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sexta-feira, agosto 18, 2023

PMs de Brasília 'estimularam' ingresso de golpistas no Congresso Nacional

PMs de Brasília 'estimularam' ingresso de golpistas no Congresso Nacional |  Distrito Federal | G1

Vídeo mostra PMs liberando passagem para vândalos em Brasília.

Tropa do liderada pelo major Flávio Silvestre de Alencar, alvo de operação da PGR e da PF, poderia ter evitado ou minimizado invasão, diz denúncia. 

Sete militares foram alvo da ação, nesta sexta-feira (18).

Por Iana Caramori, Valdo Cruz, Márcio Falcão, Artur Nicoceli e Walder Galvão, g1.

Policiais militares no Congresso Nacional, no dia 8 de janeiro — Foto: PGR/Reprodução

Policiais militares no Congresso Nacional, no dia 8 de janeiro — Foto: PGR/Reprodução.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que resultou na prisão da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal mostra que a tropa liderada pelo major Flávio Silvestre de Alencar, alvo da operação da PF nesta sexta-feira (18), estimularam o ingresso de bolsonaristas radicais no Congresso Nacional, no dia 8 de janeiro.

"Caso Flávio tivesse formado uma barreira de proteção de acesso com o destacamento do Batalhão de Choque sob seu comando, os resultados lesivos teriam sido evitados ou, pelo menos, sensivelmente minimizados", diz denúncia.

O major Flávio Silvestre Alencar está preso desde o dia 23 de maio

Mensagens de texto encontradas pela operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, mostram que o militar pediu para que policiais deixassem os manifestantes invadirem o Congresso Nacional antes do dia 8 de janeiro.

Sinalização para prosseguir com a invasão.

Vídeo mostra PMs liberando passagem para vândalos em Brasília

Vídeo mostra PMs liberando passagem para vândalos em Brasília.

O documento da PGR diz ainda que os militares chegaram a sinalizar para que os radicais prosseguissem com a invasão. 

Segundo o relatório, a equipe de Flávio Silvestre "detinha capacidade de impedir os danos ocorridos especificamente dentro do Congresso Nacional".

"Seus homens estimularam o ingresso de mais insurgentes que, momentos depois, depredariam o Congresso Nacional", aponta relatório.

Ainda segundo o relatório, o então comandante da Polícia Militar Fábio Augusto Vieira recebeu uma solicitação de reforço do policiamento pelo diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados.  

A PGR aponta que a solicitação só foi atendida uma hora e meia depois.

Já um dia antes dos ataques, o coronel Klepter Rosa Gonçalves, então subcomandante-geral, "determinou o emprego de efetivo insuficiente da PMDF", em conjunto com outros oficiais da cúpula da corporação.

Invasão ao STF.

Do lado de fora do STF, um policial que tentava conter a invasão dá um soco em um vândalo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Do lado de fora do STF, um policial que tentava conter a invasão dá um soco em um vândalo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução.

Além da atuação de Flávio, a PGR também citou ações tomadas pelo tenente Rafael Martins, outra alvo da ação desta sexta.  

Segundo a denúncia, o oficial "desestruturou a linha de contenção e retirou seus homens, que assistiram inertes ao avanço dos vândalos ao Supremo Tribunal Federal (STF)."

"Rafael Pereira Martins e o efetivo que comandava permaneceram inertes, permitindo a concretização do ataque ao órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro", aponta o relatório.

Na análise da PGR, a posição de comando "não é mero poder ou faculdade". 

Segundo o documento, o chefe militar tem responsabilidades e atribuições.

"Quem se encontra em posição de comando não está autorizado a simplesmente deixar a tropa à própria sorte" diz a denúncia

Segundo a PGR, o comandante policial militar "deve dirigir os integrantes da corporação para que se ponham a cumprir os misteres constitucionais e legais da PMDF de ‘preservação da ordem pública’ e de garantia do ‘livre exercício dos poderes constituídos"'.

'Pior formação e menos experiência'.

O documento cita ainda que a Polícia Militar determinou o emprego de "200 homens com a pior formação e a menor experiência" para atuar em campo no dia 8 de janeiro. 

Segundo a denúncia, os policiais ainda estavam no Curso para Formação de Praças.

Nesse curso, os militares recebem instruções básicas para que possam atuar como soldados, “a mais baixa patente da carreira”, diz o texto.

“Tratava-se de um efetivo de 200 homens e mulheres sem qualquer experiência policial, postos de maneira covarde pelos mais altos oficiais da PMDF para conter milhares de insurgentes dispostos a confrontos físicos”, afirma a denúncia.

Operação Incúria.

Polícia Federal em frente à casa do comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa — Foto: Michele Mendes/TV Globo

Polícia Federal em frente à casa do comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa — Foto: Michele Mendes/TV Globo.

A Operação Incúria é resultado da denúncia que o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR, coordenado pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, ofereceu nesta semana ao Supremo Tribunal Federal.

Segundo a PGR, a cúpula da PM deixou de agir para impedir o vandalismo contra as sedes dos Três Poderes em razão do alinhamento ideológico com os manifestantes golpistas.

  • Coronel Klepter Rosa Gonçalves, atual comandante-geral da PM do DF; veja foto);
  • Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PM;
  • Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PM;
  • Coronel Jorge Eduardo Naime; ex-chefe do Departamento de Operações (DOP) da PM, que estava de folga no dia dos ataques;
  • Major Flávio Silvestre de Alencar, comandava o 6º Batalhão da PMDF, responsável pela Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios;
  • Tenente Rafael Pereira Martins, atuou no dia dos atos antidemocráticos;
  • Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PM do DF, de folga no dia dos ataques. Investigação.

Ao longo de sete meses de investigação, a PGR descobriu que os PMs começaram a trocar mensagens com teor golpista e a difundir informações falsas antes do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado.

A PGR verificou ainda que a PM do DF acompanhava as movimentações no acampamento golpista montado nos arredores do Quartel General do Exército, em Brasília.

Os procuradores têm indícios de que a cúpula da PM infiltrou agentes de inteligência entre esses manifestantes para obter informações e que tinha plena consciência da magnitude e da gravidade dos atos que estavam sendo planejado para 8 de janeiro.

Os documentos e as trocas de mensagens obtidas pela PGR contrariam a versão apresentada pelos integrantes da cúpula da PM do DF, de que o sistema de inteligência do DF falhou ao não avisar a corporação sobre o risco de invasão dos prédios dos Três Poderes.

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COMENTÁRIO:

"Ao longo de sete meses de investigação, a PGR descobriu que os PMs começaram a trocar mensagens com teor golpista e a difundir informações falsas antes do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado.

A PGR verificou ainda que a PM do DF acompanhava as movimentações no acampamento golpista montado nos arredores do Quartel General do Exército, em Brasília.

Os procuradores têm indícios de que a cúpula da PM infiltrou agentes de inteligência entre esses manifestantes para obter informações e que tinha plena consciência da magnitude e da gravidade dos atos que estavam sendo planejado para 8 de janeiro.

Os documentos e as trocas de mensagens obtidas pela PGR contrariam a versão apresentada pelos integrantes da cúpula da PM do DF, de que o sistema de inteligência do DF falhou ao não avisar a corporação sobre o risco de invasão dos prédios dos Três Poderes". 

Esses terroristas e golpistas, PMs terão que ser todos expulsos da corporação, e serem conduzidos diretos pra cadeia !

Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 18 de agosto de 2023.

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