Por Valter Desiderio Barreto.
Ministro do Evangelho.
A história de José do Egito e de Ester, não deixam dúvidas da
onisciência de Deus, e o seu socorro para todos àqueles que O buscam com
sinceridade de coração.
Começaremos pela história de José que está registrada nas Escrituras
Sagradas, no Livro de Gênesis, capítulos 37 a 46.
Vejam que no Capítulo 45, o próprio José revela para os seus irmãos, os motivos
pelos quais ele havia passado por tantos desafios para se tornar o benfeitor de
toda sua família nos sete anos de fome que se abateu no Egito e região.
José é vendido por seus irmãos.
1 E JACÓ habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de
Canaã.
2 Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos,
apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos
de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más
notícias deles a seu pai.
3 E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era
filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles,
odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente.
5 Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda
mais.
6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:
7 Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho
se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e
se inclinavam ao meu molho.
8 Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós?
Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus
sonhos e por suas palavras.
9 E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que
tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam
a mim.
10 E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e
disse-lhe: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e
teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?
11 Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no
seu coração.
12 E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pai, junto de Siquém.
13 Disse, pois, Israel a José: Não apascentam os teus irmãos junto de
Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. E ele respondeu: Eis-me aqui.
14 E ele lhe disse: Ora vai, vê como estão teus irmãos, e como está o
rebanho, e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom, e foi a Siquém.
15 E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo campo, e
perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras?
16 E ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles
apascentam.
17 E disse aquele homem: Foram-se daqui; porque ouvi-os dizer: Vamos a
Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus irmãos, e achou-os em Dotã.
18 E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra
ele para o matarem.
19 E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor!
20 Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e
diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos.
21 E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a
vida.
22 Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova,
que está no deserto, e não lanceis mãos nele; isto disse para livrá-lo das mãos
deles e para torná-lo a seu pai.
23 E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram de José a sua
túnica, a túnica de várias cores, que trazia.
24 E tomaram-no, e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não
havia água nela.
25 Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e
olharam, e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos
traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito.
26 Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a
nosso irmão e escondamos o seu sangue?
27 Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele;
porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram.
28 Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a José da
cova, e venderam José por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais
levaram José ao Egito.
29 Voltando, pois, Rúben à cova, eis que José não estava na cova; então
rasgou as suas vestes.
30 E voltou a seus irmãos e disse: O menino não está; e eu aonde irei?
31 Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a
túnica no sangue.
32 E enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai, e
disseram: Temos achado esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica
de teu filho.
33 E conheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho; uma fera o comeu;
certamente José foi despedaçado.
34 Então Jacó rasgou as suas vestes, pôs saco sobre os seus lombos e
lamentou a seu filho muitos dias.
35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o
consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de
descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai.
36 E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó,
capitão da guarda.
José em casa de Potifar.
1 E JOSÉ foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó, capitão da
guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado lá.
2 E o SENHOR estava com José, e foi homem próspero; e estava na casa de
seu SENHOR egípcio.
3 Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele, e tudo o que
fazia o SENHOR prosperava em sua mão,
4 José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa,
e entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que
tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do
SENHOR foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.
6 E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que nada sabia do
que estava com ele, a não ser do pão que comia. E José era formoso de porte, e
de semblante.
7 E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os seus
olhos em José, e disse: Deita-te comigo.
8 Porém ele recusou, e disse à mulher do seu SENHOR: Eis que o meu senhor
não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão
a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria
contra Deus?
10 E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele
ouvidos, para deitar-se com ela, e estar com ela,
11 Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer seu serviço; e
nenhum dos da casa estava ali;
12 E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou
a sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora.
13 E aconteceu que, vendo ela que deixara a sua roupa em sua mão, e
fugira para fora,
14 Chamou aos homens de sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, meu marido
trouxe-nos um homem hebreu para escarnecer de nós; veio a mim para deitar-se
comigo, e eu gritei com grande voz;
15 E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava,
deixou a sua roupa comigo, e fugiu, e saiu para fora.
16 E ela pôs a sua roupa perto de si, até que o seu SENHOR voltou à sua
casa.
17 Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o
servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim;
18 E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a
sua roupa comigo, e fugiu para fora.
19 E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que
lhe falava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo, a sua
ira se acendeu.
20 E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar
onde os presos do rei estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do
cárcere.
21 O SENHOR, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua
benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.
22 E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam
na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali.
23 E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão
dele, porquanto o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR
prosperava.
José na prisão interpreta dois sonhos.
1 E ACONTECEU, depois destas coisas, que o copeiro do rei do Egito, e o
seu padeiro, ofenderam o seu SENHOR, o rei do Egito.
2 E indignou-se Faraó muito contra os seus dois oficiais, contra o
copeiro-mor e contra o padeiro-mor.
3 E entregou-os à prisão, na casa do capitão da guarda, na casa do
cárcere, no lugar onde José estava preso.
4 E o capitão da guarda pô-los a cargo de José, para que os servisse; e
estiveram muitos dias na prisão.
5
E ambos tiveram um sonho, cada um seu sonho, na mesma noite, cada um conforme a
interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam
presos na casa do cárcere.
6 E veio José a eles pela manhã, e olhou para eles, e viu que estavam
perturbados.
7 Então perguntou aos oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere
da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão hoje tristes os vossos
semblantes?
8 E eles lhe disseram: Tivemos um sonho, e ninguém há que o interprete. E
José disse-lhes: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em
meu sonho havia uma vide diante da minha face.
10 E na vide três sarmentos, e brotando ela, a sua flor saía, e os seus
cachos amadureciam em uvas;
11 E o copo de Faraó estava na minha mão, e eu tomava as uvas, e as
espremia no copo de Faraó, e dava o copo na mão de Faraó.
12 Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos
são três dias;
13 Dentro ainda de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te
restaurará ao teu estado, e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o
costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo
de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa;
15 Porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui
nada tenho feito para que me pusessem nesta cova.
16 Vendo então o padeiro-mor que tinha interpretado bem, disse a José: Eu
também sonhei, e eis que três cestos brancos estavam sobre a minha cabeça;
17 E no cesto mais alto havia de todos os manjares de Faraó, obra de
padeiro; e as aves o comiam do cesto, de sobre a minha cabeça.
18 Então respondeu José, e disse: Esta é a sua interpretação: Os três
cestos são três dias;
19 Dentro ainda de três dias Faraó tirará a tua cabeça e te pendurará num
pau, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.
20 E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Faraó, que fez um
banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça
do padeiro-mor, no meio dos seus servos.
21 E fez tornar o copeiro-mor ao seu ofício de copeiro, e este deu o copo
na mão de Faraó,
22 Mas ao padeiro-mor enforcou, como José havia interpretado.
23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.
José interpreta os sonhos de Faraó.
1 E ACONTECEU que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que
estava em pé junto ao rio.
2 E eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne,
e pastavam no prado.
3 E eis que subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e
magras de carne; e paravam junto às outras vacas na praia do rio.
4 E as vacas feias à vista e magras de carne, comiam as sete vacas
formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó.
5 Depois dormiu e sonhou outra vez, e eis que brotavam de um mesmo pé
sete espigas cheias e boas.
6 E eis que sete espigas miúdas, e queimadas do vento oriental, brotavam
após elas.
7 E as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então
acordou Faraó, e eis que era um sonho.
8 E aconteceu que pela manhã o seu espírito perturbou-se, e enviou e
chamou todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó
contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse.
9 Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas me
lembro hoje:
10 Estando Faraó muito indignado contra os seus servos, e pondo-me sob
prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mor,
11 Então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos, cada um
conforme a interpretação do seu sonho.
12 E estava ali conosco um jovem hebreu, servo do capitão da guarda, e
contamos-lhe os nossos sonhos e ele no-los interpretou, a cada um conforme o
seu sonho.
13 E como ele nos interpretou, assim aconteceu; a mim me foi restituído o
meu cargo, e ele foi enforcado.
14 Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair logo do cárcere; e
barbeou-se e mudou as suas roupas e apresentou-se a Faraó.
15 E Faraó disse a José: Eu tive um sonho, e ninguém há que o interprete;
mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas.
16 E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará
resposta de paz a Faraó.
17 Então disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé na
margem do rio,
18 E eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista,
e pastavam no prado.
19 E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e
magras de carne; não tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a
terra do Egito.
20 E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas;
21 E entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem
entrado; porque o seu parecer era feio como no princípio. Então acordei.
22 Depois vi em meu sonho, e eis que de um mesmo pé subiam sete espigas
cheias e boas;
23 E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental,
brotavam após elas.
24 E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu contei
isso aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.
25 Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de
fazer, mostrou-o a Faraó.
As sete vacas formosas são sete anos, as sete espigas formosas também são sete
anos, o sonho é um só.
27 E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são
sete anos, e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete
anos de fome.
28 Esta é a palavra que tenho dito a Faraó; o que Deus há de fazer,
mostrou-o a Faraó.
29 E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do
Egito.
30 E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura
será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;
31 E não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que
haverá depois; porquanto será gravíssima.
32 E que o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é
determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la.
33 Portanto, Faraó previna-se agora de um homem entendido e sábio, e o
ponha sobre a terra do Egito.
34 Faça isso Faraó e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta
parte da terra do Egito nos sete anos de fartura,
35 E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem o trigo
debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
36 Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de
fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 E esta palavra foi boa aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os
seus servos.
Faraó põe José como governador do Egito.
38 E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem
haja o espírito de Deus?
39 Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto,
ninguém há tão entendido e sábio como tu.
40 Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu
povo, somente no trono eu serei maior que tu.
41 Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do
Egito.
42 E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez
vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço.
43 E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele:
Ajoelhai. Assim o pôs sobre toda a terra do Egito.
44 E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará a
sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito.
45 E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a
Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do
Egito.
46 E José era da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei
do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 E nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente.
48 E ele ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do
Egito; e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas mesmas o mantimento do
campo que estava ao redor de cada cidade.
49 Assim ajuntou José muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que
cessou de contar; porquanto não havia numeração.
50 E nasceram a José dois filhos (antes que viesse um ano de fome), que
lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
51 E chamou José ao primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez
esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai.
52 E ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra
da minha aflição.
53 Então acabaram-se os sete anos de fartura que havia na terra do Egito.
54 E começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia
fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão.
55 E tendo toda a terra do Egito fome, clamou o povo a Faraó por pão; e
Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia
mantimento, e vendeu aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 E de todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José; porquanto
a fome prevaleceu em todas as terras.
Os irmãos de José descem ao Egito.
1 VENDO então Jacó que havia mantimento no Egito, disse a seus filhos:
Por que estais olhando uns para os outros?
2 Disse mais: Eis que tenho ouvido que há mantimentos no Egito; descei
para lá, e comprai-nos dali, para que vivamos e não morramos.
3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 A Benjamim, porém, irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos,
porque dizia: Para que lhe não suceda, porventura, algum desastre.
5 Assim, entre os que iam lá foram os filhos de Israel para comprar,
porque havia fome na terra de Canaã.
6 José, pois, era o governador daquela terra; ele vendia a todo o povo da
terra; e os irmãos de José chegaram e inclinaram-se a ele, com o rosto em
terra.
7 E José, vendo os seus irmãos, conheceu-os; porém mostrou-se estranho
para com eles, e falou-lhes asperamente, e disse-lhes: De onde vindes? E eles
disseram: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.
8 José, pois, conheceu os seus irmãos; mas eles não o conheceram.
9 Então José lembrou-se dos sonhos que havia tido deles e disse-lhes: Vós
sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.
10 E eles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar
mantimento.
11 Todos nós somos filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os
teus servos não são espias.
12 E ele lhes disse: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.
13 E eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um
homem na terra de Canaã; e eis que o mais novo está com nosso pai hoje; mas um
já não existe.
14 Então lhes disse José: Isso é o que vos tenho dito, sois espias;
15 Nisto sereis provados; pela vida de Faraó, não saireis daqui senão
quando vosso irmão mais novo vier aqui.
16 Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos,
e vossas palavras sejam provadas, se há verdade convosco; e se não, pela vida
de Faraó, vós sois espias.
17 E pô-los juntos, em prisão, três dias.
18 E ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu
temo a Deus.
19 Se sois homens de retidão, que fique um de vossos irmãos preso na casa
de vossa prisão; e vós ide, levai mantimento para a fome de vossa casa,
20 E trazei-me o vosso irmão mais novo, e serão verificadas vossas
palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.
21 Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de
nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém
não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia.
22 E Rúben respondeu-lhes, dizendo: Não vo-lo dizia eu: Não pequeis
contra o menino; mas não ouvistes; e vedes aqui, o seu sangue também é
requerido.
23 E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre
eles.
24 E retirou-se deles e chorou. Depois tornou a eles, e falou-lhes, e
tomou a Simeão dentre eles, e amarrou-o perante os seus olhos.
Os irmãos de José voltam do Egito
25 E ordenou José, que enchessem os seus sacos de trigo, e que lhes
restituíssem o seu dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem comida para o
caminho; e fizeram-lhes assim.
26 E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos e partiram dali.
27 E, abrindo um deles o seu saco, para dar pasto ao seu jumento na
estalagem, viu o seu dinheiro; porque eis que estava na boca do seu saco.
28 E disse a seus irmãos: Devolveram o meu dinheiro, e ei-lo também aqui
no saco. Então lhes desfaleceu o coração, e pasmavam, dizendo um ao outro: Que
é isto que Deus nos tem feito?
29 E vieram para Jacó, seu pai, na terra de Canaã; e contaram-lhe tudo o
que lhes aconteceu, dizendo:
30 O homem, o senhor da terra, falou conosco asperamente, e tratou-nos
como espias da terra;
31 Mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não somos espias;
32 Somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um não mais existe, e o mais
novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.
33 E aquele homem, o senhor da terra, nos disse: Nisto conhecerei que vós
sois homens de retidão; deixai comigo um de vossos irmãos, e tomai para a fome
de vossas casas, e parti,
34 E trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias,
mas homens de retidão; então vos darei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 E aconteceu que, despejando eles os seus sacos, eis que cada um tinha
o pacote com seu dinheiro no seu saco; e viram os pacotes com seu dinheiro,
eles e seu pai, e temeram.
36 Então Jacó, seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não
existe e Simeão não está aqui; agora levareis a Benjamim. Todas estas coisas
vieram sobre mim.
37 Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu
não tornar a trazê-lo para ti; entrega-o em minha mão, e tornarei a trazê-lo.
38 Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão
é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre no caminho por onde
fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura.
Os irmãos de José descem outra vez ao Egito.
1 E A FOME era gravíssima na terra.
2 E aconteceu que, como acabaram de comer o mantimento que trouxeram do
Egito, disse-lhes seu pai: Voltai, comprai-nos um pouco de alimento.
3 Mas Judá respondeu-lhe, dizendo: Fortemente nos protestou aquele homem,
dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.
4 Se enviares conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos
alimento;
5 Mas se não o enviares, não desceremos; porquanto aquele homem nos
disse: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.
6 E disse Israel: Por que me fizeste tal mal, fazendo saber àquele homem
que tínheis ainda outro irmão?
7 E eles disseram: Aquele homem particularmente nos perguntou por nós, e
pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes mais um irmão? E
respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podíamos nós saber que diria:
Trazei vosso irmão?
8 Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o jovem comigo, e
levantar-nos-emos, e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu,
nem os nossos filhos.
9 Eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não o
trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para
sempre.
10 E se não nos tivéssemos detido, certamente já estaríamos segunda vez
de volta.
11 Então disse-lhes Israel, seu pai: Pois que assim é, fazei isso; tomai do
mais precioso desta terra em vossos vasos, e levai ao homem um presente: um
pouco do bálsamo e um pouco de mel, especiarias e mirra, terebinto e amêndoas;
12 E tomai em vossas mãos dinheiro em dobro, e o dinheiro que voltou na
boca dos vossos sacos tornai a levar em vossas mãos; bem pode ser que fosse
erro.
13 Tomai também a vosso irmão, e levantai-vos e voltai àquele homem;
14 E Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que
deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado,
desfilhado ficarei.
Os irmãos de José jantam com ele.
15 E os homens tomaram aquele presente, e dinheiro em dobro em suas mãos,
e a Benjamim; e levantaram-se, e desceram ao Egito, e apresentaram-se diante de
José.
16 Vendo, pois, José a Benjamim com eles, disse ao que estava sobre a sua
casa: Leva estes homens à casa, e mata reses, e prepara tudo; porque estes
homens comerão comigo ao meio-dia.
17 E o homem fez como José dissera, e levou-os à casa de José.
18 Então temeram aqueles homens, porquanto foram levados à casa de José,
e diziam: Por causa do dinheiro que dantes voltou nos nossos sacos, fomos
trazidos aqui, para nos incriminar e cair sobre nós, para que nos tome por
servos, e a nossos jumentos.
19 Por isso chegaram-se ao homem que estava sobre a casa de José, e
falaram com ele à porta da casa,
20 E disseram: Ai! senhor meu, certamente descemos dantes a comprar
mantimento;
21 E aconteceu que, chegando à estalagem, e abrindo os nossos sacos, eis
que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu
peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos;
22 Também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar
mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos sacos.
23 E ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de
vosso pai, vos tem dado um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro me chegou
a mim. E trouxe-lhes fora a Simeão.
24 Depois levou os homens à casa de José, e deu-lhes água, e lavaram os
seus pés; também deu pasto aos seus jumentos.
25 E prepararam o presente, para quando José viesse ao meio dia; porque
tinham ouvido que ali haviam de comer pão.
26 Vindo, pois, José à casa, trouxeram-lhe ali o presente que tinham em
suas mãos; e inclinaram-se a ele até à terra.
27 E ele lhes perguntou como estavam, e disse: Vosso pai, o ancião de
quem falastes, está bem? Ainda vive?
28 E eles disseram: Bem está o teu servo, nosso pai vive ainda. E
abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.
29 E ele levantou os seus olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de
sua mãe, e disse: Este é vosso irmão mais novo de quem falastes? Depois ele
disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.
30 E José apressou-se, porque as suas entranhas comoveram-se por causa do
seu irmão, e procurou onde chorar; e entrou na câmara, e chorou ali.
31 Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.
32 E serviram-lhe à parte, e a eles também à parte, e aos egípcios, que
comiam com ele, à parte; porque os egípcios não podem comer pão com os hebreus,
porquanto é abominação para os egípcios.
33 E assentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua
primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se
maravilhavam entre si.
34 E apresentou-lhes as porções que estavam diante dele; porém a porção
de Benjamim era cinco vezes maior do que as porções deles todos. E eles
beberam, e se regalaram com ele.
A astúcia de José para deter seus irmãos.
1 E DEU ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche de
mantimento os sacos destes homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de
cada um na boca do seu saco.
2 E o meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais novo, com
o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra que José tinha dito.
3 Vinda a luz da manhã, despediram-se estes homens, eles com os seus
jumentos.
4 Saindo eles da cidade, e não se havendo ainda distanciado, disse José
ao que estava sobre a sua casa: Levanta-te, e persegue aqueles homens; e,
alcançando-os, lhes dirás: Por que pagastes mal por bem?
5 Não é este o copo em que bebe meu senhor e pelo qual bem adivinha?
Procedestes mal no que fizestes.
6 E alcançou-os, e falou-lhes as mesmas palavras.
7 E eles disseram-lhe: Por que diz meu senhor tais palavras? Longe estejam
teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro, que temos achado nas bocas dos nossos sacos, te
tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do
teu senhor prata ou ouro?
9 Aquele, com quem de teus servos for achado, morra; e ainda nós seremos
escravos do meu senhor.
10 E ele disse: Ora seja também assim conforme as vossas palavras; aquele
com quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.
11 E eles apressaram-se e cada um pôs em terra o seu saco, e cada um
abriu o seu saco.
12 E buscou, começando do maior, e acabando no mais novo; e achou-se o
copo no saco de Benjamim.
13 Então rasgaram as suas vestes, e carregou cada um o seu jumento, e
tornaram à cidade.
14 E veio Judá com os seus irmãos à casa de José, porque ele ainda estava
ali; e prostraram-se diante dele em terra.
15 E disse-lhes José: Que é isto que fizestes? Não sabeis vós que um
homem como eu pode, muito bem, adivinhar?
A humilde súplica de Judá.
16 Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos
justificaremos? Achou Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos
de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.
17 Mas ele disse: Longe de mim que eu tal faça; o homem em cuja mão o
copo foi achado, esse será meu servo; porém vós, subi em paz para vosso pai.
18 Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o
teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua
ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.
19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 E dissemos a meu senhor: Temos um velho pai, e um filho da sua
velhice, o mais novo, cujo irmão é morto; e só ele ficou de sua mãe, e seu pai
o ama.
21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo a mim, e porei os meus
olhos sobre ele.
22 E nós dissemos a meu senhor: Aquele moço não poderá deixar a seu pai;
se deixar a seu pai, este morrerá.
23 Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer
convosco, nunca mais vereis a minha face.
24 E aconteceu que, subindo nós a teu servo meu pai, e contando-lhe as
palavras de meu senhor,
25 Disse nosso pai: Voltai, comprai-nos um pouco de mantimento.
26 E nós dissemos: Não poderemos descer; mas, se nosso irmão menor for
conosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do homem se este nosso irmão
menor não estiver conosco.
27 Então disse-nos teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu
dois filhos;
28 E um ausentou-se de mim, e eu disse: Certamente foi despedaçado, e não
o tenho visto até agora.
29 Se agora também tirardes a este da minha face, e lhe acontecer algum
desastre, fareis descer as minhas cãs com aflição à sepultura.
30 Agora, pois, indo eu a teu servo, meu pai, e o moço não indo conosco,
como a sua alma está ligada com a alma dele,
31 Acontecerá que, vendo ele que o moço ali não está, morrerá; e teus
servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sepultura.
32 Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai,
dizendo: Se eu o não tornar para ti, serei culpado para com meu pai por todos
os dias.
33 Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu
senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.
34 Porque, como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? para que
não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.
José dá-se a conhecer a seus irmãos. CAPÍTULO 45.
1 ENTÃO José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele;
e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele, quando José
se deu a conhecer a seus irmãos.
2 E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e
a casa de Faraó o ouviu.
3 E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos
não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face.
4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos,
chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a
quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me
haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou
adiante de vós.
6 Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam
cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão
na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem
posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda
a terra do Egito.
9 Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho
José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não
te demores;
10 E habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e os teus
filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas, e tudo
o que tens.
11 E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que
não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 E eis que vossos olhos, e os olhos de meu irmão Benjamim, vêem que é
minha boca que vos fala.
13 E fazei saber a meu pai toda a minha glória no Egito, e tudo o que
tendes visto, e apressai-vos a fazer descer meu pai para cá.
14 E lançou-se ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim
chorou também ao seu pescoço.
Faraó ouve falar dos irmãos de José.
15 E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus
irmãos falaram com ele.
16 E esta notícia ouviu-se na casa de Faraó: Os irmãos de José são
vindos; e pareceu bem aos olhos de Faraó, e aos olhos de seus servos.
17 E disse Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os
vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã.
18 E tornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim; e eu vos
darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.
19 A ti, pois, é ordenado: Fazei isto: tomai vós da terra do Egito carros
para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pai, e vinde.
20 E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de
toda a terra do Egito será vosso.
21 E os filhos de Israel fizeram assim. E José deu-lhes carros, conforme
o mandado de Faraó; também lhes deu comida para o caminho.
22 A todos lhes deu, a cada um, mudas de roupas; mas a Benjamim deu
trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupas.
23 E a seu pai enviou semelhantemente dez jumentos carregados do melhor
do Egito, e dez jumentos carregados de trigo e pão, e comida para seu pai, para
o caminho.
24 E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendais
pelo caminho.
25 E subiram do Egito, e vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai.
26 Então lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e ele também é regente
em toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 Porém, havendo-lhe eles contado todas as palavras de José, que ele
lhes falara, e vendo ele os carros que José enviara para levá-lo, reviveu o
espírito de Jacó seu pai.
28 E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei
antes que morra.
Jacó e toda a sua família descem ao Egito
1 E PARTIU Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba, e ofereceu
sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.
2 E falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! E ele
disse: Eis-me aqui.
3 E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito,
porque eu te farei ali uma grande nação.
4 E descerei contigo ao Egito, e certamente te farei tornar a subir, e
José porá a sua mão sobre os teus olhos.
5 Então levantou-se Jacó de Berseba; e os filhos de Israel levaram a seu
pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para
o levar.
6 E tomaram o seu gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de
Canaã, e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele;
7 Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as filhas, e as
filhas de seus filhos, e toda a sua descendência levou consigo ao Egito.
8 E estes são os nomes dos filhos de Israel, que vieram ao Egito, Jacó e
seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó.
9 E os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 E os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho
de uma mulher cananéia.
Agora, a história de Ester, que mostra como
Deus a usou para salvar o extermínio dos seus irmãos judeus, na resposta que
Mardoqueu mandou dá a ela no versículo 13 e 14 do Capítulo 4 do Livro de Ester.
ESTER
CAPÍTULO 1
O banquete de Assuero.
1 E SUCEDEU nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até
Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias,
2 Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na
fortaleza de Susã,
3 No terceiro ano do seu reinado, fez um banquete a todos os seus
príncipes e seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e Média e
os nobres e príncipes das províncias,
4 Para mostrar as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor da sua
excelente grandeza, por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias.
5 E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo que se
achava na fortaleza de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no
pátio do jardim do palácio real.
6 As tapeçarias eram de pano branco, verde, e azul celeste, pendentes de
cordões de linho fino e púrpura, e argolas de prata, e colunas de mármore; os
leitos de ouro e de prata, sobre um pavimento de mármore vermelho, e azul, e
branco e preto.
7 E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos
outros; e havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei.
8 E o beber era por lei, sem constrangimento; porque assim tinha ordenado
o rei expressamente a todos os oficiais da sua casa, que fizessem conforme a
vontade de cada um.
9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres, na casa real, do rei
Assuero.
Vasti, a rainha, recusa assistir ao banquete
10 E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a
Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os sete camareiros que
serviam na presença do rei Assuero,
11
Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para
mostrar aos povos e aos príncipes a sua beleza, porque era formosa à vista.
12 Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, por meio
dos camareiros; assim o rei muito se enfureceu, e acendeu nele a sua ira.
13 Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos (porque
assim se tratavam os negócios do rei na presença de todos os que sabiam a lei e
o direito;
14 E os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres,
Marsena, e Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam a face do
rei, e se assentavam como principais no reino),
15 O que, segundo a lei, se devia fazer à rainha Vasti, por não ter
obedecido ao mandado do rei Assuero, por meio dos camareiros.
16 Então disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente
contra o rei pecou a rainha Vasti, porém também contra todos os príncipes, e
contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.
17 Porque a notícia do que fez a rainha chegará a todas as mulheres, de
modo que aos seus olhos desprezarão a seus maridos quando ouvirem dizer: Mandou
o rei Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não
veio.
18 E neste mesmo dia as senhoras da Pérsia e da Média ouvindo o que fez a
rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e assim haverá muito
desprezo e indignação.
19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se
nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue, a saber: que Vasti não entre
mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja
melhor do que ela.
20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei decretara em todo o seu reino
(porque é grande), todas as mulheres darão honra a seus maridos, desde a maior
até à menor.
21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei e dos príncipes; e fez
o rei conforme a palavra de Memucã.
22
Então enviou cartas a todas as províncias do rei, a cada província segundo a
sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; que cada homem fosse senhor em
sua casa, e que se falasse conforme a língua do seu povo.
Assuero casa com Ester.
1 PASSADAS estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero,
lembrou-se de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha decretado a seu
respeito.
2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei
moças virgens e formosas.
3 E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino, que ajuntem
a todas as moças virgens e formosas, na fortaleza de Susã, na casa das
mulheres, aos cuidados de Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres, e
dêem-se-lhes os seus enfeites.
4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em lugar de Vasti. E
isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era
Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
6 Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados
com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia.
7 Este criara a Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha
pai nem mãe; e era jovem bela de presença e formosa; e, morrendo seu pai e sua
mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.
8 Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se
muitas moças na fortaleza de Susã, aos cuidados de Hegai, também levaram Ester
à casa do rei, sob a custódia de Hegai, guarda das mulheres.
9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele;
por isso se apressou a dar-lhe os seus enfeites, e os seus quinhões, como
também em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as
suas moças ao melhor lugar da casa das mulheres.
10 Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque
Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse.
11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres,
para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.
12 E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que
fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se
cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis
meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),
13 Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela
desejava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei;
14 À tarde entrava, e pela manhã tornava à segunda casa das mulheres, sob
os cuidados de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não tornava
mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome.
15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que
a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse
Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos
de todos quantos a viam.
16 Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês,
que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.
17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou
perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa
real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.
18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos
seus servos; era o banquete de Ester; e deu alívio às províncias, e fez
presentes segundo a generosidade do rei.
19 E reunindo-se segunda vez as virgens, Mardoqueu estava assentado à
porta do rei.
20 Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueu
lhe ordenara; porque Ester cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando a
criara.
Mardoqueu descobre uma conspiração.
.
21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei, dois camareiros
do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, grandemente se indignaram, e
procuraram atentar contra o rei Assuero.
22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu, e ele fez saber à rainha
Ester; e Ester o disse ao rei, em nome de Mardoqueu.
23 E inquiriu-se o negócio, e se descobriu, e ambos foram pendurados numa
forca; e foi escrito nas crônicas perante o rei.
Hamã é exaltado e cria ódio a Mardoqueu.
1 DEPOIS destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de
Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes
que estavam com ele.
2 E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e
se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele;
porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
3 Então os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a
Mardoqueu: Por que transgride o mandado do rei?
4 Sucedeu, pois, que, dizendo-lhe eles isto, dia após dia, e não lhes
dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de
Mardoqueu se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu.
5 Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava
diante dele, Hamã se encheu de furor.
6 Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em
Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois,
procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o
reino de Assuero.
Hamã pretende matar todos os judeus.
7 No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero,
se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia, e para cada mês,
até ao duodécimo mês, que é o mês de Adar.
8 E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos
em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis
de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei
deixá-lo ficar.
9 Se bem parecer ao rei, decrete-se que os matem; e eu porei nas mãos dos
que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do
rei.
10 Então tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de
Hamedata, agagita, adversário dos judeus.
11 E disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada como também esse povo, para
fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos.
12 Então chamaram os escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do
mesmo e, conforme a tudo quanto Hamã mandou, se escreveu aos príncipes do rei,
e aos governadores que havia sobre cada província, e aos líderes, de cada povo;
a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; em
nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.
13 E enviaram-se as cartas por intermédio dos correios a todas as
províncias do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem perecer a todos os
judeus, desde o jovem até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a
treze do duodécimo mês (que é o mês de Adar), e que saqueassem os seus bens.
14 Uma cópia do despacho que determinou a divulgação da lei em cada
província, foi enviada a todos os povos, para que estivessem preparados para
aquele dia.
15 Os correios, pois, impelidos pela palavra do rei, saíram, e a lei se
proclamou na fortaleza de Susã. E o rei e Hamã se assentaram a beber, porém a
cidade de Susã estava confusa.
A consternação e tristeza dos judeus.
1 QUANDO Mardoqueu soube tudo quanto se havia
passado, rasgou as suas vestes, e vestiu-se de saco e de cinza, e saiu pelo
meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;
2 E chegou até diante da porta do rei, porque ninguém vestido de saco
podia entrar pelas portas do rei.
3 E em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava,
havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos
estavam deitados em saco e em cinza.
4 Então vieram as servas de Ester, e os seus camareiros, e fizeram-na
saber, do que a rainha muito se doeu; e mandou roupas para vestir a Mardoqueu,
e tirar-lhe o pano de saco; porém ele não as aceitou.
5 Então Ester chamou a Hatá (um dos camareiros do rei, que este tinha
posto para servi-la), e deu-lhe ordem para ir a Mardoqueu, para saber que era
aquilo, e porquê.
6 E, saindo Hatá a Mardoqueu, à praça da cidade, que
estava diante da porta do rei,
7 Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido; como também a soma
exata do dinheiro, que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei, pelos
judeus, para destruí-los.
8 Também lhe deu a cópia da lei escrita, que se publicara em Susã, para
os destruir, para que a mostrasse a Ester, e a fizesse saber; e para lhe ordenar
que fosse ter com o rei, e lhe pedisse e suplicasse na sua presença pelo seu
povo.
9 Veio, pois, Hatá, e fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.
10 Então falou Ester a Hatá, mandando-o dizer a Mardoqueu:
11 Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que
todo o homem ou mulher que chegar ao rei no pátio interior, sem ser chamado,
não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro
de ouro, para que viva; e eu nestes trinta dias não tenho sido chamada para ir
ao rei.
12 E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de Ester.
13 Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu
íntimo que por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.
14 Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de
outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem
sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
15 Então disse Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu:
16 Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por
mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as
minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que
não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.
17 Então Mardoqueu foi, e fez conforme a tudo quanto Ester lhe ordenou.
O rei lê as crónicas e determina honrar Mardoqueu.
1 NAQUELA mesma noite fugiu o sono do rei; então mandou trazer o livro de
registro das crônicas, as quais se leram diante do rei.
2 E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois
dos camareiros do rei, da guarda da porta, que tinham procurado lançar mão do
rei Assuero.
3 Então disse o rei: Que honra e distinção se deu por isso a Mardoqueu? E
os servos do rei, que ministravam junto a ele, disseram: Coisa nenhuma se lhe
fez.
4 Então disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio
exterior da casa do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueu na forca
que lhe tinha preparado.
5 E os servos do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o
rei que entrasse.
6 E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o
rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração: De quem se agradaria o rei para
lhe fazer honra mais do que a mim?
7 Assim disse Hamã ao rei: Para o homem, de cuja honra o rei se agrada,
8 Tragam a veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo em
que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça.
9 E entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes mais nobres
do rei, e vistam delas aquele homem a quem o rei deseja honrar; e levem-no a
cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem a
quem o rei deseja honrar!
10 Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como
disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta
do rei; e coisa nenhuma omitas de tudo quanto disseste.
11 E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a
cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem a
quem o rei deseja honrar!
12 Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se
retirou correndo à sua casa, triste, e de cabeça coberta.
13 E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo
quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe
disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência
dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele.
14 E estando eles ainda falando com ele, chegaram os camareiros do rei, e
se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.
Ester denuncia Hamã.
1 VINDO, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,
2 Disse outra vez o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho:
Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu desejo? Até
metade do reino, se te dará.
3 Então respondeu a rainha Ester, e disse: Se, ó rei, achei graça aos
teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição,
e o meu povo como meu desejo.
4 Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e
aniquilarem de vez; se ainda por servos e por servas nos vendessem,
calar-me-ia; ainda que o opressor não poderia ter compensado a perda do rei.
5 Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse e onde
está esse, cujo coração o instigou a assim fazer?
6 E disse Ester: O homem, o opressor, e o inimigo, é este mau Hamã. Então
Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.
7 E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho e passou para o
jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua
vida; porque viu que já o mal lhe estava determinado pelo rei.
8 Tornando, pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho,
Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o
rei: Porventura quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa?
Saindo esta palavra da boca do rei, cobriram o rosto de Hamã.
9 Então disse Harbona, um dos camareiros que serviam diante do rei: Eis
que também a forca de cinqüenta côvados de altura que Hamã fizera para
Mardoqueu, que falara em defesa do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse
o rei: Enforcai-o nela.
10 Enforcaram, pois, a Hamã na forca, que ele tinha preparado para
Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou.
O rei concede a Mardoqueu um édito em favor dos
judeus.
1 NAQUELE mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã,
inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei, porque Ester tinha
declarado quem ele era.
2 E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado de Hamã e o deu a Mardoqueu.
E Ester encarregou Mardoqueu da casa de Hamã.
3 Falou mais Ester perante o rei, e se lhe lançou aos seus pés; e chorou,
e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o intento que
tinha projetado contra os judeus.
4 E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então Ester se levantou, e
pôs-se em pé perante o rei,
5 E disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se
este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos,
escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã filho de Hamedata, o
agagita, as quais ele escreveu para aniquilar os judeus, que estão em todas as
províncias do rei.
6 Pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei
ver a destruição da minha parentela?
7 Então disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que
dei a Ester a casa de Hamã, e a ele penduraram numa forca, porquanto estendera
as mãos contra os judeus.
8 Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos, em nome
do rei, e selai-o com o anel do rei; porque o documento que se escreve em nome
do rei, e que se sela com o anel do rei, não se pode revogar.
9 Então foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo, no
terceiro mês (que é o mês de Sivã), aos vinte e três dias; e se escreveu
conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas,
e aos governadores, e aos líderes das províncias, que se estendem da Índia até
Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo o seu modo
de escrever, e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus
segundo o seu modo de escrever, e conforme a sua língua.
10 E escreveu-se em nome do rei Assuero e, selando-as com o anel do rei,
enviaram as cartas pela mão de correios a cavalo, que cavalgavam sobre ginetes,
que eram das cavalariças do rei.
11 Nelas o rei concedia aos judeus, que havia em cada cidade, que se
reunissem, e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem,
matarem e aniquilarem todas as forças do povo e da província que viessem contra
eles, crianças e mulheres, e que se saqueassem os seus bens,
12 Num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do
duodécimo mês, que é o mês de Adar;
13 E uma cópia da carta seria divulgada como decreto em todas as
províncias, e publicada entre todos os povos, para que os judeus estivessem
preparados para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos.
14 Os correios, sobre ginetes velozes, saíram apressuradamente, impelidos
pela palavra do rei; e esta ordem foi publicada na fortaleza de Susã.
15 Então Mardoqueu saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e
branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino
e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.
16 E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.
17 Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a
palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e
dias de folguedo; e muitos, dos povos da terra, se fizeram judeus, porque o
temor dos judeus tinha caído sobre eles.
Os judeus matam os seus inimigos.
1 E, NO duodécimo mês, que é o mês de Adar, no dia treze do mesmo mês em
que chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os
inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque
os judeus foram os que se asSENHORearam dos que os odiavam.
2 Porque os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei
Assuero, se ajuntaram para pôr as mãos naqueles que procuravam o seu mal; e
ninguém podia resistir-lhes, porque o medo deles caíra sobre todos aqueles
povos.
3 E todos os líderes das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e
os que faziam a obra do rei, auxiliavam os judeus porque tinha caído sobre eles
o temor de Mardoqueu.
4 Porque Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama crescia por
todas as províncias, porque o homem Mardoqueu ia sendo engrandecido.
5 Feriram, pois, os judeus a todos os seus inimigos, a golpes de espada,
com matança e com destruição; e fizeram dos seus inimigos o que quiseram.
6 E na fortaleza de Susã os judeus mataram e destruíram quinhentos
homens;
7 Como também a Parsandata, e a Dalfom e a Aspata,
8 E a Porata, e a Adalia, e a Aridata,
9 E a Farmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaisata;
10 Os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus,
mataram, porém ao despojo não estenderam a sua mão.
11 No mesmo dia foi comunicado ao rei o número dos mortos na fortaleza de
Susã.
12 E disse o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã os judeus mataram e
destruíram quinhentos homens, e os dez filhos de Hamã; nas mais províncias do
rei que teriam feito? Qual é, pois, a tua petição? E dar-se-te-á. Ou qual é
ainda o teu requerimento? E far-se-á.
13 Então disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se aos judeus que se
acham em Susã que também façam amanhã conforme ao mandado de hoje; e pendurem
numa forca os dez filhos de Hamã.
14 Então disse o rei que assim se fizesse; e publicou-se um edito em
Susã, e enforcaram os dez filhos de Hamã.
15 E reuniram-se os judeus que se achavam em Susã também no dia catorze
do mês de Adar, e mataram em Susã trezentos homens; porém ao despojo não
estenderam a sua mão.
16 Também os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se
reuniram e se dispuseram em defesa das suas vidas, e tiveram descanso dos seus inimigos;
e mataram dos seus inimigos setenta e cinco mil; porém ao despojo não
estenderam a sua mão.
17 Sucedeu isto no dia treze do mês de Adar; e descansaram no dia
catorze, e fizeram, daquele dia, dia de banquetes e de alegria.
18 Também os judeus, que se achavam em Susã se ajuntaram nos dias treze e
catorze do mesmo; e descansaram no dia quinze, e fizeram, daquele dia, dia de
banquetes e de alegria.
19 Os judeus, porém, das aldeias, que habitavam nas vilas, fizeram do dia
catorze do mês de Adar dia de alegria e de banquetes, e dia de folguedo, e de
mandarem presentes uns aos outros.
A festa de purim.
20 E Mardoqueu escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus
que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto, e aos de
longe,
21 Ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia
quinze do mesmo, todos os anos,
22
Como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês que se
lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa, para que os
fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem presentes uns aos
outros, e dádivas aos pobres.
23 E os judeus encarregaram-se de fazer o que já tinham começado, como
também o que Mardoqueu lhes tinha escrito.
24 Porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus,
tinha intentado destruir os judeus, e tinha lançado Pur, isto é, a sorte, para
os assolar e destruir.
25 Mas, vindo isto perante o rei, mandou ele por cartas que o mau intento
que Hamã formara contra os judeus, se tornasse sobre a sua cabeça; pelo que
penduraram a ele e a seus filhos numa forca.
26 Por isso aqueles dias chamam Purim, do nome Pur; assim também por
causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que
lhes tinha sucedido,
27 Confirmaram os judeus, e tomaram sobre si, e sobre a sua descendência,
e sobre todos os que se achegassem a eles, que não se deixaria de guardar estes
dois dias conforme ao que se escrevera deles, e segundo o seu tempo
determinado, todos os anos.
28 E que estes dias seriam lembrados e guardados em cada geração,
família, província e cidade, e que esses dias de Purim não fossem revogados
entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua
descendência.
29 Então a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu,
escreveram com toda autoridade uma segunda vez, para confirmar a carta a
respeito de Purim.
30 E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete
províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e verdade.
31 Para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados,
como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido, e como eles
mesmos já o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua descendência, acerca do
jejum e do seu clamor.
32 E o mandado de Ester estabeleceu os sucessos daquele Purim; e
escreveu-se no livro.
Exaltação de Mardoqueu.
1 DEPOIS disto impôs o rei Assuero tributo sobre a terra, e sobre as
ilhas do mar.
2 E todos os atos do seu poder e do seu valor, e o relato da grandeza de
Mardoqueu, a quem o rei exaltou, porventura não estão escritos no livro das
crônicas dos reis da Média e da Pérsia?
3 Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande
entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do
seu povo, e proclamando a prosperidade de toda a sua descendência.
Deus tem as suas formas em agir a favor dos seus servos fiéis !
Vlater Desiderio Barreto, Igreja viva do Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
Barretos, São Paulo, 22 de agosto de 2019.