Ex-marido de estudante encontrada morta carbonizada na Zona Oeste do Rio é preso

Raphaela Salsa Ferreira foi abordada na porta de casa depois de chegar do curso. 

Corpo dela foi encontrado carbonizado em Santa Cruz. 

Vagner Dias nega o crime, mas a polícia diz que há fortes indícios de que ele foi o autor do feminicídio.

Por Henrique Coelho, Thaís Espírito Santo, Rafael Nascimento, g1 Rio.

31/10/2023 10h47. 

Vagner Dias, ex-marido de Raphaela, é preso — Foto: Reprodução.

Vagner Dias, ex-marido da estudante Raphaela Salsa Ferreira, de 38 anos, foi preso na manhã desta terça-feira (31) por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). 

Vagner é considerado o principal suspeito de matar carbonizada a jovem, e teve prisão temporária expedida pela Justiça do Rio de Janeiro.

Na segunda-feira (30), ele prestou depoimento à polícia, e a prisão foi pedida logo depois.

À polícia, o suspeito negou o crime, mas os agentes destacaram que há fortes indícios de que ele tenha matado a ex-mulher e ainda tentou ocultar provas do crime.

Um dos indícios foi que o celular de Vagner foi encontrado totalmente quebrado em uma lixeira da casa de Raphaela durante uma das diligências para a coleta de provas. 

Ele disse aos agentes que seu filho tinha quebrado o aparelho.

De acordo com o inquérito policial, Vagner não aceitava o fim do casamento de 14 anos. 

Testemunhas disseram à polícia que a estudante temia que o ex descobrisse que ela voltou a namorar.

O corpo da estudante foi encontrado queimado em Santa Cruz, na Zona Oeste do RJ, na noite de sexta-feira (27). 

Um caminhoneiro avisou à Polícia Rodoviária Federal (PRF) ter visto o corpo parcialmente queimado na Rio-Santos, na sexta.

A polícia acredita que o galão de gasolina - usado para carbonizar Raphela - pode ter sido comprado com a vítima ainda viva. 

Ela estaria dentro do Fiat Uno que foi emprestado a Vagner por um amigo. 

A polícia acredita que a vítima foi queimada viva.

Celular de Vagner foi encontrado quebrado — Foto: Reprodução.

Pediu para amigo não usar o carro.

O Fiat Uno onde Raphaela aparece entrando nas imagens de segurança pertence a um amigo de Vagner. 

O homem contou à polícia que o suspeito pediu o veículo emprestado para ir à Taquara na noite de quinta, e que devolveu logo no início da madrugada de sexta, sem informar onde esteve.

No entanto, na manhã da sexta-feira Vagner telefonou e pediu que o amigo não utilizasse o carro para ir ao trabalho. 

A justificativa seria que Raphaela tinha desaparecido, e aparecia em imagens de segurança no veículo na companhia de Vagner.

Como solução, o suspeito teria oferecido o pagamento de um Uber para que o amigo fosse para o trabalho. 

O homem contou aos policiais que reconheceu o seu carro nas imagens que foram veiculadas na imprensa.

Passagens pela polícia.

Vagner tem uma anotação criminal por injúria, ameaça, lesão corporal contra Raphaela, em 2014, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, segundo a polícia.

O g1 apurou que, de acordo com as investigações, Vagner pegou um carro emprestado com um amigo e, na noite da quinta (26), seguiu Raphaela da saída do curso até a casa dela, na Praça Seca. 

Uma câmera no entorno registrou quando a estudante entra, sem resistência, nesse veículo, sentando-se no banco do carona.

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Além do ex, também foram ouvidos na segunda o atual namorado de Raphaela, o amigo que emprestou o carro ao ex e o homem que teria comprado a gasolina para queimar a vítima.

Frentista comprou gasolina para suspeito.

O homem que comprou o galão de gasolina, que teria sido usado para carbonizar Raphaela, trabalha em um posto de gasolina e contou que recebeu uma ligação de Vagner pedindo que separasse o material por volta das 22h da noite do sumiço de Raphaela.

O frentista relatou ainda que Vagner solicitou que a gasolina fosse entregue na rua lateral ao estabelecimento, e que o funcionário delegou a função a outra pessoa. 

Para a polícia, Raphaela estava dentro do carro e o suspeito temia que ela fosse vista.

Investigação.

O carro que pegou Raphaela na porta de casa antes de ela desaparecer passou por perícia.

Carro que pegou Raphaela na porta de casa antes de ela desaparecer passa por perícia — Foto: Henrique Coelho/g1 Rio.

O corpo carbonizado de Raphaela — que estava a 40 quilômetros de casa — foi reconhecido no IML pela arcada dentária e por tatuagens.

No domingo (29), o Disque Denúncia divulgou um cartaz em que pedia informações sobre os assassinos de Raphaela.

A família acreditava que Vagner, pai dos filhos mais novos de Raphaela, não tinha feito nada contra ela. 

A estudante estava separada há pouco tempo dele.

"Ela estava separada do marido, mas tinha um relacionamento muito amistoso com ele. 

Era uma coisa legal, ela precisava dele, ele estava sempre disponível. 

E assim foi, era isso. 

Que a justiça seja feita, a justiça seja feita", disse uma parente.

Raphaela era filha única e deixa quatro filhos, a mais nova com 1 ano e 10 meses.

A estudante Raphaela Salsa Ferreira — Foto: Arquivo pessoal.

COMENTÁRIO:

Valter Desiderio Barreto.

Barretos, São Paulo, 31 de outubro de 2023.