Fotos: Waldyr Silva
Vereador Antonio Massud (oposição)
Vereador Euzébio Rodrigues (situação)
Prefeito Darci José Lermen
A
presidência da Câmara Municipal de Parauapebas minimiza as denúncias
graves feitas esta semana pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, quanto
ao destino dos milhões de royalties pagos pela mineradora ao município.
De outro lado, a oposição promete não deixar o caso acabar em pizza e
vai propor uma CPI para investigar o contrato que a prefeitura mantém
com escritório de advocacia, além de levar o caso ao Ministério Público
do Estado.
O caso estourou no último final de semana, quando da circulação da
revista Época, com detalhes da carta que Agnelli, às vésperas de ser
substituído no comando da Vale, enviou à presidente da República, Dilma
Rousseff, denunciando o prefeito de Parauapebas Darci Lermen (PT) por
receber R$ 700 milhões da mineradora referentes a royalties e não
reinvestir em infraestrutura urbana.
O executivo aponta, ainda, que a administração municipal manteria
contrato com escritório de advocacia do Sul do País com percentuais
definidos de ganho para este segundo em caso de ações contra a
mineradora pelo não pagamento da compensação.
A reprodução da reportagem no CORREIO DO TOCANTINS e em outras mídias
teve grande repercussão na cidade e deixou os moradores perplexos com a
história.
Na terça-feira (10), data do aniversário do município, muros
amanheceram pichados com palavras de ordem contra o prefeito.
Ao tomar conhecimento das pichações, o gabinete do prefeito mandou uma
equipe às ruas, ainda durante o feriado, para pintar novamente os muros e
cercas com os dizeres, apagando imediatamente as frases contra Darci,
algumas delas chamando-o de ladrão e outros adjetivos impublicáveis.
LONGE DOS HOLOFOTES
Tão quão preferiu silenciar sobre o caso, o prefeito Darci Lermen, como
era de se imaginar, não participou dos eventos oficiais da comemoração
dos 23 anos de emancipação político-administrativa do município.
Ao
microfone era perceptível que os mestres de cerimônias e apresentadores,
principalmente no palco da Praça de Eventos, evitavam falar o nome do
prefeito, referindo-se mais à administração.
Quanto do lapso dos
responsáveis, em citar nominalmente Darci, o ensaio da vaia era
percebido entre a multidão.
Alguns mais afoitos gritavam: “Cadê o
prefeito que não aparece?”.
Além da falta de infraestrutura nos bairros periféricos da cidade, os
habitantes sofrem com a falta de água potável nas torneiras das
residências.
A prefeitura conta com a segunda estação de captação,
tratamento e distribuição de água pronta para ser inaugurada no Bairro
Liberdade II, mas a Rede Celpa ainda não instalou no local uma
subestação de rede elétrica para fazer funcionar a estação.
CPI
Procurado pela reportagem do CT, o vereador Antônio Massud (PTB), da
bancada de oposição, disse que o caso é de extrema gravidade e que o
Poder Legislativo deve uma satisfação à sociedade em pelo menos instalar
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia
feita por Roger Agnelli.
Massud diz que está articulando com os colegas José Adelson (PDT),
Francisângela Resende (PMDB) e Faisal Salmen (PSDB) para apresentarem
ainda esta semana a proposta de instauração de CPI, assim como enviando o
caso para o Ministério Público Estadual, para que este proponha as
implicações necessárias aos eventuais culpados por desvios.
Questionado se a Câmara Municipal vem acompanhando a aplicação dos
royalties recebidos por Parauapebas como compensação pela exploração
mineraria, Massud responde que não é de hoje que são feitos os pedidos
de esclarecimento, mas a base aliada ao prefeito vem trabalhando no
sentido contrário, lamenta.
MINIMIZADO
Pelo visto, a Presidência da Câmara Municipal tende a não levar a
denúncia feita por Roger Agnelli à frente, uma vez que, procurado para
falar sobre o caso, o presidente, vereador Euzébio Rodrigues, do partido
de Darci Lermen, o PT, respondeu com postura de um líder do governo e
minimizou a gravidade do caso.
“O executivo da Vale apenas denunciou,
mas não apresentou provas”, respondeu, de cara, o vereador.
Euzébio Rodrigues discorda também do valor de R$ 700 milhões que Roger
diz ter repassado à Prefeitura de Parauapebas referentes aos royalties
no período de 2005 a 2010.
Este valor, segundo o presidente da Câmara,
teria chegado a pouco mais de R$ 500 milhões.
Indagado se a Casa de Leis já havia recebido alguma manifestação da
oposição referente a eventual pedido de instalação de CPI, Euzébio
respondeu que até esta quarta-feira (11) a Mesa Diretora ainda não tinha
recebido nada a respeito do assunto.
COLETIVA
O presidente da Câmara de Vereadores informou que, de acordo com o que
fora informado pelo Gabinete do Prefeito, o gestor municipal estaria
convidando a imprensa, ainda nesta semana, para uma entrevista coletiva
onde esclareceria toda a situação.
O prefeito Darci Lermen foi novamente procurado pela reportagem da
Sucursal do CORREIO DO TOCANTINS em Parauapebas, mas não foi localizado
pela equipe do Jornal.
Depois de tentativas ligações inúteis via celular, a reportagem
encaminhou mensagem “SMS” sugerindo a Darci Lermen uma entrevista.
O
gestor respondeu simplesmente “ok”.
Noutra mensagem enviada, perguntando
onde e quando seria a entrevista, o prefeito se calou.
(Patrick Roberto/Waldyr Silva/CT)