Por Kleber Tomaz, g1 SP — São Paulo.
PM atira e mata esposa em SP.
O policial militar Thiago Cesar de Lima, preso neste final de semana em São Paulo por aparecer em vídeo (veja acima) agredindo e matando a tiros a atual esposa, Erika Satelis Ferreira, já foi acusado pela ex-mulher por agressão, ameaça e estupro.
A vítima é mãe do filho dele e os crimes teriam ocorrido no ano passado, em Franco da Rocha, na região metropolitana.
Em 18 de agosto de 2022, a ex registrou boletim de ocorrência contra Thiago na delegacia da cidade por lesão corporal, ameaça e estupro, no contexto da violência doméstica.
Ela ainda pediu medida protetiva à Polícia Civil contra o ex-marido baseada na Lei Maria da Penha.
A Justiça concedeu o benefício para a mulher, proibindo o soldado da Polícia Militar (PM) de se aproximar a menos de 100 metros dela e de sua família.
O relacionamento conturbado de oito anos culminou em violência física e sexual, com a ex-mulher relatando episódios de agressões, ameaças e estupro, inclusive sob o efeito de cocaína, segundo o depoimento da ex à Justiça.
O inquérito policial desse caso foi arquivado em novembro do ano passado, e a Justiça confirmou o arquivamento em março de 2023.
Até a última atualização desta reportagem o g1 não conseguiu localizar a ex-mulher de Thiago e nem a defesa do soldado para comentarem o assunto e informarem os motivos da extinção do caso.
Erika Satelis Ferreira de Lima era casada com soldado da PM Thiago Cezar de Lima.
Homem agrediu e matou esposa a tiros após discussão — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais.
Em seu depoimento na delegacia de Franco da Rocha, ele disse que durante o período em que estavam casados "houve diversos conflitos, os quais desencadeavam-se em ameaças, lesões corporais e estupros constantes".
O passado conflituoso de Thiago com a ex-mulher também está no inquérito policial que investiga o soldado pelo assassinato da atual esposa.
Erika foi morta na madrugada do último domingo (3) em Perus, na Zona Norte de São Paulo.
O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na Zona Norte.
Ele acabou indiciado por feminicídio, o homicídio que envolve "violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher".
A vítima tinha 33 anos, trabalhava como representante comercial e deixou duas filhas, frutos de um relacionamento anterior, segundo policiais ouvidos pela reportagem.
Thiago e Erika se conheciam havia dois anos, mas estavam casados há seis meses.
O homem tem 36.
Uma câmera de segurança de um imóvel na Rua Bananalzinho gravou o momento em que o soldado da PM, que estava de folga e sem uniforme, dá pelo menos cinco socos no rosto de Erika e depois atira duas vezes no peito dela, que cai no chão.
Thiago e Erika estavam casados havia seis meses — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.
O casal havia discutido momentos antes dentro de um carro, que era dirigido pela vítima.
Após o crime, Thiago entra no veículo e acelera, mas desiste de fugir quando é observado por moradores.
Ele arrasta a vítima até o veículo e a leva para o Pronto-Socorro de Taipas, onde a morte dela foi confirmada pelo hospital.
Segundo o boletim de ocorrência do caso, ele confessou ter atirado na esposa, mas alegou que ela havia tentado pegar sua arma e por isso disparou.
Mas não é isso o que as imagens mostram.
A pistola de Thiago, uma Glock calibre .40 da Polícia Militar, foi apreendida para perícia.
Segundo a delegada titular da 4ª DDM, Marina Cerqueira, o indiciado ficou em silêncio durante a maior parte do interrogatório.
Ele disse que não tinha condições de falar sobre o crime.
A Corregedoria da PM foi acionada para apurar a conduta do soldado.
Atualmente ele está preso no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte.
A Justiça converteu a prisão em flagrante dele em preventiva, para que fique preso por tempo indeterminado até que seja julgado pelo crime.
Erika tinha 33 anos e duas filhas; Thiago tem 36 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.
Em 30 de outubro de 2023, cerca de um mês antes de ser morta a tiros pelo marido, Erika registrou um boletim de ocorrência na 4ª DDM por ameaça, e acusou o policial de apontar a arma para a cabeça dela.
Segundo ela relatou à época, Thiago havia discutido por ciúmes após o casal sair de uma casa noturna em São Paulo.
Chegando à residência deles, os dois continuaram a discutir.
Erika contou que ele ameaçou matá-la quando pegou a arma, apontou para sua cabeça e disse que ela não veria as filhas crescerem.
Em seguida, Erika chamou a Polícia Militar, que levou ela e o marido até a Delegacia de Defesa da Mulher.
Lá, Thiago confirmou a discussão, mas negou ter apontado a arma e ameaçado atirar na esposa.
Como o caso envolvia violência doméstica, ela foi orientada pela Polícia Civil a pedir medida protetiva contra o soldado, mas não quis.
Também não o representou criminalmente para que ele fosse investigado pelo crime.
O velório e o enterro de Erika aconteceram na segunda-feira (4), no Cemitério Valle das Colinas, em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo.
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COMENTÁRIO:
"Erika contou que ele ameaçou matá-la quando pegou a arma, apontou para sua cabeça e disse que ela não veria as filhas crescerem.
Em seguida, Erika chamou a Polícia Militar, que levou ela e o marido até a Delegacia de Defesa da Mulher.
Lá, Thiago confirmou a discussão, mas negou ter apontado a arma e ameaçado atirar na esposa".
Esse criminoso contumaz, jamais deveria ser aceito como membro de uma força policial militar !
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 05 de dezembro de 2023.
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