Cardeal Jorge Bergoglio escreveu carta de repúdio à lei de união civil gay.
Entidade de direitos humanos relaciona Papa à perseguição da ditadura.
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"É uma história muito negativa. Não nos dá esperança de progresso. Se houve uma pessoa que se opôs à distribuição de preservativos e à lei de união civil homossexual foi Jorge Bergoglio", disse ao G1 Rafael Freda, presidente da Sociedade de Integração Gay e Lésbica da Argentina. Para ele, as pressões eclesiásticas influenciaram muito nos projetos de educação sexual votados no país. "Creio que ele poderia usar melhor seu tempo falando sobre os países que matam homossexuais."
Ainda segundo a entidade, o agora Papa Francisco é um "ativo militante contra o direito ao aborto seguro, legal e gratuito."
Cartazes
na Praça de Maio relacionam o Papa Francisco
ao peronismo, movimento
político argentino, nesta sexta-feira
(15) (Foto: Giovana Sanchez/G1)
Além de se opor aos direitos dos homossexuais, o novo Papa chegou a depor em um julgamento de crimes contra a humanidade, após ter tirado a licença de dois missionários que eram perseguidos e que depois foram sequestrados e torturados por cinco meses, em 1976. 'Eu fiz o que pude na idade que tinha e com as poucas relações que tinha para intervir em favor das pessoas sequestradas', se explicou Jorge Bergoglio no livro "O Jesuíta", de Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti.
Ele também foi ouvido como testemunha durante um processo sobre o roubo de bebês de opositores adotados por funcionários do regime militar. Na ocasião, disse que tomou conhecimento dos casos após o retorno da democracia.
O prêmio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel escreveu que o Papa não teve envolvimento com o governo militar, mas que lhe faltou coragem na luta pelos direitos humanos durante a ditadura.
Nesta quinta, a imprensa argentina noticiou que um grupo de acusados por crimes na ditadura apareceu no tribunal usando insígnias com as cores do Vaticano para homenagear o Papa.
Conhecidas pela luta pelo julgamento dos criminosos da ditadura argentina, as Mães da Praça de Maio divulgaram uma nota nesta quinta em que dizem que fizeram uma lista, no começo de sua militância, dos 150 sacerdotes desaparecidos na época da ditadura. "A igreja oficial se calou e nunca clamou por eles. [...] Sobre este Papa que nomearam ontem só temos uma coisa a dizer: Amém."
No ato habitual na Praça de Maio desta quinta, uma das mães enfatizou o silêncio eclesiástico sobre as questões dos desaparecidos. "Acredito em uma mudança na Igreja. Que ele cumpra com seu desejo e pensamento. Não sei [sobre seu papel na ditadura], não posso falar. [...] O que sei é que quando fomos ao Vaticano, a Igreja Católica nunca nos atendeu", disse Nair Amuedo ao G1.
A 'mãe de maio' Nair Amuedo
(Foto: Giovana Sanchez/G1)
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