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quarta-feira, junho 07, 2023

Mulher ouvida em investigação que apura trabalho análogo à escravidão na casa de desembargador de SC tem 'linguagem própria' e depõe com intérprete

Segundo apurado pelo g1, mulher, que é surda, comunica-se com dificuldade mesmo em libras. 

Defesa do magistrado suspeito nega que houve trabalho análogo à escravidão.

Por Caroline Borges, Joana Caldas, Sofia Mayer e André Lux, g1 SC e NSC TV.

Desembargador de Santa Catarina é suspeito de manter mulher com deficiência em condições semelhantes à escravidão

Desembargador de Santa Catarina é suspeito de manter mulher com deficiência em condições semelhantes à escravidão.

A mulher que teria sido mantida em condição análoga à escravidão pelo desembargador Jorge Luiz Borba e a esposa dele teve que usar o auxílio de uma intérprete de libras para prestar depoimento ao Ministério Público do Trabalho na tarde desta terça-feira (6). 

O g1 Santa Catarina apurou que a mulher, que é surda, usa uma espécie de "linguagem própria" e tem dificuldade de se comunicar mesmo em libras.

O desembargador disse em nota que "aquilo que se cogita, infundadamente, como sendo 'suspeita de trabalho análogo à escravidão', na verdade, expressa um ato de amor. 

Haja vista que a pessoa, tida como vítima, foi na verdade acolhida pela minha família". 

O caso está em sigilo (confira nota na íntegra abaixo).

Desembargador Jorge Luiz de Borba — Foto: TJSC/ Divulgação

Desembargador Jorge Luiz de Borba — Foto: TJSC/ Divulgação.

A investigação do caso é feita pelo Ministério Público Federal (MPF). 

O casal estaria mantendo, há pelo menos 20 anos, uma pessoa que realiza tarefas domésticas diversas, mas não possui registro em carteira de trabalho e não recebe salário ou quaisquer vantagens trabalhistas.

O depoimento da mulher durou duas horas. 

Ela foi ouvida em Florianópolis, acompanhada de uma defensora pública.

O desembargador e a defesa dele também prestam depoimento. 

Além deles, também foram ouvidas testemunhas, incluindo outras pessoas que trabalham na casa de Borba.

Os depoimentos foram dados a representantes do MPT, MPF, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Federal.

A ação é acompanhada Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que existe há 28 anos. 

O órgão faz ações e alimenta com dados do país inteiro o Radar do Trabalho Escravo da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).

Operação.

O MPF informou que a ação na casa do desembargador Jorge Luiz Borba, nesta terça-feira (6), foi motivada por uma investigação que apura "indícios da prática criminosa" após relatos de "trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes".

Em nota , o órgão disse que a medida tem como objetivo apurar denúncias de que Borba, nomeado para o desembargo em 2008, e a esposa mantêm a mulher em condição análoga à escravidão.

"A trabalhadora seria vítima de maus-tratos em decorrência das condições materiais em que vive e em virtude da negativa dos investigados em prestar-lhe assistência à saúde", informou o MPF. 

Conforme o órgão, a mulher tem deficiência auditiva, nunca teve instrução formal e não possui o convívio social resguardado.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) também foi procurado pelo g1 e ainda não pronunciou.

Segundo o MPF, os mandados de busca e apreensão são cumpridos pela Polícia Federal em Florianópolis. 

Como a investigação está em sigilo, não foi informado o resultado da operação desta terça.

A informação sobre a operação e a identidade do desembargador foi divulgada inicialmente pela jornalista Camila Bomfim, da Globonews.

As diligências na casa do desembargador foram acompanhadas por agentes do Ministério do Trabalho e dos ministérios Público Federal e do Trabalho. 

Na decisão que determinou a medida cautelar, já foi autorizado o resgate da trabalhadora e a emissão das guias para a quitação das verbas trabalhistas devidas.

Como a investigação é sigilosa, o MPF não divulgou se os envolvidos foram ouvidos na apuração.

Quem é o desembargador?

O desembargador Jorge Luiz de Borba preside a Primeira Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Ele nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí, e presidiu a subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no município em 1991. 

Recebeu o título de cidadão emérito da cidade em 2017.

Ele é formado em direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb) e é pós-graduado em direito do trabalho pela mesma universidade.

O que diz o desembargador.

Confira abaixo a nota na íntegra do desembargador investigado.

Nota de Esclarecimento.

Venho manifestar surpresa e inconformismo com o ocorrido, antecipando, desde logo, que aquilo que se cogita, infundadamente, como sendo “suspeita de trabalho análogo à escravidão”, na verdade, expressa um ato de amor. 

Haja vista que a pessoa, tida como vítima, foi na verdade acolhida pela minha família.

Trata-se de alguém que passou a conviver conosco, como membro da família, residindo em nossa casa há mais de 30 anos, que se juntou a nós já acometida de surdez bilateral e muda, tendo recebido sempre tratamento igual ao dado aos nossos filhos.

Embora irresignado, confio serenamente na justa elucidação dos fatos, certo de que, quem faz o bem não pode ser penalizado. 

Colocamo-nos à disposição de todos, posto que dispomos de elementos suficientes para comprovar a dignidade dos nossos propósitos, que foram, são e serão exclusivamente humanitários, de amor ao próximo.

Desembargador Jorge Luiz de Borba.

COMENTÁRIO:

"O MPF informou que a ação na casa do desembargador Jorge Luiz Borba, nesta terça-feira (6), foi motivada por uma investigação que apura "indícios da prática criminosa" após relatos de "trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes". 

Esse pessoal que ocupa cargos, de alto escalão em órgãos públicos, se acham intocáveis, pelo status dos seus cargos !

Valter Desiderio Barreto.

Barretos, São Paulo, 07 de junho de 2023. 

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