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domingo, julho 13, 2014

Adorado por todos, o cavalo é a alma das estepes da Mongólia

Batbold, jóquei de 9 anos, monta um alazão de Choidog, um dos mais importantes treinadores de cavalos da província Tuv (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)

 HAROLDO CASTRO, DE ULAANBAATAR (TEXTO E FOTOS)


Na Mongólia, as crianças aprendem a montar aos quatro anos de idade. 

Dos três milhões de habitantes que vivem no país, quase um milhão são nômades.

Para estes, o cavalo é vital, pois permite vencer as grandes distâncias das estepes. 

É o principal meio de transporte para um povo altivo que ainda troca de morada a cada dois ou três meses.

“Foram os cavalos que moldaram nossa pátria. 

O imperador Gênghis Khan só conquistou meio mundo por que desenvolveu uma cavalaria vigorosa”, diz orgulhosamente Badrakh Choidogiin, acariciando a cabeça de um alazão negro. 

“Por isso, o cavalo é muito respeitado em nossa cultura”.

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Desde minha primeira visita ao país, observei a importância do cavalo entre os mongóis. 

A figura central da bandeira de preces budistas é a do Cavalo de Vento. 

O instrumento musical nacional – o violino Morin Khuur – utiliza fios do rabo do animal para o arco e suas duas cordas, além de trazer uma talha da cabeça de um cavalo no cabo. 

Cada um dos nove estandartes nacionais, venerado durante a festa nacional do Naadam, é confeccionado com nove rabos de cavalos brancos. 

Quase todos os cavalos são ornados com peças de prata.  O “Cavalo de Vento” é a figura central das bandeiras de prece do budismo tibetano (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)


Um músico toca o violino Morin Khuur; fios do rabo de cavalo são usados para as duas cordas. O violino traz uma talha da cabeça equina no cabo  (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)
Um cavalo descansa sua cabeça no dorso de outro animal; as selas mongóis são ricamente decoradas com motivos em prata (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)


Badrakh caminha entre os cavalos, alisando o pescoço de um e penteando a crina de outro.

 Um senhor vestido com uma bata elegante se aproxima.

 É Choidog, pai de Badrakh e de mais outros dez filhos. 

Vive a 25 km de Bayan Onjuul (onde estamos), em sua tenda tradicional, cercado de 300 cavalos, 50 cabeças de gado e 250 carneiros e cabritos. 

A paixão de Choidog é treinar cavalos e ele já ganhou dois primeiros lugares em competições nacionais. 

Para as provas em Bayan Onjuul, na província de Tuv, a 140 km da capital, Choidog trouxe cerca de 40 animais e montou um acampamento com parentes e amigos.
 

Choidog dentro de sua barraca, no acampamento montado para os dias de festa. No poste da tenda, ele expõe uma dezena de medalhas que ganhou como treinador de cavalos (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)


O ritual de cada corrida demora mais de duas horas e as provas são por idade dos cavalos. 

Badrakh avisa que o momento do início da corrida é sempre muito delicado. 

Os cavalos ficam nervosos, tornam-se impacientes e relincham antes da largada.

 E quando um sai, todos vão atrás.

É o que acontece na terceira corrida de Bayan Onjuul. 

Alguns dos pequenos jóqueis não conseguem travar seus animais e um grupo de cavalos indóceis não resiste à vontade de sair em disparada. 

Agora são 20 km sem escalas, os cavalos voando nas estepes.
  O momento do início da corrida é delicado pois quase sempre um grupo “queima” a saída (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)

A terceira corrida aconteceu no final da tarde, com o sol esquentando os tons coloridos das roupas dos jóqueis. Entre 60 a 100 cavalos participam da prova (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)
O alvoroço na chegada também é intenso. 

À medida que um cavalo cruza a linha final, seu treinador e um ajudante correm para o receber. 

A primeira providência é passar uma espátula de bambu rente ao corpo molhado do animal para retirar o suor.

 “É preciso secar o cavalo para que ele não adoeça”, afirma Choidog. 

Os bravos alazões são o foco de todo o mimo.

Mas e as crianças? 

Com suas carinhas sujas de pó e as narinas entupidas de areia, os meninos e meninas que não tiveram a glória de chegar entre os cinco primeiros, são relegados a segundo plano. 

Sem cavalos, eles carregam sua sela e caminham desnorteados. 

Apesar de estarem visivelmente exaustos, pouca atenção lhes é dada. 

O máximo que um ou outro recebe é uma garrafa de refrigerante para matar a sede.

Na hora da entrega do prêmio aos cinco vencedores, um lenço azul é amarrado no pescoço do animal e um cálice com vodca é entregue ao jóquei mirim para molhar seus lábios. 

O resto da bebida é oferecida como agradecimento e jogada ao ar. 

Uma bebida branca entra em cena, é o “airaq”, leite fermentado de égua; não existe ritual na Mongólia sem “airaq”. 

Cada treinador entrega a vasilha na mão de seu jóquei, que bebe um gole. 

Em seguida, o treinador rega a crina, a traseira e a testa do cavalo com o leite de égua. 

Os organizadores da corrida colocam uma medalha no cavalo e entregam outra aos meninos.

Dentre as cinco crianças vencedoras há uma menina. 

Ela segura o bastão com o número 1; tem apenas seis anos e seu nome é Chivaandulam. 

Notei o número de seu jaleco: 108. 

Teria sido uma mera coincidência o fato que 108 é o número mais abençoado no budismo mongol? 

Seu treinador sorri quando indico, de forma inquisitiva, o número do jaleco. 

Ele acaricia a face do cavalo, como se agradecesse o esforço do animal.
. Chivaandulam, de 6 anos, com o jaleco 108 (número sagrado budista), segura o bastão de ganhadora da prova (Foto: Haroldo Castro/ÉPOCA)
 



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