Documento obtido pela TV Globo indica que Domício Barbosa de Souza, o Dom, e seu irmão foram mortos a mando de Zinho por não prestarem contas sobre a aplicação dos recursos da milícia.
Dom era o principal contato do grupo com a deputada Lucinha.
Por Leslie Leitão, Bette Lucchese, TV Globo.
Contador de Zinho que era contato de deputada está morto, apontam dados de inteligência.
Os milicianos Domício Barbosa de Souza, o Dom, e seu irmão Sérgio Domício Barbosa de Souza foram mortos a mando do chefe da maior milícia da Zona Oeste do Rio, Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, segundo relatório de inteligência da Polícia Civil obtido pela TV Globo.
O documento aponta que Zinho determinou a morte deles por falta de transparência na aplicação dos recursos do bando, e que os corpos de Domício e Sérgio jamais foram encontrados.
Dom era o principal contato do grupo criminoso com a deputada Lucinha (PSD).
Em uma das mensagens interceptadas pela polícia, a deputada chega a dizer "estou com saudades".
A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio (MPRJ) concluíram que a relação entre eles era "fraternal" e "que transcende a amizade".
Laranjas de Ecko.
De acordo com as investigações, Dom e Sérgio eram laranjas do miliciano Ecko.
O relatório da Polícia Civil apontou que os dois compraram terrenos e imóveis com o dinheiro arrecadado pela milícia.
Os milicianos Domício Barbosa de Souza, o Dom, e seu irmão, Sérgio Domício Barbosa de Souza, foram mortos no início de 2023 — Foto: Reprodução.
Contudo, após a morte do chefe, em junho de 2021, o irmão e sucessor de Ecko esperava que os laranjas apresentassem a relação de todos os bens adquiridos por eles.
Percebendo a falta de transparência com os recursos da milícia, Zinho decidiu marcar uma reunião com os irmãos.
O encontro teria acontecido no início de 2023, segundo os investigadores.
Na ocasião, Zinho teria mandado matar Domício e Sérgio.
Durante as investigações, agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) estiveram na casa da família de Dom e Sérgio, mas os parentes não quiseram prestar depoimento.
Até hoje, o desaparecimento dos irmãos não foi registrado na delegacia.
Dom era contato de deputada.
Entenda 5 casos em que deputada Lucinha teria tentado ajudar milícia de Zinho, segundo PF e MP
As mensagens trocadas entre a deputada Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (PSD), e o miliciano Domício Barbosa, o Dom, apontam para uma relação "fraternal" e "que transcende a amizade", de acordo com as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio.
Em uma delas, a deputada chega a dizer "estou com saudades".
Lucinha é investigada por suspeita de envolvimento com a milícia.
Investigadores afirmam que a deputada se valia do seu "prestígio como parlamentar para favorecer os interesses da organização criminosa."
Nas mensagens, Dom chama a deputada de "madrinha" e manda imagens de um cavalo, que seria dado como presente a ela.
Imagem de cavalo foi enviada a Lucinha como um futuro presente — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal.
Em outras mensagens, ela pede a Domício Barbosa para marcar encontros com outros criminosos.
Entre eles, estava Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, apontado como chefe da maior milícia do Rio.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deferiu uma medida cautelar de afastamento de Lucinha do cargo.
O desembargador relator Benedicto Abicair fixou o prazo de 24 horas para que a decisão seja remetida ao Parlamento fluminense para que, em voto aberto e nominal, os deputados resolvam se ela vai permanecer afastada do cargo.
Lucinha é apontada como um braço político da milícia que atua na região de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense.
A Operação Batismo, da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete da deputada, na Alerj.
Na operação desta segunda-feira (18), foram apreendidos R$ 148 mil e duas armas na casa da deputada.
LEIA TAMBÉM:
Conversas desde julho de 2021.
Deputada Lucinha (PSD) — Foto: Divulgação Alerj
A relação entre Lucinha e Dom já vinha desde julho de 2021.
Domício envia mensagens dizendo que aquele era seu número novo e que estaria chegando a algum local.
Ela responde que também estava chegando.
Além de diversas conversas que mostram Lucinha dentro do plenário da Assembleia Legislativa, "Madrinha" aparece dizendo a "Dom" que estava em Santa Cruz, área de seu curral eleitoral dominada pela milícia em que Domício atuava.
As mensagens são do dia 23 de julho de 2021.
"Estou por Santa Cruz.
Quer conversar? tipo 10h", pergunta Lucinha, pouco antes das 9h.
Horas depois, já após às 12h, Domício responde: "Acordei tarde hoje, porém se no horário da tarde a senhora estiver disponível eu vou".
"Pode ser agora às 14h no mesmo local", indica Lucinha.
"Estarei lá conforme o combinado", diz Domício.
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 21 de dezembro de 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário