Jornalista revela que foi ameaçado por Thiago Brennand após expor denúncias. |
'Ele parava as aulas, ficava fazendo comentários debochados, principalmente contra uma professora', disse uma pessoa que conviveu na época.
Brennand também chegou a segurar o cabelo de uma estudante que o teria 'incomodado'.
Empresário e herdeiro teve a prisão nos Emiradores Árabes confirmada na segunda-feira (17).
Por Carlos Henrique Dias, g1 SP.
Prédio da FAAP — Foto: Facebook/FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado.
Há 10 anos, Thiago Brennand, o herdeiro e empresário acusado de estupro, agressão, cárcere privado e ameaça — que foi preso nos Emirados Árabes e será extraditado ao Brasil nos próximos dias — teve uma passagem turbulenta de cerca de um mês pelo curso de direito, que deveria durar 5 anos, da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), na Zona Oeste de São Paulo.
Segundo apurado pelo g1, Brennand ingressou no curso em fevereiro de 2013, e ao fim de março já era alvo de um processo administrativo disciplinar.
Afronta contra professora, críticas em redes sociais e xingamentos contra alunos estão no registro.
O então universitário não chegou a ser expulso, mas passou a faltar das aulas e não retornou quando começaram a apurar as situações que envolviam Thiago Antonio Fernandes Vieira, o nome que usava antes de mudar para o nome utilizado atualmente.
"Ele parava as aulas, ficava fazendo comentários debochados, principalmente contra uma professora.
Escrevia mensagens em redes sociais contra as aulas.
Textos publicados em grupos preocupavam outros alunos, que passaram a ficar realmente com medo", comentou uma fonte ouvida pela reportagem.
Um ex-aluno da mesma sala comentou ao g1 sobre o comportamento em relações aos outros universitários e professores.
Thiago Brennand — Foto: Reprodução.
"Posso dizer que o temperamento do Thiago sempre foi bem arrogante e prepotente, inclusive desafiando professores durante as aulas e diretores.
Ele se achava bastante superior na sala de aula.
Queria debater com os professores, como se tentasse diminuir a qualidade deles."
Matriculado ainda no primeiro semestre, a faculdade nomeou, no dia 25 de março, uma comissão para avaliar as situações que envolviam Thiago na instituição.
Os membros da comissão da Faap começariam a ouvir todos os envolvidos em 1º de abril de 2013, mas ele se mudou para a Suíça naquele ano.
A viagem à Europa foi citada por ele na defesa em um dos diversos processos que correm pela Justiça de São Paulo e que têm ele como parte.
Na ação, ele alegou foi para o país, naquele ano, por “motivos pessoais, relacionados à sua segurança pessoal”.
Ao fim de 2015, Thiago voltou para São Paulo.
Anteriormente, em nota ao g1, a faculdade afirmou que, em atenção à Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), “não divulga informações de seus alunos e ex-alunos”.
'Pirralhinha malcriada'
Em março de 2013, na sala de aula, Thiago, então com 32 anos, pediu para se sentar perto da parede para ficar ao lado da tomada com um notebook e atrás de outra aluna.
Em seguida, o cabelo da jovem teria tocado na tela do aparelho.
Conforme o registro, de forma agressiva, ele teria segurado o cabelo dela e jogado para a frente.
“O que você acha de cortar seu cabelo!
Se não, deixa ele aí para a frente, porque não quero que ele me incomode!
Você é uma pirralhinha malcriada”, cita a instauração do procedimento.
Ele teria levado o caso com "agressões verbais" para as redes sociais e "em tom ameaçador", segundo o texto no relatório, escreveu: "aguarde o decorrer do ano.
Um dia você vai me ver aborrecido...aí depois você faz sua análise.
Eu levo tudo numa boa.
E se ela ou você ou qualquer outro (a) se comportasse pior, a resposta iria ser cada vez pior".
Em 7 de março daquele ano, também em sala de aula, a mesma aluna do caso envolvendo o cabelo, se sentou longe dele, mas, no intervalo da aula, ele aproveitou que ela não estava em sala, e pegou o material da universitária, colocou em outra carteira, e sentou no lugar que ela escolheu inicialmente.
Quando a aluna voltou, houve uma breve discussão.
Durante a nova confusão, ele teria mostrado fotos de armas para a classe, sendo uma delas com uma criança, o filho, perto do armamento.
Em 13 de março, durante a aula, depois de interromper a professora, ele teria afirmado a um aluno que determinada situação se tratava de "crime de contravenção", quando houve a intervenção da professora para explicar que a afirmação seria um erro.
A aula teve que ser interrompida depois de não parar de contestar a profissional.
Thiago escreveu um texto de 14 folhas em resposta ao que foi apontado pela comissão.
Afirmou que estava de licença médica em Recife e criticou os pontos elencados no texto.
"O texto elaborado para instauração de procedimento disciplinar é de aparvalhar o mais primário operador do Direito, sobretudo de fazer tremelear os mais fleumáticos seres humanos, tamanha a robustez das injustiças nele contidas", disse.
O ex-aluno se defendeu sobre os casos apontados, afirmou que teve falas tiradas de contexto, que a professora teria apresentado slides com erros e que não teria sido agressivo.
"O relatório, ou melhor, o rabisco, mostra que o escrevinhador sequer se preocupou em grafar narrativa sóbria, isenta, e técnica, mesmo tendo o primeiro parágrafo do r. relatório enunciado que os fatos expostos são meras reproduções de fatos trazidos ao conhecimento da diretoria.
Na verdade, o texto é permeado por juízos de valor, pueris inclusive, irrogados à minha pessoa."
A defesa dele não foi localizada pela reportagem nesta quarta-feira (19).
Prisão nos Emiradores Árabes
Nesta semana, Thiago Brennando foi preso nos Emirados Árabes.
Ele teria resistido e dito que era inocente e estava sendo injustiçado.
A inteligência da polícia dos Emirados Árabes agiu rápido porque desconfiou que o empresário fosse tentar fugir para a Rússia, onde o empresário tem amigos e já morou antes da pandemia.
Um delegado, dois agentes da Polícia Federal e um escrivão da Interpol treinado em jiu-jítsu fazem parte da equipe que vai transportá-lo ao Brasil, por conta do histórico de violência.
Brennand detido.
- Detido em um hotel em Abu Dhabi, Brennand também disse que estava sendo injustiçado.
- A PF deve enviar nesta terça (18) quatro policiais àquele país para trazê-lo ao Brasil (veja vídeo abaixo).
- No sábado (15), autoridades dos Emirados Árabes Unidos aprovaram o pedido de extradição de Brennand.
- Há cinco mandados de prisão preventiva em território brasileiro contra o empresário, por acusações de agredir uma modelo, sequestrar, tatuar, estuprar uma segunda mulher e estuprar uma jovem e uma miss.
Próximos passos.
Entenda quais são os próximos passos para a extradição, segundo fontes da Polícia Federal e um delegado-chefe da Interpol que acompanha o processo:
- Brennand já está preso nos Emirados Árabes? Sim. Mas, até domingo (16), ele cumpria medidas cautelares em liberdade.
- Qual a autoridade que fará o processo de extradição? A Polícia Federal, por meio da Diretoria Internacional, deve buscar Brennand no exterior. Uma equipe de agentes será enviada aos Emirados Árabes Unidos. Normalmente, dois policiais fazem o trâmite, mas uma análise de risco foi feita e, no caso do empresário, devido ao histórico de violência, serão quatro.
- O que precisa acontecer para ele ser extraditado? Para a extradição acontecer, Brennand precisava ser detido pela autoridade local e ficar preso nos Emirados Árabes. Depois, a Polícia Federal efetiva a extradição. A Interpol atua apenas na publicação da Difusão Vermelha, o que já ocorreu.
- Quando Brennand será extraditado? Com a prisão efetivada, o processo não costuma demorar. Segundo a Polícia Federal, acontece em poucos dias.
- Quem está negociando o processo de extradição? A extradição do Thiago Brennand está sendo tratada diretamente pela Polícia Federal com o Ministério do Interior dos Emirados Árabes Unidos. Trata-se de uma atividade bilateral entre o Brasil e o país asiático.
Vítimas com sensação de justiça.
Marcio Cezar Janjacomo, advogado que representa 12 vítimas de Brennand, disse que as clientes estão com a sensação de justiça.
"Nenhuma delas estava acreditando mais na Justiça.
Estavam desiludidas, porque 'poxa vida, não prendem, não acontece', enfim.
Estão todas muito felizes com o resultado", disse.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, que atuou no caso, disse que, depois que Brennand chegar ao Brasil, será levado a um Centro de Detenção Provisória e que a Polícia Civil assumirá as investigações.
O g1 tentou contato com a defesa de Thiago Brennand, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Lula comentou extradição.
Na última quarta-feira (12), o g1 publicou que a extradição de Brennand seria um dos assuntos abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua passagem pelos Emirados Árabes.
Fontes do Itamaraty confirmaram à TV Globo que Lula iria perguntar ao presidente Mohammed bin Zayed Al Nahyan sobre a situação do empresário.
Após passar pela China, Lula chegou ao país árabe no sábado (15).
Depois de se encontrar com o presidente local, foi questionado sobre as tratativas da extradição de Thiago Brennand e negou ter discutido o assunto, mas neste domingo (16), o presidente confirmou que as autoridades aprovaram o pedido.
COMENTÁRIO:
"Posso dizer que o temperamento do Thiago sempre foi bem arrogante e prepotente, inclusive desafiando professores durante as aulas e diretores.
Ele se achava bastante superior na sala de aula.
Queria debater com os professores, como se tentasse diminuir a qualidade deles."
Essa pessoa além de ser histriônica, é uma pessoa abjeta, com tendência ao comportamento psicopata.
A psicopatia está entre uma das mais graves da personalidade humana, certamente.
Há indivíduos que se mostram incapazes de se adequar às normas sociais.
Não somente são incapazes de amar, mas sistematicamente cometem atos de desrespeito ao outro, ao social.
Em seu histórico há repetidos e variados comportamentos de tipo delinquente: engano, manipulação, fraude, roubo, assassinato.
Há níveis diferentes de psicopatia, cuja distinção está na maior ou menor intensidade de manifestação das mesmas características.
O perfil do psicopata é marcado por outra peculiaridade: a ausência de
sentimento de culpa, de remorso, de empatia.
Isto significa que o psicopata é indiferente diante do sofrimento que provoca.
Sua mente doentia é incapaz de se comover diante da dor do outro, qualquer que seja o outro.
Não lhe importam as lágrimas, o pedido de clemência, a visualização do sofrimento e da morte.
E não faz diferença se quem sofre é alguém indefeso, como uma criança, ou frágil, como um ancião.
Trata-se de uma organização mental estruturalmente doentia, e as possibilidades de se pensar em recuperação, na “cura” de tais indivíduos, é mínima, infelizmente.
O Thiago Brennand, em poucas palavras, nos passa esse perfil, de um ser doente, que precisa passar por um sério tratamento !
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 21 de abril de 2023.
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