Justiça de Goiás repara erro de 32 anos.Data do upload: 16 de set. de 2023 |
Albino de Souza foi confundido com um assassino e acabou preso e torturado - sem nenhuma prova.
Foram 18 anos de insistência diante dos tribunais tentando provar o erro do Estado.
Por Fantástico.
Justiça de Goiás repara erro de 32 anos.
O Fantástico deste domingo (31) mostrou um erro de 32 anos que começou a ser reparado agora pela Justiça de Goiás.
Albino de Souza foi preso em Anápolis acusado, sem provas, de estuprar e matar uma mulher.
Ele foi confundido com o assassino e acabou preso e torturado - um episódio que mudou a vida dele para a sempre.
O caso aconteceu em 1991 em Anápolis, onde o homem chegou a ser torturado durante quatro dias em uma cela.
Jornais e documentos da época afirmam que "o trabalhador braçal Albino de Souza foi tratado a chutes, socos, tapas, choques elétricos e colocado num pau-de-arara".
Albino de Souza foi preso em Anápolis acusado, sem provas, de estuprar e matar uma mulher. — Foto: TV Globo/Reprodução.
“'Você está preso'.
Pegaram e me levaram e eu falava ‘fui eu não’ e já foi me dando pancada.
Chegou na delegacia: ‘pegamos ele delegado pegamos o criminoso aqui’, mas eu falei assim: 'não foi eu.
Vocês vão me matar e eu vou falar que não fui eu", relembra.
A prisão aconteceu dia 18, mas ele só foi liberado dia 21, dia que apareceu o verdadeiro culpado.
Depois de passar quatro dias numa cela, Albino foi solto - e procurou a Justiça.
Foram 18 anos de insistência diante dos tribunais tentando provar o erro do Estado.
Os advogados de Albino entraram na Justiça em 1995, quatro anos depois da prisão.
E só em 2013, o Superior Tribunal de Justiça decidiu a favor da indenização.
Mas durante essa espera, Albino e os advogados perderam contato.
E começou uma longa busca.
Albino de Souza foi indenizado por uma prisão irregular há 32 anos. — Foto: TV Globo/Reprodução.
A busca por Albino até o encontro.
Durante 10 anos, os advogados Pedro Sérgio e Miguel Thiago, vasculharam a cidade para localizar o paradeiro de Albino.
Só o encontraram este ano.
O homem marcado por uma história de violência, por muito anos, catou lixo para sobreviver.
Não tinha documentos - havia perdido numa enchente, também não tinha endereço fixo.
Vivia numa situação de rua e depois encontrou abrigo num canil em Caldas Novas.
“Às vezes a gente comia, às vezes a gente não comia, ficava passando necessidade.
Vê que não tem nem banheiro para a gente tomar banho aqui, é uma calamidade”, relata.
Novamente, a história de Albino se cruza com a dos advogados.
Desta vez, é para tirar a segunda via da documentação e abrir uma conta no banco para, finalmente, receber a indenização.
"Agora começa a nascer um homem para a sociedade civil.
Um cidadão brasileiro", diz Pedro Sérgio.
Albino conseguiu tirar novos documentos e receber a indenização. — Foto: TV Globo/Reprodução.
Agora estou me sentindo uma pessoa mais brasileira, que todo mundo vai chegar e observar e falar: 'não, ele tem documento, ele é gente agora.
Não um bicho'", completa Albino.
Sua nova casa foi comprado com o dinheiro da indenização e ele diz que sua vida mudou com esse novo passo.
O que ele reconquistou não vai apagar a injustiça que sofreu há 32 anos, mas oferece a ele a oportunidade de sonhar por uma vida nova em 2024.
"Eu vou continuar a minha vida, entendeu?
Meu trabalho, na honestidade, que eu tenho certeza o que eu quero fazer eu vou fazer", diz Albino.
COMENTÁRIO:
"Sua nova casa foi comprado com o dinheiro da indenização e ele diz que sua vida mudou com esse novo passo.
O que ele reconquistou não vai apagar a injustiça que sofreu há 32 anos, mas oferece a ele a oportunidade de sonhar por uma vida nova em 2024".
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 01 de janeiro de 2024.
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