorrência sobre a morte do artista, ele tinha atualmente um Gol 2007.


Duas ações são da Vara da Família de São Vicente. Com valores de R$ 1 mil e R$ 11.160,00, foram requisitadas pela ex-mulher do músico.  

Há outro processo, de execução de título extrajudicial, em que o artista é réu. O requerente pede a Champignon R$ 16.130,49.

Suicídio

O delegado seccional Armando de Oliveira Costa Filho disse ao G1 que é "praticamente inafastável a tese de suicídio" do músico. 


O delegado disse que o caso vai continuar na delegacia da região, descartando inicialmente o envio do inquérito para setor especializado em assassinatos, o Departamento de Homicídios e  Proteção à Pessoa (DHPP).

Na época da morte do vocalista do Charlie Brown Jr., coube ao DHPP as apurações, que apontaram que a morte de Chorão foi causada por overdose. 


No caso de Champignon, as evidências coletadas pela investigação apontam que  o próprio músico teria segurado usado uma pistola 380 para atirar contra a cabeça.

Trajetória

Champignon tinha 35 anos e nasceu em Santos, litoral paulista. 


O músico lançou vários discos com a banda Charlie Brown Jr, que deixou em 2005, após brigas com o vocalista Alexandre Magno Abrão, o Chorão. 

Nessa época, participou de outros projetos, como o grupo Nove Mil Anjos, que tinha Junior Lima (irmão de Sandy) na bateria.

Em 2011, Champignon retornou ao Charlie Brown Jr. fazendo com que a banda voltasse a contar com a presença dos quatro integrantes da formação original de 1992: Marcão, Champignon, Chorão e Thiago Castanho, além do baterista Bruno Graveto, que passou a integrar o grupo em 2008.

Após a morte de Chorão, em 6 de março deste ano, os membros do Charlie Brown lançaram a banda A Banca, que tinha Champignon como vocalista.

A próxima apresentação do grupo seria no dia 21 de setembro em Recife, Pernambuco, com a turnê “Chorão Eterno”, show que homenageava além de Chorão, toda a trajetória da banda Charlie Brown Jr.

Duas perdas no mesmo ano


Em 2013, Champignon perdeu dois companheiros de banda entre março e maio: o parceiro Chorão e o guitarrista Peu Sousa, ex-colega de Nove Mil Anjos, encontrado morto em maio em sua casa, no bairro de Itapuã, em Salvador.


Chorão morreu por overdose de cocaína, enquanto a morte de Peu foi provocada por suicídio, segundo informou na época a Polícia Civil da Bahia.

Ao G1, Champignon falou sobre as mortes no dia 6 de maio. "Os dois perderam a fé. Quando perdem a fé, perdem a vontade de viver. Foi mais um dia muito triste", disse o baixista.

"Eu acho que as pessoas, em algum momento da vida, perdem a fé. 

Independentemente se morrem por droga, ou enforcadas. 

Se perdem a vida sem culpa de ninguém, acredito que em algum momento perderam a fé", acrescentou.

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