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terça-feira, agosto 09, 2022

Paulo cobrava dízimos da "igreja" em 1ª Coríntios 9:13 e 14 ?

Por Valter Desiderio Barreto.

“Não sabeis vós que os que ministram as coisas santas vivem das coisas do templo? 

E que os que esperam no altar são participantes do altar? 

Assim também ordenou o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. 1ª Coríntios 9:13,14.

Será que Paulo cobra dízimo dos crentes da “igreja“ nestes versículos?

Uma deturpação doutrinária ou uma realidade necessária: Paulo realmente cobra dízimo em 1ª Coríntios 9:13-14?

Certos líderes dizem que com tais afirmações de 1ª Coríntios 9:13-14 o apóstolo Paulo cobra dízimo à “igreja”, ou seja, aos crentes e discípulos. 

No entanto, é intrigante como a palavra “dízimo” nem sequer aparece em todas as cartas dele que conhecemos com exceção da carta aos hebreus.

Por isso, definitivamente podemos dizer: Nem Jesus, nem Paulo e tão pouco qualquer dos outros apóstolos cobraram dízimo em dinheiro dos crentes de seu tempo!

Sendo uma comunidade de quase totalidade judaica nos primeiros anos de anúncio das boas novas do Senhor, os enviados dele sabiam muito bem que os dízimos ordenados na Lei de Moisés, isto é, na Toráh, eram estritamente ligados à vivência nas terras de Israel.

O que eram e para que serviam os dízimos?

A começar que eram alimentos, e não dinheiro. Levítico 27:30-33. 

Eram para sustento da tribo de Levi, que não recebeu heranças territoriais em Israel como as demais tribos e praticavam o ofício do sacerdócio nas dezenas de atividades do templo. Número. 18:21-24; Neemias. 13:5. 

Regularmente estes dízimos também eram comidos em festividades anuais em Israel Deuteronômio 14:22-26, e ainda eram usados para alimentar órfãos, viúvas e estrangeiros pobres. Deuteronômio. 14:27-29; 26:12.

Se os apóstolos cobrassem tais dízimos para sustentar ou assalariar líderes das congregações, eles certamente estariam roubando algo que não lhes pertencia, pois quase todos os líderes eram judeus, mas não levitas. 

O próprio apóstolo Paulo não era levita, então não tinha direito a receber os dízimos em Israel, Romanos 11:1 e Filipenses 3:5. 

Portanto, só com este breve histórico logo concluímos que o dízimo que está sendo pregado por aí nas igrejas não é o dízimo bíblico, e claramente é uma versão deturpada deste.

A Bíblia menciona pelo menos um dos líderes da comunidade primitiva como sendo levita, que era Barnabé. 

No entanto, nenhum relato há dos irmãos dando dízimos a ele, mas antes o texto relata que ele ajudava nas necessidades da comunidade também. Atos 4:36-37; 11:29,30.

O que Paulo realmente quis dizer em 1ª Coríntios 9:13,14 ?

O apóstolo apenas fez uso de princípios morais e espirituais ensinados na Toráh e pelo Senhor para mostrar que os irmãos que pregam as boas novas poderiam receber suporte dos crentes pelo seu intenso e dedicado trabalho na obra de Deus.

No versículo 13 ele lembra àquela comunidade, que já tinha conhecimento do ofício dos sacerdotes levitas, que o sustento deles era proveniente do próprio ofício. 

A Toráh garantia a alimentação dos levitas com os dízimos das colheitas e dos rebanhos, bem como das ofertas de animais queimadas no altar Número 18:21-24; Deuteronômio18:1; 2 Crônicas 31:4-6; Neemias 10:35-39.

No versículo 14 Paulo cita: “Assim também ordenou o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho.”, extraído de Lucas 10:7

Nesse trecho, no entanto, o Mestre nada menciona sobre o dízimo em dinheiro que temos hoje, nem tão pouco o dízimo da Toráh, o verdadeiro dízimo bíblico, que agora você já conhece. 

Antes, o Senhor simplesmente fala do sustento do obreiro enviado à apregoar as boas novas do reino de Deus.

O texto basicamente afirma que os crentes que recebessem tais enviados em sua casa deveriam ajudá-los com seu sustento.

Esses obreiros são mais comparados hoje com os missionários que já conhecemos. 

Então devemos dar suporte a eles para realizarem a obra do Senhor.

Note mais uma vez que são duas citações em paralelo para esclarecer um ensinamento só: “Não sabeis vós que os que ministram as coisas santas vivem das coisas do templo? 

E que os que esperam no altar são participantes do altar?” Levítico 6:14-16; 7:1-6,31-32; Deteronômio 18:1
Assim também ordenou o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho.”  Lucas 10:7

Os crentes podem, e até devem, dar suporte aos obreiros que trabalham inteiramente na obra do Senhor, assim como alguns apóstolos trabalhavam  1ª Coríntios 9:4-6 – com exceção de Paulo e Barnabé, vs. 11-15.

O próprio Senhor recebia ofertas voluntárias de pessoas que despertavam amor pelo reino de Deus e queriam ajudar a expandi-lo (vide Lucas 8:1-3. 

No entanto, nada é mencionado acerca de dar dízimos para isso, pois como vimos, estes faziam parte de um sistema civil judaico. 

Ninguém tentava convencer os discípulos a contribuírem para ajudar, pois a própria mensagem e amor do Mestre se encarregavam disso.

E caso você esteja curioso achando que “Jesus aprova o dízimo em Mateus 23:23“, como talvez já tenha ouvido, note que os dízimos relatados ali são hortaliças, e não dinheiro. 

Pois estes dízimos se referem ao da Toráh, e não ao das igrejas contemporâneas Levítico 27:30.

Portanto, Paulo não cobra dízimo de nenhum crente, no entanto ensina que todos deveriam ajudar os obreiros que são enviados para anunciar as boas novas do Senhor.

É compreensível que, por questões socioeconômicas, um obreiro receba dinheiro em vez de alimentos. 

Se assim uma congregação opta voluntariamente por assalariar um homem para que este dedique mais do seu tempo na obra de Deus, que seja 1ª Timóteo 5:17,18; 1ª Pedro 5:2-3. 

Para tanto, porém, não é necessário manipular os relatos bíblicos com interpretações adulterinas afim de atender a conveniências.

O dízimo que entrega-se hoje nas igrejas cristãs é uma adaptação espúria do dízimo da Toráh e uma versão distorcida do dízimo de Abraão e de Jacó. 

No século 6 é que o clero da Igreja Romana começou a criar deturpações do dízimo em seus concílios. 

As igrejas protestantes, nascidas no século 16, e as evangélicas, tendo nascido daquela, herdaram suas tradições.

Veja, por exemplo, quando Moisés fez uma chamada ao povo hebreu, recém liberto do Egito, para construir um tabernáculo para Deus. 

Ele convida só os dispostos e voluntários de coração a contribuir Êxodo 35:4-5,22,29.

O povo contribuiu de tamanha forma, tão abundantemente e em si mesmos de boa vontade, que deram muito mais do necessário.

Diante disso, Moisés precisou dar ordem para o povo parar de trazer as doações, pois já tinham muito além do que precisavam Êxodo 36:5-7.

Não foi essa a mesma disposição que os discípulos da Macedônia certa vez tiveram também? 2ª Coríntios 8:1-5.

Da mesma forma, o rei Davi colocou em seu coração doar espontaneamente de suas próprias riquezas e bens para construir um templo para Deus. 

Depois disso, fez a chamada para o povo contribuir voluntariamente também.

Repare que, mesmo sendo o rei, ele não deu ordens, não tentou fazer a cabeça de ninguém, não chantageou ninguém com mensagens teológicas, nem tão pouco disse para o povo dar dízimos afim de arrecadar valores para a construção do templo, pois Deus jamais doutrinou seu povo a dar dízimo em dinheiro nas Escrituras!  Levítico. 27:30-33; Deuteronômio 14:22-26; 26:12.

O rei Davi simplesmente iniciou a contribuição por si mesmo, porque amava a obra de Deus, e então deixou o povo a vontade para que agisse de igual modo 1ª Crônicas. 29:1-17.

Se você ler o texto de 1ª Crônicas 29, vai notar no versículo 9 que todo o povo se alegrou pelo fato de ter contribuído voluntariamente.

Da mesma forma, para com os discípulos, Paulo não cobra dízimo.

Ele nem sequer dá ordem para que deem suas contribuições, mas antes dá a oportunidade ao povo de despertar amor em seus corações para com as necessidades dos outros, e assim ajudar.

Visto que vocês se destacam em tantos aspectos — na fé, nos discursos eloquentes, no conhecimento, no entusiasmo e no amor que receberam de nós, queríamos que também se destacassem no generoso ato de contribuir.
Não estou ordenando que o façam, mas sim testando a sinceridade de seu amor ao compará-lo com a dedicação de outros.
2ª Coríntios 8:7,8 

Com tudo isso notamos que, embora Paulo não cobra o dízimo, os discípulos doutrinados pelos apóstolos contribuíram muito, de forma voluntária e espontânea, para ver o reino de Deus crescer.

Ninguém precisava cobrá-los, nenhuma mensagem chantagista com o texto de Malaquias 3:10 ou qualquer outro era apregoada. 

Ninguém precisava mentir dizendo que o dízimo de Abraão era um princípio eterno para a “igreja” dar dízimos também. 

E mesmo assim os discípulos deram abundantemente do que possuíam para que ninguém dentre eles padecessem necessidades e para que o reino de Deus crescesse muito  Atos 2:42-46; 4:32-35; 11:28,29; 18:4,5; 2 Cor. 8:1-8; Filipenses 4:15-18; 1 Tessalonicenses. 2:9.

Diante disso fica a pergunta: Será que as pessoas hoje em dia se sentem alegres assim quando os líderes, em proporção maior ou menor, fazem a cabeça delas dizendo que se não derem o dízimo roubarão a Deus, serão atacados por supostos demônios devoradores, sofrerão maldições, as janelas do céu não se abrirão, não são gratos a Deus ao reter seu dízimo, etc.?

Estudem as Escrituras Sagradas, para não se tornarem reféns dos falsos líderes religiosos !
 
Valter Desiderio Barreto.
 
Barretos, São Paulo, 09 de agosto de 2022.

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