Veja a análise de colunistas do g1 e da Globo News sobre o Bicentenário da Independência do Brasil.
Por g1.
Nesta quarta-feira (7), as comemorações do Bicentenário da Independência acontecem em diversas cidades do país, após dois anos de suspensão pela pandemia de Covid-19.
Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou do desfile em comemoração da data.
Chefes de Estado de três países de língua portuguesa, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros do governo federal e outras autoridades também compareceram.
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No evento, manifestantes a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) levaram faixas para as comemorações na Esplanada dos Ministérios.
Alguns participantes levavam material com dizeres antidemocráticos e contra ministros do STF.
Veja, abaixo, comentários de colunistas do g1 e da Globo News sobre o 7 de setembro.
Gerson Camarotti.
Gerson Camarotti destaca que uma "apropriação eleitoral" do Bicentenário da Independência está tendo reflexo em todas as campanhas dos Presidenciáveis.
Para o jornalista, o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro está usando a data de hoje como "uma espécie de ponto de inflexão de sua campanha".
"Ele está num momento difícil do ponto de vista das pesquisas, mostrando uma estagnação, mesmo depois de vários movimentos, como no primeiro ciclo de pagamentos do Auxílio Brasil, no primeiro ciclo da Propaganda Eleitoral Gratuita, da entrevista no JN, dos debates.
Essa estagnação preocupa".
"Então, a utilização política de um evento que deveria ser uma parada militar em Brasília e do evento marcado em Copacabana, no Rio de Janeiro, é uma inflexão da campanha de Bolsonaro, para justamente tentar uma virada", analisa o colunista.
Gerson Camarotti sobre campanha política no Bicentenário da Independência: ‘Apropriação eleitoral’.
Para Camarotti, isso tem causado uma reação dos demais candidatos à presidência da República.
"O contraponto é grande.
De forma preventiva, já no dia de ontem, observamos falas na propaganda eleitoral e durante entrevistas como a do ex-presidente Lula, que deixou muito claro que a bandeira do Brasil é um símbolo do país, não um símbolo político de uma agremiação política".
Valdo Cruz.
"Desde julho, [Jair Bolsonaro] vem tentando transformar esse momento marcante que o Bicentenário da Independência em uma confirmação do seu estilo de governar", explica Valdo Cruz.
Segundo o colunista, Bolsonaro está tentando capitalizar esse momento histórico de forma eleitoral.
"Não é novidade.
Outros governos já fizeram isso. principalmente durante o período militar.
[Bolsonaro] acaba copiando isso, com a diferença que antes não tinha eleição.
Agora tem.
No ano passado nós já vimos o presidente usando essa data para fazer uma forma de ato político, divulgar suas ideias e pensamentos e atacar aqueles que ele considera adversários".
Vado Cruz destaca ausências dos presidentes do Congresso, da Câmara e do STF no desfile de 7 de Setembro em Brasília.
"No ano passado, ele mesmo depois admitiu que exagerou no tom, tanto que foi obrigado a assinar uma nota redigida pelo ex-presidente Michel Temer, recuando e pedindo desculpas pelas críticas que ele achou exageradas, severas e ácidas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Hoje, ele volta a transformar isso num ato político.
Mas 7 de setembro não é uma data do bolsonarismo, nem do petismo", acrescentou Valdo.
O colunista ainda traz bastidores de como políticos que estão no entorno do presidente receberam o discurso feito em Brasília.
"O temor dos aliados era que o presidente reproduzisse a fala do Sete de Setembro do ano passado, quando ele mesmo depois recuou e foi obrigado a assinar uma nota pedindo desculpas pelos ataques ao ministro Alexandre de Moraes."
"Apesar de não conter críticas ao sistema eleitoral brasileiro, o que foi recebido com alívio pelos aliados, a fala de Bolsonaro manteve o tom preconceituoso e conservador, tentando passar a imagem de que a eleição é uma guerra do bem contra o mal.
E que a liberdade dos brasileiros está em jogo, o que não é verdade."
Ana Flor.
"A gente sabe que a população pode pedir o que está dentro da Constituição.
Quer pedir impeachment de ministro do STF, então converse com o Senado, porque é lá que cabe isso.
Mas a faixa ['Bolsonaro, use as forças armadas e demita os ministros do Supremo'] é um pedido de golpe", analisou a colunista.
"Não está dentro do poder do presidente da República fazer isso, então há sim, entre os apoiadores de Bolsonaro quem cruza essa linha e se vira para um campo muito além da democracia", complementa Ana Flor.
Para a colunista, esse tipo de "flerte" que os apoiadores do presidente estão demonstrando não é benquisto pela maioria da população, que quer a democracia.
Ana flor sobre discurso de Bolsonaro: 'Segue o script que sua campanha pediu'.
Fernando Gabeira.
Os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL); e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, foram convidados para a cerimônia em Brasília, mas não compareceram.
Gabeira destaca que essa "saída de cena" deu a entender que as autoridades compreenderam que havia um uso político da celebração da Independência.
‘Comparação entre primeiras-damas é absolutamente de mau gosto’, diz Gabeira.
"Na primeira fala do presidente de manhã, a gente percebe que ele mistura muito a Independência com sua campanha política.
Ela fala em garantir a liberdade, menciona alguns dos seus feitos [...], mas de qualquer maneira o que nós vemos é uma certa normalidade.
Vemos faixas pedindo o fechamento do Supremo, intervenção militar, mas sabemos que a maioria da população não concorda com isso".
Logo após o desfile militar na Esplanada, Bolsonaro fez um discurso em um carro de som.
Sobre a fala do presidente, Gabeira disse que ela atendeu, de certa maneira, aos pedidos da campanha do candidato à reeleição, tendo em vista que não houve ataques ao STF ou menções a um golpe.
"Mas tivemos momentos muito infelizes.
Quando ele disse a DataFolha é mentirosa, temos que ouvir a 'datapovo', em referência à multidão diante dele, o presidente se equivoca.
Esse é um equívoco muito comum historicamente, achar que só porque você tem uma multidão você tem a maioria.
Recentemente, no Chile, isso ficou muito evidente.
Tínhamos uma multidão no país defendendo uma nova Constituição que foi derrotada de uma maneira muito ampla".
COMENTÁRIO:
"Gerson Camarotti destaca que uma "apropriação eleitoral" do Bicentenário da Independência está tendo reflexo em todas as campanhas dos Presidenciáveis.
Para o jornalista, o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro está usando a data de hoje como "uma espécie de ponto de inflexão de sua campanha".
"Ele está num momento difícil do ponto de vista das pesquisas, mostrando uma estagnação, mesmo depois de vários movimentos, como no primeiro ciclo de pagamentos do Auxílio Brasil, no primeiro ciclo da Propaganda Eleitoral Gratuita, da entrevista no JN, dos debates.
Essa estagnação preocupa".
O presidente Jair Bolsonaro, detesta os jornalista do Brasil, porque além dos mesmos serem competentes nas matérias que produzem, são excelentes entrevistadores !
Basta observarmos as inteligentes análises do Camarotti, Valdo Cruz, Ana Flor, e Gabeira, deste 07 de setembro de 2022.
Valter Desiderio Barreto.
Barretos, São Paulo, 07 de setembro de 2022.
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